Asma: exercícios físicos podem diminuir risco de novas crises
A prática de exercícios não precisa ser evitada por pacientes com asma, já que ela promove excelentes benefícios para o tratamento da doença
A asma é uma das doenças crônicas mais comuns. Ela atinge crianças e adultos, acometendo cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Só no Brasil existem aproximadamente 20 milhões de asmáticos, e a doença costuma ser a terceira ou quarta causa de hospitalizações pelo SUS, conforme a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Entre todas as pessoas que vivem com asma, é muito comum a percepção de que não se pode praticar exercícios, mas na verdade eles podem ser grandes aliados. Isso porque a prática de atividade física promove o bom funcionamento cardiorrespiratório e diminui os riscos de novas crises de asma.
Contudo, para iniciar a prática de qualquer esporte, é preciso ter a doença controlada, seguindo as orientações médicas e realizando o tratamento de forma adequada. "Parte dos portadores de asma grave iniciam as atividades físicas caminhando ao menos 30 minutos por dia. Essa frequência ajuda a diminuir os sintomas da asma e ajuda a seguir para as atividades mais intensas, caso tenham interesse", explica Guilherme Azizi, membro do Serviço de Imunologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) e médico do Fluminense Football Club.
Benefícios dos exercícios físicos para a asma
A prática regular de exercícios físicos por pacientes que têm a asma controlada traz excelentes benefícios. Como já foi destacado, abandonar o sedentarismo promove o bom funcionamento cardiorrespiratório e diminui os riscos de novas crises. Exercícios leves, como a caminhada, já são capazes de reduzir os sintomas da doença.
Para os pacientes de asma, um pulmão treinado e melhor oxigenado favorece até mesmo no controle dos sintomas da ansiedade, visto que a pessoa com a doença muitas vezes desenvolve crises de ansiedade pelo medo das consequências da falta de ar em alguns momentos. Além disso, a atividade física é indicada para aumentar a tolerância ao esforço.
Essa é a doença crônica mais comum entre os atletas olímpicos (8%), e o que não faltam são bons exemplos no esporte brasileiro quando falamos de asma. A doença acomete atletas como a atacante Marta, jogadora de futebol eleita seis vezes a melhor do mundo, e os nadadores Fernando Scherer e Cesar Cielo. E todos eles são campeões ou medalhistas olímpicos.
Esportes indicados
Basicamente, para todos aqueles que buscam melhorar o condicionamento físico, o padrão respiratório e fortalecer os músculos da caixa torácica, o esporte é um grande aliado. Guilherme cita algumas modalidades que podem ajudar:
Natação:
A natação é frequentemente recomendada aos asmáticos como um meio seguro e agradável de manter a função pulmonar, aumentar sua capacidade aeróbica e melhorar sua qualidade de vida, como destaca o médico. A modalidade é eficaz para tratar a bronquite e a asma, pois dilata os brônquios, alvéolos e pulmões, o que melhora a respiração celular e a saturação. Porém, é recomendado aos nadadores com asma que evitem piscinas mal gerenciadas, com níveis excessivos de cloro no ar ou na água, porque ele pode dificultar a respiração.
Futebol:
Até mesmo uma atividade intensa como o futebol pode ajudar quem vive com asma. Mas é preciso cuidado, já que o esporte pode desencadear os sintomas mais facilmente. É preciso atenção ao clima, porque se estiver muito frio ainda haverá chances de novas crises.
Ciclismo:
Andar de bicicleta pode ser uma atividade física muito proveitosa. Porém, é preciso tomar cuidado nos centros urbanos, pois o exercício eleva a frequência respiratória e aumenta relativamente o contato das vias aéreas e alvéolos com os poluentes que contaminam o ar. No primeiro momento, o ideal seria andar devagar, para que o indivíduo avalie as possibilidades e sintomas de uma crise no momento da prática com maior velocidade.
Yoga:
O yoga é uma atividade que engloba um sistema amplo e milenar de conhecimentos. Sua prática é caracterizada pelos movimentos coordenados com a respiração e uma atitude de atenção plena que integra corpo, mente e energia vital. Começar a praticar yoga pode melhorar a função pulmonar e a qualidade de vida em pacientes com asma estável leve a moderada.
Pilates:
O interessante dessa atividade física é que o seu criador, Joseph Pilates, sofria de asma na infância. A prática preza muito não só apenas pela respiração, mas também pela concentração, precisão e fluidez dos movimentos, levando benefícios para todo o corpo.
Corrida:
Correr em alta intensidade é considerado uma atividade física que pode desencadear os sintomas da asma. Mas isso não significa que a prática deva ser evitada, até porque é sempre possível controlar a própria velocidade. Porém, é preciso tomar alguns cuidados: o ambiente influencia no aparecimento dos sintomas e existem alguns fatores que os desencadeiam, como temperatura e umidade climática, poluição do ar, pólens e fungos suspensos no ar e vapores químicos dispersos. Procure correr em espaços abertos com uma boa qualidade do ar.