Filmes como ‘Divertida Mente’ estão mudando nossa percepção sobre saúde mental e terapia
Apesar dos benefícios, como reduzir os estigmas, psiquiatra faz alerta sobre cuidados para evitar simplificações excessivas
A representação dos sentimentos como personagens reais que vivem em nossas cabeças com formatos, cores e até mesmo tom de voz, está ajudando na percepção pública sobre saúde mental e terapia.
A animação "Divertida Mente", da Disney e da Pixar, famosa por dar personalidade a sentimentos comuns como felicidade, tristeza, raiva, medo e até mesmo ansiedade, é uma das grandes responsáveis pela nova visão que adultos e crianças estão adotando sobre a importância de entender e cuidar da saúde mental.
Em entrevista ao Terra Você, a médica psiquiatra, Cíntia Braga, explica que ao personificar essas emoções, o filme facilita a compreensão de processos internos complexos, o que pode reduzir o estigma em torno da saúde mental.
“Ele oferece uma representação lúdica e empática do que muitas vezes é invisível e difícil de explicar, criando uma ponte para que as pessoas reflitam sobre seus próprios sentimentos e se sintam mais confortáveis ao buscar ajuda terapêutica”, diz a profissional.
Cíntia acredita que ao simplificar conceitos psicológicos, esses filmes ajudam os pacientes a identificarem suas próprias emoções e dinâmicas internas de maneira mais clara, o que pode acelerar a identificação de questões emocionais em sessões de terapia.
No entanto, é preciso cuidado para evitar simplificações excessivas, que podem levar à falsa impressão de que as emoções e os transtornos mentais são unidimensionais ou facilmente solucionáveis.
A psiquiatra destaca que o principal benefício da integração de elementos da cultura pop na prática terapêutica tradicional é a capacidade de aproximar os pacientes da terapia, tornando o processo menos intimidante e mais interativo.
“Filmes e outras representações da cultura pop podem fornecer metáforas visuais e narrativas que ajudam a elucidar questões emocionais. No entanto, o desafio está na superficialidade com que esses temas podem ser tratados, levando à possível distorção ou romantização de questões sérias como transtornos mentais”, alerta a especialista.