Por que não faz bem amar o seu trabalho?
Seu nível de engajamento com algo profissional pode significar uma vida muito satisfatória... Mas dependendo do peso, se torna exaustão
Sabe a sensação de dever cumprido depois de um árduo dia de trabalho? Será que buscamos isso todos os dias? Até que ponto não é só alívio? Nossa relação com o emprego deve ser cuidadosamente colocada na balança, porque enquanto o trabalho tem capacidade de trazer satisfação, também pode levar à exaustão.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de incidência de burnout no ambiente de trabalho, segundo levantamento da International Stress Management Association (Isma-BR).
A psicóloga Evir Vianna, especialista em Orientação Profissional e de Carreira e saúde mental no trabalho, sugere que devemos dosar a importância que damos ao trabalho, assim como para outras áreas de nossas vidas. "O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, a capacidade de estabelecer limites e o cuidado com a própria saúde mental são essenciais para evitar consequências negativas”.
Bem-estar ou desempenho profissional?
Até pouco tempo atrás, era comum ouvir que trabalhar duro seria a chave para atingir o sucesso e consequentemente uma melhor qualidade de vida. Mas estudos recentes apontam que priorizar a saúde o bem-estar pode significar um desempenho melhor na profissão. Uma pesquisa da Harvard Business Review, por exemplo, aponta que funcionários satisfeitos são 31% mais produtivos, 85% mais eficientes de 300% mais inovadores.
Para a psicóloga Evir Vianna, é importante existir um limite para o trabalho em nossas vidas. “Quando amamos o que fazemos, é fácil nos deixarmos levar pelo entusiasmo e pela dedicação excessiva. Podemos nos tornar pessoas extremamente envolvidas com o trabalho, colocando-o acima de outras áreas importantes da nossa vida. Esse desequilíbrio pode nos levar a nos dedicarmos de forma intensa, ultrapassando nossos limites físicos e emocionais”.
Gestor de felicidade
Felicidade e o bem-estar dos funcionários têm sido considerados cada vez mais essenciais para a formação das companhias. Já há inclusive companhias adotando a posição do “Chief Happiness Officer”, uma espécie de gestor de felicidade. O conceito não é novo, mas tem sido cada vez mais comum.
Especialistas explicam que mesmo que gostemos muito daquilo que fazemos, se dedicar muito ao trabalho, sem tempo de descanso, pode trazer trazendo prejuízos à saúde e à vida social. “A falta de tempo para descansar e desfrutar de outras áreas da vida pode gerar um desgaste emocional significativo, prejudicando nossa saúde mental e nossos relacionamentos”, afirma Vianna.
A importância da autorrealização na sua felicidade
Ainda, estudos apontam que a felicidade que vem do trabalho é fruto de mais do que apenas um bônus, presentes ou festas no trabalho. Desafios e autorrealizações alinhadas com propósitos de vida contribuem para a sensação de ser feliz profissionalmente. Um estudo da Gallup aponta que o senso de propósito é um dos aspectos que os trabalhadores mais buscam para considerar o que fazem como um bom emprego.
É preciso ser feliz sempre?
A resposta é não. Acreditar que o trabalho será perfeito todos os dias é a receita para frustração. Mas de tempos em tempos é importante fazer um balanço para entender até que ponto aquele emprego ainda faz sentido. E ao mesmo tempo entender que o que fazemos profissionalmente ocupa apenas uma parte das nossas vidas.
A professora Evir Vianna sugere que lembremos que nossa identidade não se resume apenas ao nosso trabalho. “Precisamos cultivar uma visão ampla da nossa vida, garantindo que outras áreas, como relacionamentos, lazer e autocuidado, também recebam a devida atenção”.