Detox de dopamina (sem sexo e açúcar) promete aumento de prazer após privação
Psicóloga explica novo detox famoso nas redes sociais e alerta para malefícios
Se abster das redes sociais, ficar longe do celular, não comer açúcar, fazer sexo ou ouvir música. Até mesmo evitar o contato visual com alguém querido. Por que alguém conscientemente escolheria tudo isso? Essas são práticas-chave para quem quer começar o detox de dopamina.
A prática ganhou fama nas redes sociais prometendo um efeito de prazer maior assim que essas ações voltassem a fazer parte do dia a dia depois de um período longe delas. Psicóloga e especialista em saúde mental e atenção psicossocial, Suellen Souza explica:
“A lógica central do detox de dopamina é se privar de descargas físico-químicas por um período determinado de tempo em prol da saúde. Os adeptos a essa prática, acreditam que, na ausência dessas fontes de prazer, a dopamina diminui, logo o indivíduo teria mais satisfação com coisas simples e se sentiria mais alegre quando voltasse a praticar as atividades abandonadas.”
"Hormônio do prazer"
O termo ‘detox de dopamina’ foi popularizado pelo professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia, Cameron Sepah. A dopamina é um neurotransmissor, que atua como um mensageiro e está associada à motivação para realizar diferentes atividades. Embora seja comumente chamada de "hormônio do prazer", essa denominação não é exata.
A ideia do professor era o detox como forma de melhorar a produtividade, pela falta de distrações. Mas outros efeitos foram percebidos, e o intuito da prática mudou.
A especialista diz que a prática é como uma higienização cerebral, mas não a aconselha como busca pelo prazer, uma vez que pode esconder questões mais profundas.
“Se é mais prazeroso, e o excesso da dopamina vicia, é contraditório. Acho maléfico. A psicoterapia com um profissional habilitado pode ser mais eficaz e menos prejudicial para trabalhar excessos de prazer e procrastinação. A busca excessiva pelo prazer tem a ver com a dificuldade de lidar com algo no cotidiano, algo que causa sofrimento. É como uma fuga de alguma dor, algo que é tratado na psicoterapia. Acho que o detox é agressivo e que há outros meios não restritivos que podem ser eficazes também", afirma a psicóloga Suellen Souza.