Anvisa alterou método de prescrever Zolpidem; entenda
Para impedir o uso indiscriminado do Zolpidem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária alterou seu método de prescrição
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou alterações no método de prescrição do Zolpidem, um medicamento usado tradicionalmente no combate à insônia, mas que tem se popularizado nos últimos anos.
A partir de agosto, todos os medicamentos à base de Zolpidem precisarão da receita B (cor azul). Isso passa a exigir que o profissional tenha cadastro prévio na vigilância sanitária.
O medicamento é usado para tratar a insônia e já foi um grande aliado para melhorar a qualidade do sono em pacientes com bruxismo. No entanto, pacientes passaram a usá-lo por conta própria, o que é bastante perigoso, afirma a cirurgiã-dentista Dra. Andréa Melo.
Como o Zolpidem age no organismo?
O cérebro possui receptores para o GABA, que tem uma subunidade específica, chamada Alfa 1, associada ao efeito hipnótico, onde o zolpidem se liga. Esses receptores são muito prevalentes no cérebro. Com apenas 30% de ligação a esses receptores, já ocorre o efeito hipnótico.
Se essa ligação ultrapassar 30%, ocorre o efeito amnéstico (perda de memória), onde as pessoas realizam ações e não se lembram no dia seguinte, causando alucinações e sonambulismo, o que é extremamente perigoso. Por isso, deve-se usar o medicamento apenas sob prescrição. Para evitar a dependência, sua utilização nunca deve ultrapassar quatro semanas.
Zolpidem no tratamento do bruxismo
De acordo com a cirurgiã-dentista com PhD em odontologia, Dra. Andrea Melo, o medicamento já foi bem utilizado para auxiliar no tratamento de bruxismo, mas por períodos curtos. Infelizmente, pelo fácil acesso, o uso se tornou indiscriminado. Hoje há suplementos para aprofundar o sono de forma mais eficaz e menos danosa ao organismo.
"Antes acreditava-se que o bruxismo era um problema relacionado à oclusão (toques dentários), mas hoje sabemos que o bruxismo é um problema relacionado à baixa qualidade do sono. Por isso, precisamos utilizar técnicas para ajudar esse paciente a dormir melhor", explica.
Segundo a profissional, o Zolpidem foi usado por muito tempo para ajudar nesse processo, mas com o tempo ele passou a ser menos utilizado por poder causar dependência ao longo do tempo. O problema se agravou com o uso sem prescrição médica, que se tornou bastante comum.
"Hoje há suplementos para aprofundar o sono de forma mais eficaz e menos danosa ao organismo, além da rotina do sono que utilizo na minha clínica diariamente e que tem mudado a qualidade de vida de inúmeros pacientes", explica Dra. Andrea Melo.