Crise de Wesley Safadão serve de alerta a todo homem que precisa de ajuda
Preconceito leva o ‘macho’ brasileiro a sofrer calado e o coloca no topo do ranking de suicídios
Com 34 anos e duas décadas de carreira, Wesley Safadão acatou ordem médica para interromper a carreira por tempo indeterminado. Ele tem sofrido crises de ansiedade.
O cantor acerta ao priorizar a saúde mental. Deve aproveitar o privilégio de ter autonomia e recursos para se afastar do trabalho a fim de se tratar.
Ao revelar o problema, ele presta um serviço à sociedade, especialmente aos homens que compõem 48,9% da população brasileira.
Vivemos pressionados pelo machismo e o estigma de que homem não pode chorar. Demostrar algum tipo de fragilidade, seja física ou emocional, gera críticas e até dúvidas a respeito da masculinidade.
Essa crueldade resulta em autonegligência. A maioria dos brasileiros com algum sintoma de transtorno ou doença mental – como estresse, ansiedade e depressão – sofre calada, com medo ou vergonha de pedir socorro.
A consequência é trágica: os homens representam 75% dos suicídios no país. Alguns famosos entraram para a triste estatística. Entre eles, os atores Walmor Chagas e Flávio Migliaccio, casos que ressaltam a solidão e outras dificuldades impostas pela velhice.
O número geral de pessoas que provocam a própria morte no Brasil subiu 11,8% entre 2021 e 2022, segundo o Anuário de Segurança Pública.
No ano passado, foram 16.262 casos, média de 44 por dia. Vendido como a terra das pessoas felizes, o Brasil está entre os países com mais suicídios. O tema precisa ser conversado em casa, na escola, no trabalho, entre amigos.
Assim como Wesley Safadão, outros cantores precisaram de acompanhamento médico para superar uma crise emocional.
“Era uma sensação de morte”, resumiu Lucas Lucco ao relembrar o que passou. “Sempre fingi que não tinha”, revelou Fiuk ao relatar a ansiedade e o quadro depressivo que o fizeram se trancar no quarto por longo período.
Quem está em sofrimento mental e com pensamentos suicidas deve procurar ajuda com um profissional de saúde mental, como psiquiatra, psicólogo ou terapeuta.
Em caso de urgência, pode ligar gratuitamente para 188, onde voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida) estão disponíveis para ouvir, conversar e aconselhar.