Ser bagunceiro é um risco: como a desorganização pode afetar a saúde mental?
Estudo da Universidade de Princeton, nos EUA, revela como a bagunça e a desorganização pode gerar problemas emocionais
Você é bagunceiro? Vive deixando roupas espalhadas e os objetos fora de lugar? Cuidado, pois isso pode ocasionar um risco para sua saúde mental.
Costumo dizer que se a nossa vida não está organizada, é impossível que nossa mente não esteja também. Em um mundo cheio de estímulos por todos os lados e no qual estamos imersos em diversos afazeres, é importante estarmos com tudo em ordem ou isso poderá ocasionar uma desordem não só ambiental, como também emocional.
Como a desorganização afeta nosso bem-estar?
A desordem e a bagunça podem afetar nosso cérebro de diversas maneiras. Por exemplo, quando temos muitas coisas ao nosso redor, é mais difícil para o nosso cérebro se concentrar em uma tarefa específica. Isso pode resultar em uma sensação de sobrecarga e frustração, especialmente quando estamos tentando realizar várias tarefas ao mesmo tempo.
Além disso, a desordem e a bagunça também podem afetar nossa autoestima. Quando nossa casa ou ambiente de trabalho está bagunçado, a sensação que temos é que nossas vidas também estão desorganizadas. Isso pode nos fazer sentir como se não estivéssemos no controle de nossas vidas, afetando negativamente nossa autoestima.
A bagunça e a desordem podem afetar a nossa saúde mental de diversas maneiras, incluindo a sobrecarga cognitiva e o aumento do estresse e da ansiedade. Esses efeitos podem ser atribuídos às mudanças em áreas específicas do cérebro que são ativadas quando estamos expostos à desordem.
As partes do cérebro afetadas pela bagunça
Um estudo realizado pela Princeton University, nos EUA, mostrou que a desordem visual pode interferir na capacidade do cérebro de processar informações. Os pesquisadores descobriram que, quando há desordem visual no ambiente, as atividades da amígdala (a área do cérebro que processa emoções) e do córtex pré-frontal (a área do cérebro responsável pelo planejamento e tomada de decisões) aumentam. Essas áreas cerebrais são importantes para o controle emocional e cognitivo, e a exposição constante a ambientes desorganizados pode levar a um aumento do estresse e da ansiedade.
Outros estudos também sugerem que a exposição à desordem pode afetar as atividades em outras áreas do cérebro, como o hipocampo e o córtex cingulado anterior. O hipocampo é uma área do cérebro que está envolvida na memória e na aprendizagem, e a exposição à desordem pode interferir na capacidade do cérebro de processar e armazenar informações.
O córtex cingulado anterior, por sua vez, é responsável pelo controle da atenção e do comportamento, e a exposição à desordem pode levar a uma maior dificuldade em manter a atenção e controlar os impulsos. Portanto, a bagunça e a desordem podem ter efeitos negativos em várias áreas do cérebro importantes para a saúde mental.
Como contornar a situação?
Existem várias maneiras de lidar com a bagunça e a desordem. Uma abordagem é simplificar A vida, eliminando as coisas que não precisamos ou que não nos trazem alegria. Outra maneira é dividir nossas tarefas em pequenas etapas, para podermos nos concentrar em uma coisa de cada vez.
Também é importante reconhecer que, às vezes, a desordem e a bagunça podem ser sintomas de um problema de saúde mental mais sério.
O Transtorno de acumulação compulsiva ou Síndrome de Diógenes é um deles, que esconde sintomas de ansiedade e muitas vezes até mesmo dependência psicológica e questões importantes sobre autoestima.
Em alguns casos, pode ser um indício até mesmo de TDAH - o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (lembrando que o TDAH é um conjunto de sinais e sintomas, não podendo, portanto, ser diagnosticado apenas com um elemento).
Se você sentir que a desordem está interferindo na sua capacidade de realizar atividades diárias ou se ela está afetando sua saúde mental, considere buscar ajuda de um profissional. Lembre-se de que não há vergonha em pedir ajuda e que há muitos recursos disponíveis para ajudá-lo a lidar com esses problemas.