Atacante brasileiro que joga no Wuhan relata exames diários
Rafael Silva contou ao 'Estado' que o tradutor do time está com um tio internado por coronavírus na China; time está 'preso' na Espanha e não pode voltar ao país
SÃO PAULO - O atacante brasileiro Rafael Silva tem visto de perto a angústia vivida pelos chineses com o surto de coronavírus. Como atua pelo time da cidade considerada o epicentro da doença viral, o jogador do Wuhan Zall vê os colegas passarem por exames médicos diários para comprovar as condições de saúde e não sabe quando poderá entrar em campo, já que o calendário do Campeonato Chinês começaria no próximo dia 21, mas está suspenso.
Em entrevista ao Estado, o atacante com passagens por Corinthians e Coritiba contou que só está mais tranquilo porque está fora da China. Rafael Silva aproveitou que o time havia programado passar o mês de janeiro na Espanha para fazer um período de treinos nas férias e evitar o frio intenso de Wuhan. Quando decidiu embarcar para Sevilha antes dos demais colegas apenas para ganhar tempo, ele escapou do pior por acaso.
"Estou na Espanha há dez dias. Já o resto do time chegou ontem (quarta-feira). Nossa previsão era ficar em Sevilha até o dia 18 de fevereiro e ver o que vai acontecer, caso a gente não tenha condições de voltar. Não tem mais voos para lá", contou. O jogador que passou por Corinthians e Coritiba procurou conversar com os colegas para saber mais detalhes sobre o impacto do coronavírus e ficou assustado.
O tradutor do time está com o tio internado em um hospital e outros colegas passam o dia em contato com familiares para saber informações. "Os jogadores estão muito preocupados. A família deles está em casa e quase não pode sair, a não ser dentro de um horário definido. Se é para fazer compras, eles precisam ir em mercados que têm entrada subterrânea", contou.
Durante o período de preparação do Wuhan Zall na Espanha os jogadores chineses do elenco têm recebido atenção especial. A comissão técnica trouxe um médico extra e realiza diariamente exames para saber se há febre ou alguma presença de sintomas. Até agora nenhum problema foi encontrado. Os chineses também estão autorizados a conviver livremente com os demais colegas.
"É algo muito impactante. Muitas pessoas estão morrendo. Mas no meu caso os médicos consideram que estou seguro, porque já estava na Espanha", comentou. Rafael Silva está há dois anos no clube e foi um dos destaques do time na última temporada. O jogador mora em Wuhan junto com a namorada e mais um amigo. Os dois também não correm perigo, pois estão na Europa.