5 dicas para descartar medicamentos corretamente
Jogar remédios no lixo comum causa riscos à saúde e prejudica o meio ambiente
Segundo dados recentes do Conselho Federal de Medicina, o Brasil está entre os países com maior consumo de medicamentos no mundo. Entre os mais utilizados, estão anticoncepcionais, analgésicos, descongestionantes nasais e anti-inflamatórios. Todavia, após o uso, as embalagens e os remédios em desuso devem ser descartados de forma adequada para evitar danos ao meio ambiente e à saúde pública.
"O descarte inadequado de medicamentos pode afetar o solo, as águas superficiais ou os lençóis freáticos. Por isso, eles não devem ser descartados no lixo comum, como é feito pela maior parte da população. Os produtos possuem inúmeras substâncias químicas que podem ser prejudiciais para o meio ambiente e para as pessoas", explica a farmacêutica e mestre em ciências da saúde Dra. Carolina Canelles, coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera.
Os prejuízos do descarte incorreto para o meio ambiente são grandes. "Para se ter uma ideia, cada quilo de medicamento descartado de forma incorreta pode contaminar até 450 mil litros de água. Portanto, é essencial [o descarte] ser feito em locais autorizados, como postos de saúde, algumas farmácias e drogarias", orienta a profissional.
Logística reversa no descarte de medicamentos
O descarte correto dos produtos está previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, por meio da Lei n.º 12.305, de 2010. A regulamentação para medicamentos domiciliares, vencidos ou em desuso, foi feita em junho de 2021, por meio do Decreto n.º 10.388/2020. A legislação determina que todas as empresas envolvidas com o comércio de medicamentos, desde a fabricação à distribuição, são obrigadas a implementar e operacionalizar sistemas de logística reversa.
A Dra. Carolina Canelles também explica que, em geral, as empresas responsáveis pela coleta desses medicamentos realizam a neutralização das substâncias, quando necessário, e posterior incineração.
Materiais para descarte em farmácias
Materiais cortantes ou pontiagudos, como agulhas, não devem ser levados para farmácias. Eles podem ser descartados nas unidades básicas de saúde, que têm os locais adequados para descarte. Além dos medicamentos, as embalagens em que são armazenados também devem ser entregues às farmácias, como cartelas de pílulas e comprimidos, garrafas de xarope e, inclusive, os copinhos e seringas medidores. Só a caixa de papelão e o papel da bula podem ser jogados no lixo reciclável.
Como descartar os medicamentos corretamente
Abaixo, a farmacêutica Dra. Carolina Canelles elenca algumas orientações sobre o descarte de medicamentos. Confira!
1. Procure a farmácia ou drogaria mais perto da sua casa
Pergunte se recebem remédios em desuso, sejam comprimidos, cápsulas ou xaropes. Caso não receba, pergunte onde descartar esses materiais sem risco de contaminação.
2. Evite descartar medicamentos vencidos ou não utilizados no lixo comum
Isso pode representar riscos de contaminação do meio ambiente e até mesmo ser perigoso para pessoas ou animais que possam entrar em contato com eles.
3. Utilize um recipiente rígido para descarte de agulhas e lancetas de diabéticos
Para descartar agulhas e lancetas usadas no tratamento de diabetes ou outras doenças, é importante utilizar um recipiente rígido que possa ser lacrado, como uma garrafa pet. Há hospitais e postos de saúde que recebem esse material para o descarte adequado.
4. Utilize a reciclagem para bulas e caixas
Bulas e caixas vazias podem ser coletadas diretamente para reciclagem com o lixo convencional.
5. Evite descartar medicamentos na pia ou no vaso sanitário
Isso pode fazer com que os medicamentos contaminem a água potável e o meio ambiente.
Fique atento à validade e às condições de armazenamento
A Dra. Carolina Canelles destaca que após o vencimento, nenhum remédio deve ser consumido e o paciente deve fazer o descarte. "A data de validade de um medicamento é definida por meio de inúmeros testes que avaliam a estabilidade das substâncias presentes na formulação. Ou seja, após esta data, não há garantia da segurança e eficácia do medicamento. Sendo assim, eles podem perder o efeito a longo prazo, ou, em alguns casos mais raros, podem causar efeitos tóxicos no organismo", alerta.
Por Nicholas Montini Pereira