Após novos problemas, Anvisa cancela mais de mil pomadas para cabelo; veja riscos
Apenas no estado do Rio de Janeiro cerca de 100 pessoas relataram queimadura nos olhos causadas por cosmético nas festas de final de ano
Com as festas de fim de ano, novos relatos foram obtidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) envolvendo pomadas para fixar o cabelo. Apenas nos hospitais do Rio De Janeiro, na última quinta-feira (27), ao menos 100 pessoas foram socorridas com irritação e queimaduras na região dos olhos causadas pelo cosmético.
Depois dessas reclamações, que foram transmitidas à Anvisa pela Secretaria de Saúde carioca, desde a última sexta-feira (28) a Agência decidiu cancelar mais de 1,2 mil pomadas para modelar ou fixar cabelos.
Esta não é a primeira vez que a Anvisa adverte os fabricantes deste tipo de produto. Em fevereiro de 2023, no estado de Pernambuco, mais de 250 pessoas já haviam sido atendidas com problemas de visão por causa do uso do produto.
Já em março do ano passado, também no Rio de Janeiro, uma mulher perdeu a visão por dias depois de ter usado uma pomada modeladora. Na época, a Anvisa chegou a proibir a venda de todas as pomadas para trançar os fios; depois, foi publicada uma resolução com regras para a venda destes produtos.
Agora, na última decisão, foi proibida a venda de produtos que:
- Possuíam a forma física declarada de pomada;
- Incluíam o termo pomada na embalagem em qualquer idioma;
- Tinham na fórmula 20% ou mais de álcoois etoxilados;
- Tinham sido notificados durante suspensões anteriores;
- E que tinham sido registradas por empresas que tiveram pelo menos um produto associado a evento adverso grave.
Riscos do uso de pomada
Os riscos destes cosméticos envolvem alergia e queimaduras nos olhos e na pele, além de intoxicação pulmonar e neuronal. Também podem provocar inflamações das pálpebras, conjuntivites, úlceras de córnea e até cegueira. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia alerta que muitos destes produtos têm dois compostos químicos que são conservantes tóxicos: o metilcloroisotiazolinona (MCI) e o metilsotiazolinona (MI).
Em entrevista publicada no Terra após o caso de cegueira temporária envolvendo as pomadas, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, que é presidente do Instituto Penido Burnier, explicou que o problema é quando o produto escorre para os olhos por causa de chuva ou suor.
Ele recomenda que, quem aplicou a pomada recentemente, deve evitar sair a pé em dias de chuva, evitar banhos de piscina ou mar e lavar o cabelo para retirar o produto em um salão, ou em casa com a cabeça inclinada para trás, tomando todo cuidado para não respingar uma gota no olho.
"Mulheres que não aplicaram pomada no cabelo devem aguardar a avaliação dos produtos disponíveis no mercado pela ANVISA. Apesar da interdição, ainda é possível encontrar muitas ofertas na internet, mas uma queimadura na córnea pode ser irrecuperável. Não vale a pena arriscar", alertou o médico.