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Agorafobia: o intenso medo de lugares ou situações; entenda

Considerado um transtorno de ansiedade, afeta o bem-estar de milhares pelo mundo e tem impacto direto na rotina; psicóloga explica

18 out 2023 - 05h00
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Aos poucos, saúde mental tem alcançado parcelas cada vez mais significativas de pessoas preocupadas com o próprio bem-estar e qualidade de vida, deixando de lado a antiga ideia de uma rotina de cuidados exclusiva aos grupos adeptos ao mundo fitness e saudável.

Segundo ferramentas de monitoramento de palavras e de marketing digital, aliás, o termo “saúde mental” costuma alcançar mais de 90 mil pesquisas no intervalo de um mês, afinal, ansiedade, estresse e pressão são comuns ao cotidiano e precisam de atenção. 

Assim como eventos mais generalistas necessitam de cuidados, condições específicas e transtornos, por diversas vezes sequer conhecidos, demandam acompanhamento especializado e afetam diretamente a saúde.

Estima-se que, em 2019, mais de 100 mil brasileiros conviviam com agorafobia
Estima-se que, em 2019, mais de 100 mil brasileiros conviviam com agorafobia
Foto: Sunshine Design / Adobe Stock

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“Agorafobia é um transtorno de ansiedade que se caracteriza pelo medo intenso e persistente de estar em locais ou situações de difícil escapatória ou nas quais a ajuda seja complexa devido ao pânico. Isso leva à evitação de tais lugares e pode restringir as atividades diárias”, comenta a psicóloga Cynara Barreto (CRP 06/81741) 

Sintomas e causas da agorafobia 

Segundo Cynara, a agorafobia pode causar impacto significativo na vida diária das pessoas, incluindo dificuldades para trabalhar, estudar, fazer compras e participar de eventos sociais. A psicóloga ressalta ainda os sintomas: 

  • Medo de situações específicas  
  • Evitação ativa 
  • Ataques de pânico  
  • Medo de ficar sozinho  
  • Ansiedade antecipatória 
  • Sintomas físicos 
  • Preocupação constante 

“A agorafobia pode ter gatilhos variados, incluindo situações específicas, ataques de pânico anteriores, trauma passado, histórico familiar e estresse significativo. Ela frequentemente coexiste com outros transtornos de ansiedade. Seus impactos incluem isolamento social e restrições de mobilidade devido ao medo de ataques de pânico em público”, diz a psicóloga. 

O impacto social e emocional da agorafobia 

O transtorno pode impactar indivíduos significativamente de várias formas, seja no âmbito social ou emocional, e a especialista lista os principais tópicos em cada um deles: 

O impacto social 

  • Isolamento Social: a agorafobia frequentemente leva a uma diminuição na participação em atividades sociais, como encontros com amigos e familiares, festas ou eventos comunitários. Isso ocorre porque as pessoas com agorafobia evitam situações sociais devido ao medo de ter ataques de pânico em público. 
  • Restrições de Mobilidade: o medo de determinados lugares ou situações pode resultar em restrições significativas na mobilidade da pessoa. Isso pode dificultar a busca de emprego, a realização de tarefas diárias, como fazer compras ou ir ao médico, e a participação em atividades cotidianas. 
  • Isolamento de Suporte Social: à medida que as pessoas evitam atividades sociais, seus laços com amigos e familiares podem enfraquecer, levando ao isolamento social. O isolamento pode tornar mais difícil a busca de apoio emocional e prático. 
  • Impacto na Educação e Carreira: a agorafobia pode afetar negativamente o desempenho educacional e a carreira de uma pessoa, especialmente se ela evitar situações relacionadas ao trabalho ou à escola. 

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O impacto emocional

  • Ansiedade Intensa: a agorafobia está frequentemente associada a altos níveis de ansiedade, especialmente o medo de ter ataques de pânico. Essa ansiedade constante pode ser emocionalmente exaustiva e debilitante. 
  • Baixa Autoestima: o isolamento social e a restrição de atividades podem levar a sentimentos de baixa autoestima e falta de realização, pois a pessoa pode se sentir incapaz de enfrentar situações comuns. 
  • Depressão: muitas pessoas com agorafobia desenvolvem depressão devido às restrições em suas vidas, à falta de atividades sociais e ao impacto emocional da ansiedade constante. 
  • Desesperança: a sensação de que a agorafobia é um problema insuperável pode levar a sentimentos de desesperança e desamparo. 
  • Limitações nas atividades do dia a dia: a agorafobia pode dificultar a realização de tarefas diárias simples, como fazer compras, ir ao trabalho ou à escola, ou cuidar da saúde física e emocional. 
  • Relações: a ansiedade e o isolamento social podem criar tensões nas relações familiares e de amizade, à medida que as pessoas com agorafobia podem se tornar menos disponíveis ou menos capazes de apoiar emocionalmente os outros. 

Diagnóstico e tratamento 

Segundo Cynara Barreto, o tratamento da agorafobia geralmente envolve uma abordagem multimodal que pode incluir terapia cognitivo-comportamental (TCC) e as terapias contextuais, como: Terapia de Aceitação e Compromisso e a Terapia Focada na Compaixão.  

Em alguns casos, o uso de medicamentos, com excelentes resultados, quando em conjunto com a psicoterapia e estratégias de autocuidado. A profissional lista os principais componentes do tratamento da agorafobia: 

  • Exposição Gradual: a exposição controlada e gradual às situações temidas ajuda a pessoa a se habituar ao medo e a aprender que as situações não são tão ameaçadoras quanto parecem. 
  • Reestruturação Cognitiva: ajuda a identificar e substituir pensamentos negativos ou irracionais por pensamentos mais realistas e equilibrados. 
  • Técnicas de Relaxamento: aprender técnicas de relaxamento, como respiração profunda e relaxamento muscular progressivo, pode ajudar a reduzir a ansiedade. 
  • Medicamentos: em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos para ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade e pânico.  

Existem várias estratégias que as pessoas com agorafobia podem usar no dia a dia para ajudar no tratamento, incluindo: 

  • Manter um Diário: registrar pensamentos, sentimentos e comportamentos relacionados à agorafobia pode ajudar a identificar padrões e áreas de foco na terapia. 
  • Praticar a Exposição Gradual: a pessoa pode trabalhar com um terapeuta para criar um plano de exposição gradual e praticar situações que geram medo. 
  • Apoio Social: conversar com amigos e familiares sobre a agorafobia e buscar apoio emocional pode ser benéfico. 
  • Estilo de Vida Saudável: uma alimentação equilibrada, exercícios regulares e sono adequado podem ajudar a gerenciar a ansiedade. 

“O tratamento da agorafobia geralmente requer acompanhamento regular com um terapeuta ou psiquiatra. O profissional de saúde mental pode ajustar a abordagem de tratamento conforme necessário e oferecer suporte contínuo”, conclui Cynara. 

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