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Por que passar tempo sozinho é tão importante

Pesquisa mostra que momentos de solitude podem ter um impacto positivo no seu humor diário.

10 mai 2023 - 16h11
(atualizado às 16h50)
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Mulher feliz com o rosto virado para o Sol sobre uma ponte
Mulher feliz com o rosto virado para o Sol sobre uma ponte
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Passar tempo sozinho pode causar medo em muita gente, o que é compreensível. Ao mesmo tempo, a diferença entre momentos de solitude e solidão é muitas vezes incompreendida.

Como psicóloga, estudo a solitude — o tempo que passamos sozinhos, sem interagir com outras pessoas. Comecei esta pesquisa há mais de dez anos e, até aquele momento, as descobertas relacionadas ao tempo que os jovens passavam sozinhos sugeriam que eles frequentemente se sentiam para baixo.

Nas redes sociais, na televisão ou nas músicas que ouvimos, normalmente imaginamos a felicidade como euforia, entusiasmo e animação. A partir dessa perspectiva, a solitude é muitas vezes confundida com a solidão.

Na psicologia, os pesquisadores definem a solidão como um sentimento de angústia que sentimos quando não temos, ou não somos capazes de obter, os tipos de conexões ou relacionamentos sociais que desejamos. A solitude é diferente.

Embora as definições de solitude das pessoas possam variar, o que é interessante é que, para muitos, ser solitário não significa necessariamente que não há mais ninguém por perto.

Em vez disso, muita gente pode sentir — e de fato sente — solidão em espaços públicos, seja sentada em um café movimentado tomando uma xícara de chá ou lendo um livro em um parque.

Já pensou em sair para comer fora sozinho?
Já pensou em sair para comer fora sozinho?
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

E minha pesquisa sugere que reservar um tempo para si mesmo pode ter um impacto positivo no seu humor diário.

Todos nós já tivemos dias em que há problemas no trabalho, quando as coisas não saem como o esperado ou quando assumimos muita responsabilidade e nos sentimos sobrecarregados.

O que eu descobri é que aprender a reservar um tempo para si mesmo, um momento de solitude, pode te ajudar a lidar com esses sentimentos.

O que podemos ganhar com a solitude?

Em uma série de experimentos, levei alunos de graduação para uma sala para se sentarem em silêncio consigo mesmos. Em alguns estudos, tirei as mochilas e dispositivos dos estudantes e pedi que ficassem sentados apenas com seus pensamentos; em outras ocasiões, os alunos ficaram na sala com livros ou celulares.

Depois de apenas 15 minutos sozinhos, descobri que quaisquer emoções fortes que os participantes pudessem estar sentindo, como ansiedade ou euforia, diminuíram. Concluí que a solitude tem a capacidade de reduzir os níveis de excitação das pessoas, o que significa que pode ser útil em situações em que nos sentimos frustrados, agitados ou com raiva.

Muita gente poderia presumir que apenas os introvertidos apreciariam a solitude. Mas embora seja verdade que os introvertidos podem preferir ficar sozinhos, eles não são as únicas pessoas que podem colher os benefícios da solitude.

Em uma pesquisa realizada com mais de 18 mil adultos em todo o mundo, mais da metade votou na solitude como uma das principais atividades que pratica para descansar. Portanto, se você é extrovertido, não deixe que isso te impeça de reservar um tempo para a solitude para desacelerar.

Ficar sozinho com seus pensamentos pode ser difícil

A parte desafiadora de passar um tempo sozinho é que, às vezes, pode ser chato e solitário.

Mulher deitada na praia sozinha lendo um livro
Mulher deitada na praia sozinha lendo um livro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Muita gente acha que ficar a sós com seus pensamentos pode ser difícil e prefere ter algo para fazer. De fato, se forçar a sentar e não fazer nada pode fazer com que você ache o tempo sozinho menos agradável. Então você pode preferir fazer algum tipo de atividade durante seu momento de solitude.

No meu estudo, dei aos participantes a opção de não fazer nada ou passar o tempo separando centenas de lápis em caixas.

Após serem solicitados a ficar sozinhos por dez minutos, a maioria dos participantes optou por separar os lápis. Esse é o tipo de atividade que eu pensei que a maioria das pessoas acharia chata.

No entanto, a escolha de fazer a tarefa chata decorre do desejo de se manter ocupado quando outras pessoas não estão por perto para ocupar nosso espaço mental.

Portanto, se você se pegar checando o celular toda vez que tiver alguns momentos de solitude, isso é bastante comum. Não seja duro consigo mesmo. Muita gente navega no celular para lidar com o estresse e o tédio.

Algumas pessoas também preferem passar o tempo sozinhas fazendo tarefas diárias, como ir ao supermercado ou lavar roupa. É um tempo solitário válido.

Praticar atividades de lazer sozinho

É interessante, no entanto, que muita gente evite praticar atividades de lazer sem companhias, como ir ao cinema ou jantar fora.

Isso pode acontecer porque tendemos a pensar nelas como atividades que fazemos com familiares e amigos, então estar desacompanhado pode nos fazer sentir julgados e constrangidos. Viajar sozinho é outra atividade que pode ser intimidadora, sobretudo para as mulheres.

Viajar sozinho pode ser libertador
Viajar sozinho pode ser libertador
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Mas um dos principais benefícios de ir sozinho é a oportunidade de encontrar a tranquilidade e ter a liberdade de escolher o que fazer e como fazer.

Enquanto estudava a solitude, me desafiei a realizar algumas dessas atividades de lazer em meus momentos de solitude e achei a experiência bastante libertadora. Outras mulheres têm experiências semelhantes, especialmente quando viajam, se sentindo empoderadas e livres.

Para superar nosso medo da solitude, precisamos reconhecer seus benefícios e vê-la como uma escolha positiva — e não como algo que acontece com a gente. Se fazer uma viagem sozinho é um pouco demais para você agora, reservar um tempo na sua agenda lotada para pequenas doses de solitude pode ser exatamente o que você precisa.

* Thuy-vy Nguyen é professora assistente do departamento de psicologia da Universidade de Durham, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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