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Adiar cirurgia plástica com procedimento invasivo nem sempre é indicado

Com ajuda de médicos dermatologistas e cirurgiões plásticos, investigamos os limites dos tratamentos não invasivos

13 out 2024 - 06h10
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Resumo
Procedimentos estéticos menos invasivos têm limitações e não substituem um lifting facial, que oferece resultados mais naturais e duradouros.
Foto: Adobe Stock

Ninguém pode dizer que os procedimentos estéticos menos invasivos não funcionam, ainda mais com os inúmeros progressos percebidos nos últimos anos. Mas, definitivamente, eles não podem (e nem devem) ser comparados a um lifting facial. Isso ocorre porque há um “limite” para as agulhadas, um tema que é cada vez mais debatido entre os profissionais. 

“Dependendo da quantidade de flacidez, de excesso de pele, de falta de gordura na face, seria necessário reposicionar o rosto e repor volume. E, para isso, dependendo do caso, seriam necessários muitos procedimentos para estimular colágeno, firmar a pele, e repor volume. Muitas vezes, por mais procedimentos feitos, o resultado não é o ideal. Isso porque a flacidez é tanta, tem tanta pele sobrando que o necessário é realmente a cirurgia. Quando alguns profissionais tentam fazer isso usando apenas preenchedores, o resultado é ainda pior! Porque o resultado é uma face ‘redonda’, em ‘lua cheia’ e com perda da fisionomia”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

“A indicação do médico é fundamental. Radiofrequência, microagulhamento, ultrassom microfocado são tecnologias que funcionam para casos leves, mas não podem ser comparados a um lifting facial, por exemplo. E no caso dos injetáveis, é melhor ter mais cuidado ainda: há um ponto em que será necessária a cirurgia, porque o excesso de preenchimentos resultará em um rosto artificial”, explica o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Pode parecer estranho falar que procedimentos injetáveis podem resultar em uma aparência artificial enquanto a cirurgia oferece naturalidade. 

“Essa ideia vem das referências antigas do facelifing. Se alguém tivesse que descrever alguns dos facelifts feitos nos anos 80 e 90, palavras como ‘puxado’ ou ‘esticado’ poderiam vir à mente. Hoje, é mais provável que seja ‘bonito’, ‘de aparência mais natural’ e, em muitos casos, ‘virtualmente indetectável’ – justamente porque as pessoas não conseguem perceber que aquele resultado veio de uma cirurgia plástica”, explica a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. 

“Além disso, é muito difícil encontrar a cicatriz de uma pessoa, o que é outro ponto importante das novas técnicas que não deixam tensão na pele. As técnicas mais recentes conseguem reposicionar também tecidos mais profundos e o resultado é esteticamente mais agradável e natural”, resume a médica. 

Paolo Rubez ressalta que as técnicas modernas tratam de forma pontual todas as camadas que apresentam envelhecimento, da superfície ao músculo. “Outro ponto importante é que o resultado se mantém por mais tempo já que o rosto foi tratado de maneira global. Hoje, a evolução maior está em tratar o SMAS (Sistema Músculo Aponeurótico Superficial), tecido que cobre a musculatura, através de pontos para reposicioná-lo”, explica o médico.

Admitir que há um limite dos procedimentos menos invasivos de forma alguma significa que eles não têm o seu valor no manejo do envelhecimento. “Se você me perguntasse há 20 anos, eu diria que, no geral, uma mulher aos 40 anos fazia um facelifting. Já hoje eu tenho pacientes aos 60 anos que ainda fazem procedimentos não invasivos. Então, de uma maneira geral, para o paciente bem cuidado, bem tratado, que não tem nenhuma comorbidade e que faz procedimentos de uma maneira ética, com um cronograma de tratamento anual, o presente para a mulher de 50 anos é uma blefaroplastia, às vezes antes, dependendo também das condições genéticas, hereditárias e pessoais. O presente para mulher de 60 anos é um lifting”, explica a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

“Mas existe sim uma indicação por vários fatores, que dependem da genética do paciente, do grau de fotoenvelhecimento e dos hábitos de vida, como tabagismo, alimentação inadequada, privação do sono, falta de rotina skincare”, completa.

