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A longo prazo, cabeçada em campo pode levar à demência

14 jul 2014 - 17h14
(atualizado em 15/7/2014 às 08h37)
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<p>Mascherano durante atendimento médico ainda em campo em partida da semi-final da Copa do Mundo entre Argentina e Holanda</p>
Mascherano durante atendimento médico ainda em campo em partida da semi-final da Copa do Mundo entre Argentina e Holanda
Foto: Gabriel Bouys / AFP

Quem deve decidir sobre a volta de um jogador ao campo depois de um ferimento na cabeça é um médico independente, e não o jogador, o treinador ou mesmo o médico do time, diz editorial da publicação científica The Lancet Neurolog. Segundo a publicação, essas decisões não devem ser tomadas "por aqueles que têm um grande interesse no fato".

O alerta foi feito após jogadores serem autorizados a seguir em campo depois de terem sido atingidos na cabeça durante a Copa do Mundo.

Na partida entre Uruguai e Inglaterra na primeira fase do Mundial, por exemplo, o uruguaio Alvaro Pereira voltou aos gramados depois de ser ''nocauteado'' por um golpe na cabeça. Pereira admitiu ter discutido com o médico da equipe, exigindo que fosse ser autorizado a continuar jogando.

Os editores destacam que a decisão sobre a capacidade de jogar do atleta não deveria ter sido deixada nas mãos do médico da equipe e dos funcionários uruguaios. Em vez disso, "a decisão de voltar a jogar deveriam ser tomadas de forma individual", disseram.

Na semifinal da Copa do Mundo entre Argentina e Holanda, o argentino Javier Mascherano também caiu no gramado após chocar a cabeça com um jogador holandês. Apesar de aparentemente ter sofrido uma concussão, o meia argentino voltou ao campo alguns minutos depois.

"Como os sinais e sintomas de concussão podem aparecer depois de um tempo, a remoção de um atleta quando houver qualquer suspeita de lesão parece ser a abordagem mais segura", escreveram os editores da The Lancet Neurolog.

Mensagem errada

A FIFPro, o sindicato dos jogadores de futebol, pediu uma investigação sobre os procedimentos referentes à concussão após os casos da Copa.

A Fifa tem sido criticada por não conseguir lidar com esses incidentes de forma segura, garantindo que os jogadores sejam imediatamente retirados do campo e do jogo.

Muitas organizações desportivas já reconhecem o dano potencial que a lesão cerebral traumática leve pode causar, mas os autores disseram que é preciso fazer mais para reduzir a frequência com que essas lesões ocorrem.

Melhorar a avaliação, monitoramento e atendimento de adultos e crianças em esportes relacionados à concussão também deve ser uma prioridade, afirma.

Antonio Belli, especialista em neurotrauma da Universidade de Birmingham, disse que os jogadores não entendem como a concussão pode ser perigosa.

"Quando os jogadores retornam ao campo e continuam a jogar, eles estão enviando a mensagem errada. Há muitas razões médicas para não continuar."

As consequências a longo prazo de lesões cerebrais traumáticas leves podem incluir a demência e outras doenças neurológicas degenerativas.

Dores de cabeça e tonturas podem aparecer no curto prazo.

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