'Ato de amor': eles salvaram a vida dos amigos doando um órgão
No Dia do Amigo, conheça as histórias de Érika, que doou um dos rins para a amiga Michele, e de Adélia, que doou o órgão para o amigo Sidney
Neste sábado (20) é comemorado o Dia do Amigo. Para celebrar a data, o Terra Você vai contar histórias reais que comprovam o poder transformador da amizade. É o caso de Michele Silva de Oliveira e Érika Justino, amigas de longa data que vivenciaram um momento ímpar: a doação de um órgão.
Michele, aos 45 anos, lutava contra uma síndrome nefrótica que comprometia 70% da função renal. A diálise se tornou parte da rotina, mas a esperança por um transplante era cada vez mais tênue. Foi quando Érika, amiga há 29 anos, se ofereceu como doadora, demonstrando um gesto de amor incondicional.
Em 26 de janeiro deste ano, a cirurgia de transplante renal foi realizada no Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro. A alegria do sucesso foi imensa, e logo ambas retomaram suas vidas, inclusive compartilhando a paixão pelo samba, unidas ainda mais por esse laço de amor e gratidão.
"Considero o que ela fez por mim um ato de amor mesmo. Às vezes, as pessoas colocam tantos empecilhos para qualquer gesto de generosidade, pensando que doação é só algo material, mas, na verdade, não é. Você pode doar sangue, órgãos, e isso tudo é amor."
Michele Silva de Oliveira, que recebeu um rim da amiga Érika
A história de Michele e Érika é um lembrete inspirador da força da amizade. Elas não apenas salvaram uma vida, mas também fortaleceram um vínculo que já era especial, tornando-o eterno.
Um ato de generosidade que salva vidas
Mas a história de Michele e Érika não é a única. Em "Canção da América", Milton Nascimento canta que "amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito". E foi justamente no peito de Sidney dos Santos Gomes, de 56 anos, que a amizade de Adélia Maria Mariano Siquera, de 36 anos, se concretizou através da doação de um rim.
Sidney sofria há três anos com Doença Renal Crônica (DRC) e sua vida dependia da hemodiálise. Adélia, amiga há mais de 10 anos, não hesitou em se oferecer como doadora ao saber da compatibilidade, algo difícil de acontecer até mesmo entre familiares às vezes. A cirurgia aconteceu no Complexo Hospitalar de Niterói, também no Rio de Janeiro, e foi um sucesso.
"Hoje, depois do transplante, que pude realizar por intermédio da generosidade de minha amiga de mais de 10 anos, tenho qualidade de vida, estou muitíssimo bem, graças a Deus, e sou outra pessoa."
Sidney dos Santos Gomes, que recebeu um rim da amiga Adélia
É possível viver normalmente apenas com um rim
Embora histórias como a de Michele e Sidney sejam inspiradoras, a taxa de doação de rim entre vivos no Brasil ainda é baixa. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, em 2023, a taxa de transplantes por doador vivo foi de apenas 4,78 pmp, enquanto a do doador falecido foi de 18,65 pmp.
Doar um rim é um ato de amor que pode salvar vidas. A ciência atesta a segurança da doação de órgão duplo para uma pessoa viva. No caso do rim, o órgão mantido cresce e supre normalmente a função antes adotada por dois. Por isso, é importante conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e desmistificar mitos que impedem pessoas de realizarem esse gesto altruísta.
"O transplante renal com paciente vivo já é feito há muitos anos. Está muito consolidado e claro pra gente que a pessoa tem total condição clínica de ter uma vida saudável só com um rim, capaz de atender toda a demanda", explica o médico nefrologista Alvaro Steiner, especialista em transplante renal do Hospital São Lucas Copacabana, em entrevista anterior ao Terra Você.
Como funciona legalmente?
Pela lei brasileira, pessoas sem parentesco precisam da expedição de um Alvará de Autorização Judicial para uma doação entre pacientes vivos, impedindo assim a venda de órgãos. Foi esse o caso dos quatro personagens mostrados nesta matéria.
