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Cada vez mais mulheres estão sendo diagnosticadas com autismo; por quê?

Entre pessoas do sexo feminino, descoberta do distúrbio geralmente acontece na vida adulta. Crianças e adolescentes mascaram sinais

18 abr 2023 - 05h00
(atualizado em 11/9/2023 às 18h38)
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Entenda sintomas do autismo em mulheres
Entenda sintomas do autismo em mulheres
Foto: neirfy / iStock

O autismo é um transtorno no desenvolvimento do cérebro caracterizado por dificuldades sociais, de relacionamento e de comunicação. Geralmente relacionado a homens, o diagnóstico do distúrbio entre mulheres (ainda mais na idade adulta) tem aumentado na última década.

Enquanto que, em 2012, os meninos tinham 4,6 vezes mais chances de receber um diagnóstico do que meninas, em 2018 essa proporção caiu para 4,2 para 1 menina. 

De acordo com números divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos em 2023, o número despencou para 3,8 meninos para uma menina. A nova análise foi baseada em registros de saúde e educação com mais de 220 mil crianças americanas, e revelou um recorde: a taxa de autismo em mulheres ultrapassou 1%; este índice, apesar de ser um levantamento realizado nos USA, reflete um cenário global.

Para Jaqueline Bifano, psiquiatra da infância e adolescência, "Essa mudança tem ocorrido porque, hoje, os profissionais de saúde estão mais especializados em descobrir a doença". A seguir, entenda porque a análise de homens e mulheres pode ser diferente, e leia o depoimento de uma mulher que, já na vida adulta, recebeu o diagnóstico do autismo.  

"Descobri que era autista graças ao meu filho"

Jéssica Borges tem 31 anos. Ela recebeu o diagnóstico de autismo aos 28.
Jéssica Borges tem 31 anos. Ela recebeu o diagnóstico de autismo aos 28.
Foto: Jéssica Borges

Quando a educadora Jéssica Borges recebeu o primeiro diagnóstico de autismo, ela tinha 28 anos. "Estava pesquisando sobre o assunto para entender a condição do meu filho e, de repente, fui me identificando com as características", relembra. “Foi como tirar um peso do meu corpo, pude acessar respostas de perguntas feitas durante toda a vida”, conta a profissional, que também é ativista da causa.

Sintomas do autismo 

Entre mulheres, os sintomas do autismo muitas vezes passam despercebidos. Estudos mostram que meninas com autismo são mais propensas a camuflar as diferenças de comportamento, imitando as pessoas ao seu redor.

"Os homens têm características mais marcantes, como comportamento repetitivos, estereotipias. A rigidez no comportamento, as alterações sensoriais, a dificuldade na fala, e principalmente a dificuldade de interação intersocial dos meninos é muito mais evidente do que nas meninas", diz a especialista Jaqueline.

A especialista acrescenta: "Meninas, geralmente, têm maior facilidade em imitar outras meninas…então elas mascaram os sintomas. Assim, os sintomas nas meninas ficam menos evidentes, mais leves. As mulheres têm melhor capacidade de comunicação e interação social. Então, elas conseguem imitar melhor outras pessoas".

Com fortes origens genéticas, análises mostram que meninas autistas tendem a carregar mais mutações do que meninos. Segundo Jaqueline, isto está relacionado ao tamanho do córtex cerebral  das mulheres, que normalmente é um pouco maior que o dos homens.  

"Receber o diagnóstico é libertador"

Outro fator que interfere no diagnóstico adequado do autismo entre meninas é relacionado à cultura. Mulheres costumam ser tratadas de maneira diferenciada pelos adultos, recebem ordens para sorrir, interagir e ser incentivadas participar de mais brincadeiras em grupos.

"Nós já crescemos ouvindo da sociedade como devemos agir e então somos obrigadas a adotar recursos e habilidades para camuflar nossas características que são vistas como 'fora da curva' pra sermos aceitas. É comum que a gente receba outros diagnósticos antes do diagnóstico de autismo. Em virtude disso, somos vistas como: grosseiras, arrogantes, mimadas, frescas", compartilha Jéssica.

Para evitar esse sofrimento, é importante que médicos e especialistas se atendem aos primeiros sinais e manifestações do distúrbio.

"São muitas as barreiras até a chegada de uma resposta. Mas, ainda assim, receber o diagnóstico -- ainda que tardio -- é libertador", defende Jéssica, "(depois de descobrir o autismo”), a gente deixa de ligar para os apelidinhos e adjetivos pejorativos e passa a ser mais generosa com nossa própria história e existência".

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico do transtorno varia de acordo com a idade do paciente. Médicos psiquiatras, pediatras ou neurologistas podem ajudar na avaliação clínica. No caso de crianças ou adolescentes, a observação de comportamentos por parte dos pais, educadores ou psicólogos ajuda na descoberta do distúrbio, uma vez que não existe marcador biológico específico para o autismo.

Já o diagnóstico em adultos é mais difícil, já que, em idades mais avançadas, os sintomas de autismo podem ser confundidos com sinais de outras doenças mentais, como a ansiedade ou o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Ainda assim, a avaliação é importante para que o paciente possa procurar tratamento e terapias adequadas, com a intenção de diminuir os sinais e efeitos colaterais do distúrbio no cotidiano.

Fonte: Redação Terra Você
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