Baião de dois envenenado no PI: especialista explica efeitos e como agir em caso de intoxicação
Ao Terra Agora desta quinta-feira, 9, o toxicologista Rafael Lanaro deu mais detalhes sobre a substância usada em crime que matou família
Um baião de dois contaminado por terbufol, produto químico desautorizado pela Anvisa e popularmente conhecido como 'chumbinho', matou quatro pessoas da mesma família, incluindo duas crianças, em Parnaíba, no Piauí. Traços da substância foram encontrados pelo Instituto de Criminalística do PI.
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Ao Terra Agora desta quinta-feira, 9, o toxicologista e presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia Rafael Lanaro deu mais detalhes sobre como o terbufol age no organismo e como proceder em casos de suspeita de intoxicação pela substância.
Lanaro destacou que o terbufos é um produto clandestino, sem qualquer autorização da Anvisa e registro legal para circulação no Brasil: "É comercializado ilegalmente e utilizado ilicitamente com finalidade raticida", explica, além de citar que há uma variação do produto destinado ao uso agrícola.
O químico tem ação neurotóxica, ou seja, quando é ingerido, age sobre as enzimas e dispara o neurotransmissor acetilcolina. Com relação ao tempo de ação, os primeiros sintomas de intoxicação surgem entre 5 a 10 minutos, com o auge do efeito em meia hora após a ingestão do produto.
"Quem está sob efeito, vai ter sintomas como a diminuição dos batimentos do coração, tremores musculares, salivação e suor intensos e, principalmente, a hipersecreção brônquica, o pulmão estará cheio de secreção e, consequentemente, o paciente morre em decorrência de uma insuficiência cardiorrespiratória", diz Lanaro.
O especialista aponta, ainda, que o terbufos é conhecido pelo formato granulado, em que é possível identificar através de pequenos pontos escuros. O produto também tem odor forte característico, semelhante ao cheiro de alho.
Ainda segundo Lanaro, em caso de suspeita de intoxicação pela substância, a agilidade no atendimento à vítima é essencial. "Procurar o serviço de urgência o quanto antes, a primeira medida é correr para o hospital. Se estiver consciente, colocar a vítima no carro e levar ao hospital. Se estiver inconsciente, chamar uma ambulância, um serviço com UTI móvel".
"Dentro do hospital, tem que ter um tratamento intensivo, de forma precoce, em que os médicos plantonistas precisam garantir o suporte vital, as funções respiratórias, cardíacas e neurológicas do paciente. Após isso, é preciso entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), que oferece suporte clínico, laboratorial e dispõe de antídotos", ressalta Lanaro.
O especialista aponta, também, que deve-se evitar induzir possíveis vítimas de intoxicação ao vômito, uma vez que existe o risco da substância parar nos pulmões: "Aí, além de tudo, o paciente também vai desenvolver uma pneumonite química, que vai agravar a situação".
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