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Entenda o que é a Constelação Familiar e qual a polêmica por trás

A técnica da Constelação Familiar não é reconhecida pelos conselhos federais de Medicina e Psicologia, e foi homenageada pela Anitta

19 jul 2024 - 15h46
(atualizado às 17h43)
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Entenda o que é a Constelação Familiar e qual a polêmica por trás
Entenda o que é a Constelação Familiar e qual a polêmica por trás
Foto: Reprodução Instagram (@anitta) e X (@mavilra) / Saúde em Dia

Anitta publicou recentemente em seu Instagram a foto de uma tatuagem com três silhuetas, com um coração vermelho no centro, em meio a um semicírculo de estrelas. A cantora explicou que o símbolo representa a conexão familiar, representada pela "Constelação Familiar".

"Nesse símbolo, como se fosse uma árvore genealógica. Sou eu no meio, o bonequinho com o coraçãozinho que significa que eu tenho sempre a força do amor dentro de mim. E aí de um lado fica o pai, de outro lado a mãe e as estrelinhas significam a constelação familiar, os outros integrantes da minha família", declarou a artista.

Apesar de ser admitida no SUS (Sistema Único de Saúde, esta é uma técnica controversa que não tem o reconhecimento do CFM (Conselho Federal de Medicina. Além disso, vários especialistas a consideram como uma pseudociência.

O que é a Constelação Familiar?

A "Constelação Familiar" foi desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger (1925-2019), um autointitulado psicoterapeuta alemão que não teve nenhuma formação na área de psicologia.

A técnica é uma abordagem terapêutica que busca ajudar as pessoas a resolverem conflitos familiares em sessões que podem ser individuais ou em grupo. Nessas sessões são recriadas situações familiares, algumas vezes usando atores. O objetivo é que o paciente possa explorar seus sentimentos e percepções em relação aos membros da família. 

Através dessas vivências simbólicas, espera-se que o paciente ganhe uma nova percepção sobre dinâmicas familiares ocultas. Também deve ser possível descobrir como essas dinâmicas influenciam seus relacionamentos e sua própria vida.

Pseudociência?

A Constelação Familiar tem reconhecimento como método de mediação de conflitos na Justiça. Além disso, tem autorização do SUS para servir como uma prática complementar à psicoterapia.

No entanto, especialistas criticam fortemente a técnica, que não tem reconhecimento pelo CFM e nem pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia). O CFP, aliás, já se posicionou contra o uso do método no judiciário afirmando que não há um padrão para o uso da técnica.

A Constelação Familiar também recebe críticas por reforçar estigmas que podem prejudicar o bem-estar psicológico do paciente como reforço de bases patriarcais. Isto é, colocando o pai/marido como superior necessário da família, relacionando a homossexualidade aos antepassados, apego a vínculos tradicionais de família e constragimento do paciente com as encenações.

Além disso, dentre as polêmicas relacionadas a Bert Hellinger, está a visão sobre vítimas de incesto, ensinando que elas devem aceitar o contato sexual.

O que falta à técnica?

De acordo com a neuropsicóloga Leninha Wagner, toda terapia utilizada para tratar doenças em centros médicos deve ter uma boa base científica e reconhecimento de eficácia. 

"Todos são livres para buscar terapias alternativas ou religiosas nas quais acreditem, mas sempre de forma complementar, e evitando técnicas que possam, na verdade, prejudicar o tratamento central da condição", adverte.

A profissional reforça que toda técnica usada em centros médicos para o tratamento de alguma condição psicológica precisa ter sólidas bases científicas e reconhecimento de sua eficácia dos órgãos responsáveis. "É preciso sempre deixar muito bem delimitado o que é ciência e o que não é".

"Eu particularmente não uso e nem indico a Constelação Familiar. A ciência em si, já deve ser sempre observada com olhos críticos. Já as técnicas sem respaldo científico precisam de ainda mais cautela", reforça Leninha Wagner.

Saúde em Dia
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