Por isso, a prevenção é fundamental. “Ir estimulando colágeno, firmando a pele, deixando todas as camadas da face tratadas e não só ‘enchendo com espuma’. Quando o tratamento é preventivo e ao longo dos anos, o resultado é natural e duradouro. Mantém a fisionomia e a beleza de cada um de forma única. O uso exagerado de preenchimento deixa todos ‘redondos e parecidos’”, ressalta a dermatologista Paola Pomerantzeff.

E assim como a toxina botulínica preventiva, a ideia de um lifting profundo ‘preventivo’ também pode ser relevante – e bem indicada em alguns casos. “Pacientes mais jovens cicatrizam mais rapidamente e os liftings faciais duram em média de 10 a 15 anos”, constata Beatriz. 

No entanto, a médica lembra que o facelift é um tratamento cirúrgico e requer exames e avaliações de pré-operatório e cuidados de pós-operatório. E exatamente por ser um tratamento complexo, requer um cirurgião plástico muito bem treinado para amenizar a chance de complicações e conseguir resolvê-las caso ocorram. “Os liftings faciais, especialmente os de planos profundos, são procedimentos bastante complexos e o tempo de recuperação pode variar de duas semanas para a fase mais aguda até a alguns meses para o resultado final do tratamento, dependendo do lifting realizado e da idade do paciente”, conta Beatriz

Mas, muitas vezes o lifting facial não é o fim da linha. “Muitas pessoas ainda optam por usar injetáveis depois e não há problema nisso. O médico deve sempre ser consultado para a indicação correta do procedimento. Mas tentar os mesmos resultados estéticos de uma cirurgia com injetáveis tende a ser desastroso”, comenta Paolo Rubez. “Muitas vezes, depois de um facelifting, é muito interessante para o paciente fazer um laser ablativo, como um CO2. E usamos também procedimentos de Medicina Regenerativa. Algumas vezes inclusive fazemos o uso das microagulhas não-insulated para causar uma compactação do tecido e uma melhora da viscoelasticidade da pele”, diz a dermatologista Claudia Marçal.

Quanto aos cuidados pré e pós-procedimento, Paolo lembra que, antes de operar, o paciente deve estar em boas condições clínicas e não deve fazer uso de medicamentos que aumentam o sangramento, próximo à cirurgia, como aspirina e anti-inflamatórios. “No pós-operatório, é normal apresentar inchaço e roxo na face que melhoram em torno de duas a três semanas. Não é comum que haja dor após a cirurgia. O paciente deve permanecer em repouso relativo por duas a três semanas e afastado de atividades físicas por 30 dias. Além disso deve evitar sol por dois meses. É fundamental que o procedimento seja realizado por um cirurgião plástico especialista”, diz ele.

Retirar ou não o preenchimento?

Segundo Paola, retirar o preenchimento antes do facelifting é uma decisão do cirurgião plástico. “Se o paciente apresentar uma face ‘deformada’ por uso exagerado e indevido de grande quantidade de preenchimento, provavelmente será o ideal: remover o ácido hialurônico em excesso para então examinar a face ‘real’ e fazer o plano cirúrgico”, explica a dermatologista.

“Se há um ácido de hialurônico em grande volume na região infraorbitária, o cirurgião terá mais dificuldade em fazer a cirurgia, porque existe ali uma congestão, uma vez que o ácido de hialurônico é altamente higroscópico (puxa muita água), poderá ser feita a remoção. Quando um paciente vem para o consultório com uma alteração inestética, com o rosto edemaciado, com excesso de ácido hialurônico, eu faço realmente o uso do antagonista (a hialuronidase) para a remoção”, finaliza a Claudia Marçal.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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