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Banco de Desenvolvimento do BRICS libera ajuda de R$ 5 bilhões à China

A quantia liberada é o maior empréstimo já autorizado pela instituição na história e foi o primeiro para ações relacionadas ao coronavírus

20 mar 2020 - 20h02
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BRASÍLIA - O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) aprovou uma linha de financiamento emergencial de R$ 5 bilhões (U$ 1 bilhão) para suporte ao governo da China, por causa dos esforços de combate ao novo coronavírus, e já iniciou tratativas com outros governos, entre eles o brasileiro. A quantia liberada à China é o maior empréstimo já autorizado pelo banco na história e foi o primeiro para ações relacionadas à covid-19.

No Brasil, executivos do NDB fizeram consultas junto ao governo Jair Bolsonaro. As conversas ocorrem com a equipe do Ministério da Economia. No entanto, há espaço para empréstimos direto aos governos estaduais. Para ter acesso aos financiamentos, governos nos três níveis e entidades privadas devem submeter os projetos à análise do corpo de diretores do banco.

"O NDB está inteiramente disposto a considerar novos projetos semelhantes ao preparado para China e está intensificando consultas com seus outros quatro países membros, especialmente os que mais enfrentam desafios neste front", disse Sarquis J. B. Sarquis, vice-presidente para Risco, Estratégia, Parcerias e Pesquisa.

Segundo o executivo, o NDB tem a meta de chegar a uma cifra U$ 1,5 bilhão e U$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões) em projetos financiados no País com os setores público ou privado em 2020. A direção do banco tem estimulado parcerias com a iniciativa privada, que não dependem de risco soberano.

O conselho de diretores do banco criado em 2014 pelos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) aprovou o projeto em reunião nesta quinta-feira, dia 19. O banco havia anunciado a intenção de conceder o financiamento no mês passado. O programa de assistência à China demorou um mês para ser aprovado.

O empréstimo será feito na moeda chinesa, sendo equivalente a 7 bilhões de yuans. O dinheiro foi dividido entre os governos de Hubei (3,2 bilhões de yuans), Guangdong (2,1 bilhões de yuans) e Henan (1,4 bilhão de yuans), as três províncias mais impactadas pela pandemia, com mais casos de infecção confirmados.

O objetivo é financiar gastos urgentes e inesperados com o sistema de saúde pública e minimizar impactos negativos na economia local.

A sede do banco funciona desde 2015 em Xangai, na China, e desde o ano passado há representação no Brasil, o chamado Escritório Regional das Américas. O foco da instituição é fomentar projetos de longo prazo em infraestrutura e desenvolvimento sustentável, mas oferecer crédito a saúde pública está em linha com esse objetivo, explica Sarquis: "A crise epidêmica é oportunidade para responder aos hiatos de saúde pública e de infraestrutura social, que foram claramente evidenciados tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento".

Entre os benefícios diretos do programa de um ano de duração, o banco cita reduzir mortes, aumentar a capacidade de resposta emergencial do sistema de saúde pública, conter a transmissão da covid-19 e minimizar impacto orçamentário nos governos locais. A única preocupação é com o gerenciamento do lixo hospitalar.

O banco considera que a China enfrenta desafios econômicos sérios e dificuldades humanas, mas afirma que os impactos serão internacionais.

"Um surto como esse não respeita fronteiras, e todos os países têm interesse em controlá-lo. O apoio emergencial do NDB para conter o surto contribui com a comunidade global. Os beneficiários do programa não estão apenas na China, mas em todos os países do mundo, inclusive os membros do NDB."

O banco espera minimizar as consequências negativas da pandemia na saúde e na economia chinesas, de forma a tornar o país mais capaz de se recuperar de forma rápida no futuro.

"Estes esforços emergenciais têm impacto tanto estrutural como contracíclico nas economias e sociedades, tornando-as mais resilientes face a choques adversos desta natureza", disse Sarquis.

Estadão
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