Acidentes de Lula e Agnaldo Rayol mostram os riscos de queda em idosos; índice é maior entre mulheres
Número de queda em mulheres de 75 até 79 anos é 47% maior do que em homens, afirma OMS
A queda em idosos pode provocar graves lesões e até mesmo a morte, como foi o caso do cantor Agnaldo Rayol que faleceu na segunda-feira, 4, aos 86 anos, após sofrer uma queda no banheiro. Um episódio similar foi vivido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também caiu no banheiro e acabou com um corte na nuca, além de traumatismo craniano. Este tipo de acidente, no entanto, é mais comum entre mulheres da terceira idade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 o índice de queda em mulheres idosas por cem mil habitantes foi maior do que em homens. Na faixa dos 75 até 79 anos, o índice de queda em mulheres de 75 até 79 anos é 47% maior do que em homens. Os motivos estão ligados ao estilo de vida dessa geração, tarefas domésticas e até menopausa.
Antes da pandemia do coronavírus, a aposentada Maria Rosa, 77 anos, caminhava pelo bairro de pinheiros quando tropeçou em um buraco na calçada e caiu, fraturando o nariz e o braço esquerdo em dois lugares - no punho e no cotovelo.
Ela já sofreu cinco quedas após atingir a terceira idade, todas na rua. Mesmo com uma vida agitada que vai de academia à natação, ela sabe que o maior número de acidentes acontece dentro de casa e se previne sempre que pode usando tênis: “A minha casa está cheia de tapetinho, às vezes tropeço, mas nunca caí”.
As quedas têm dois fatores: extrínsecos e intrínsecos. O primeiro são os fatores externos; como escorregar em tapetes, bater em móveis baixos e até tropeçar em animais de estimação. Mas principalmente o uso de calçados que prendem no calcanhar, como sapatilhas, saltos e sapatos, o melhor é usar tênis.
“Outros fatores extrínsecos estão no ambiente, como iluminação ou uso de medicamentos sedativos como diazepam e bromazepam", completa o Dr.Felipe Vecchi, diretor da Brazil Senior Living (BSL).
Muitas mulheres acima de 65 anos ficam um bom tempo fazendo tarefas domésticas, e isso aumenta as chances de queda por fatores externos. Segundo pesquisa feita pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com 392 avós da região, 58.7% relataram que cuidam dos netos para os pais trabalharem. Desse grupo, 87% são mulheres.
Já os fatores intrínsecos estão relacionados à parte interna do corpo, como a menopausa, que acelera o envelhecimento celular e aumenta as chances de osteoporose - perda de massa óssea, que deixa os ossos mais fracos. A composição muscular também muda, ou seja, os músculos vão diminuindo e aumentando a quantidade de gordura, deixando a pessoa com maior fraqueza.
Além disso, as mulheres vivem mais que os homens. Segundo dados do IBGE de 2022, a expectativa de vida delas é de 79 anos, enquanto para eles é 72. O Dr. Felipe alerta que existe um receio das pessoas com mais de 65 anos de contar quando caem, por medo da família não deixar eles saírem sozinhos. Mas enfatiza que é importante fazer acompanhamento médico para evitar futuras quedas.
O que fazer em caso de queda?
Em caso de acidente com o idoso, a pessoa mais próxima deve chamar o resgate, avaliar onde está a dor e não tentar levantá-lo. Uma das principais consequências da queda é a fratura do fêmur, o maior osso do nosso corpo, localizado entre a coxa e o quadril. “Nosso primeiro reflexo é já querer levantar (o idoso), às vezes ele cai e está com dor no quadril, a imobilização precisa ser feita por algum especialista”, esclarece Felipe.
Quando o idoso bate a cabeça, ele precisa ser levado para o hospital mesmo estando lúcido. Depois do choque, o incômodo pode aparecer após seis ou doze horas. Isso acontece porque ao envelhecermos o cérebro costuma diminuir e fica um espaço maior até o crânio; “O cérebro do idoso fica um pouco mais folgado dentro da cabeça”.
Para evitar quedas, o Ministério da Saúde recomenda que o idoso e o cuidador se atentem com:
- Piso escorregadio;
- Tapetes Soltos;
- Objetos em áreas de circulação;
- Ausência de barras de apoio e corrimão;
- Móveis instáveis ou muito baixos;
- Iluminação inadequada;
- Banheiros sem barras de apoio;
- Bengalas ou andadores com ponteiras danificadas.
- Na rua, as seguintes recomendações:
- Atenção ao atravessar a rua, olhe para os dois lados e só atravesse quando os carros pararem;
- Use sacolas pequenas, evitando pegar peso;
- Preste maior atenção em lugares desconhecidos ou mal iluminados;
- Atenção com buracos e desníveis;
- Espere o ônibus parar completamente para subir;
- E se necessário use bengalas, muletas e instrumentos de apoio.