A festa que nem todos celebram: a saúde mental no fim de ano
Fatores como solidão, reflexão sobre conquistas e fracassos e pressões sociais e financeiras contribuem para o aumento da ideação suicida no fim do ano.
A ideação suicida, que abrange não apenas pensamentos, mas também planos sobre o ato de cometer suicídio, é um fenômeno intricado e multifacetado. Essa ideação é moldada por uma rica tapeçaria de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
À medida que o ano chega ao fim, essa reflexão pode se intensificar, trazendo à tona emoções profundas e contextos desafiadores.
Mas afinal, o que causa o aumento da ideação suicida nas festas de fim de ano?
Solidão em tempos de celebração
O clima festivo do Natal e do Ano Novo evoca imagens de alegria compartilhada entre amigos e familiares. No entanto, para aqueles que se sentem isolados ou sem uma rede de apoio, essa época pode exacerbar sentimentos de solidão e desespero. A comparação com os outros torna-se dolorosa, intensificando a sensação de estar à margem da sociedade.
Reflexão sobre conquistas e fracassos
O final do ano é um convite à introspecção; um momento em que muitos olham para trás e ponderam sobre suas conquistas e desafios. Metas não alcançadas e expectativas frustradas podem gerar um turbilhão emocional, aumentando o estresse e a ansiedade. Essa autocrítica pode se transformar em pensamentos sombrios se não for bem gerida.
Pressões sociais e financeiras
As festas trazem consigo uma avalanche de expectativas sociais e financeiras. A pressão para presentear, participar de eventos sociais e manter uma fachada de felicidade pode ser esmagadora. Para aqueles que já enfrentam batalhas internas, essa carga adicional pode parecer insuportável.
Prevalência do suicídio no fim do ano
Alguns estudos mostram que as taxas tendem a ser mais baixas durante o Natal, com um aumento observado no período do Ano Novo. Esse padrão varia entre diferentes culturas e regiões, desafiando a crença de que o Natal é sempre o período mais crítico.
"A prevenção do suicídio começa com a identificação precoce dos sinais de alerta e a oferta de suporte adequado. Conversar abertamente sobre esses sentimentos é essencial; quebrar tabus e promover campanhas como o Setembro Amarelo são passos cruciais na batalha contra essa questão. Amigos e familiares desempenham um papel vital ao estarem atentos aos sinais de sofrimento emocional e oferecendo um ombro amigo", explica Gesika Amorim, mestre em Educação Médica, pediatra pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, com especialização em Saúde Mental e Neurodesenvolvimento.
Se você ou alguém próximo está passando por momentos difíceis, lembre-se: há ajuda disponível. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e confidencial pelo telefone 188.
"Buscar ajuda não é apenas um ato de coragem; é um passo fundamental rumo à recuperação. Você não está sozinho nessa jornada", finaliza Gesika Amorim.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.