Após aglomerações, especialista diz que mortes devem crescer na 2ª quinzena de janeiro
Epidemiologista Pedro Hallal explica que, ao participar desses eventos, as pessoas ficam mais expostas ao contágio, o que acelera a transmissão do vírus. País tem mais de 196 mil óbitos pela doença desde o início da pandemia
As aglomerações vistas pelo Brasil durante as festas de fim de ano poderão ter efeitos sobre os números da covid-19 ainda durante o mês de janeiro. Cientistas explicam que, ao participar desses eventos, as pessoas ficam mais expostas ao contágio, o que acelera a transmissão do vírus. "Após episódios como estes vistos no réveillon, o número de casos sobe na primeira semana, o de hospitalizações aumenta na segunda e o de mortes, na terceira", diz o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). "É o comportamento que tem se observado desde o início da pandemia. Não vai mudar agora."
O pesquisador alerta, ainda, que, sem medidas de segurança, os casos de covid-19 podem explodir no País. "Um cenário é que a aglomerações fiquem concentradas no réveillon. Agora, pior é se elas continuarem durante o verão, porque cria um efeito acumulativo, de progressão geométrica, que leva à disseminação completamente descontrolada."
Responsável por pesquisas que monitoram o coronavírus, Hallal avalia que, hoje, os jovens têm sido os principais vetores da doença. "Há uma série de evidências do aumento do vírus no grupo entre 15 a 30 anos", afirma. "É preciso dizer que os jovens têm desrespeitado o pacto coletivo de segurança."
Sem imunizante no País ou tratamento com eficácia cientificamente comprovada, a principal estratégia contra a transmissão do vírus seria o isolamento social. "Mas a realidade é que hoje, com uma curva tão longa e sem o auxílio emergencial, a simples ideia do 'fica em casa' é inócua", diz Hallal. "É preciso evitar aglomeração, usar máscara e pressionar o seu governo por vacina."
Uma força-tarefa do Estado e da Prefeitura de São Paulo interditou 11 estabelecimentos e flagrou cerca de 6,7 mil pessoas em festas clandestinas ou bares funcionando irregularmente durante os feriados de Natal e réveillon, conforme divulgado nesta segunda-feira. A operação foi organizada para fiscalizar as medidas adotadas pelo governo e evitar aglomerações neste fim de ano.
O País vive a expectativa de ver divulgada uma data concreta para o início da campanha de vacinação. Enquanto o governo de São Paulo fala em 25 de janeiro e o governo federal também diz atuar para iniciar a imunização nesse período, as vacinas mais cotadas para serem aplicadas em território brasileiro ainda não obtiveram autorização formal da Anvisa. O dado de eficácia da Coronavac ainda não é conhecido e a importação da vacina da AstraZeneca/Oxford agora está envolta em um nó com a Índia.
Nesta segunda-feira, 4, a média móvel de mortes por covid-19 ficou em 707 vítimas. Segundo o consórcio de veículos de imprensa, foram registrados 562 novos óbitos em 24 horas e 22.489 casos. No total, o Brasil tem 196.591 mortes registradas e 7.754.560 pessoas contaminadas, segundo o balanço mais recente.