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É possível encontrar o equilíbrio na busca pela felicidade?

Manter o foco e conciliar todas as atividades e compromissos é um desafio diário

28 mar 2022 - 05h00
(atualizado em 8/4/2022 às 14h44)
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É da natureza humana encontrar formas para buscar a felicidade plena, com satisfação em todos os aspectos, porém esse objetivo pode deixar de ser saudável a medida em que a obsessão por tal meta provoca um sentimento reverso, como a frustração. É possível ter uma vida feliz e com tudo totalmente equilibrado o tempo todo? 

Essa é uma pergunta que muitos se fazem ao longo da jornada. Os compromissos profissionais e pessoais, as vontades mais profundas, vez e outra itens colocados como essenciais ou deixados de lado, um malabarismo emocional para tentar encaixar cada parte desse gigante quebra-cabeça. O excesso de trabalho, por exemplo, não apenas impacta no ambiente corporativo, mas pode respingar na vida social, com as diversas tarefas que ocupam até mesmo os períodos que deveriam ser de descanso. 

Saber dosar a energia é tão importante quanto usá-la totalmente.
Saber dosar a energia é tão importante quanto usá-la totalmente.
Foto: WavebreakMediaMicro / Adobe Stock

Desde janeiro desse ano, a OMS (Organização Mundial de Saúde) oficializou o Burnout como uma síndrome ocupacional, portanto, presente na classificação mundial de doenças. O esgotamento mental, sobretudo com a alta demanda atividades e a pressão por resultados, acaba afetando as pessoas que tentam a todo custo dar conta de uma rotina muito agitada e sem espaço para o próprio bem-estar. 

“As pessoas tendem a se preocupar muito com o resultado final e esquecem de focar no presente. Por exemplo: quero emagrecer, então vou tomar todas as ações pertinentes para que esse resultado chegue futuramente. Ao mesmo tempo, vou pegar firme no trabalho para ter dinheiro no futuro e comprar o carro que quero. Mas ao mesmo tempo, preciso me desdobrar para cuidar dos meus filhos, pois quero que sejam adultos incríveis e responsáveis no futuro”, pondera a psicóloga Gabriele de França, que também aponta: “Isso faz com que as pessoas fiquem em um ciclo de insatisfação e busca por cada vez mais, tornando-as emocionalmente frustradas e ansiosas pelo dia em que os resultados a longo prazo chegarão”. 

Ainda segundo a psicóloga, além do cansaço físico, o corpo costuma dar alguns outros sinais de esgotamento: “Insatisfação (foco no resultado que ainda virá não me permite ver o que estou concluído no presente), culpa (sentimento de não estar aproveitando a vida pois o foco está na busca pela felicidade que só chegará no futuro), autocobrança (devo dar o meu melhor para atingir meus objetivos), sintomas ansiosos (misto de sentimentos físicos como olhos tremendo, palpitação, boca seca, e pensamentos negativos como “não vou dar conta”, “algo vai dar errado”), paralisação frente as suas tarefas: você precisa cumpri-las, mas não consegue agir”. 

Ir à academia, estar com a família, estudar e ainda ter alto rendimento no trabalho, às vezes é impossível dar conta de tudo isso, mas o sentimento de culpa impede que cada indivíduo reflita friamente sobre o real rendimento e que o quão normal é priorizar tarefas ou compromissos. Para encerrar, Gabriele destaca como as pessoas podem lidar com as frustrações geradas pelo medo de não conseguir cumprir todas as tarefas e obrigações: 

“O primeiro passo é analisar bem cada situação. O que está verdadeiramente ao meu alcance? Devo me frustrar por algo que não depende de mim? Esse é um questionamento crucial para entender até onde vai a nossa responsabilidade. O segundo, é entender que o equilíbrio em todas as esferas da vida é inatingível. Devemos dar atenção aos pilares que nos sustentam, mas em determinados momentos alguns precisarão de mais energia do que outro”. 

No campo da meditação e exercício mental, é bem comum observarmos técnicas específicas na busca da concentração plena, como no mindfulness, além de reflexões mais profundas sobre a condição emocional de cada indivíduo, trabalhando lacunas em busca do autoconhecimento, aceitação e equilíbrio. 

Somos bombardeados com informações e estímulos mentais o tempo todo, fatores externos que nos tiram a atenção e prejudicam a produtividade diária. O mindfulness é uma técnica que busca atenção total para viver o momento, o presente, deixando de lado pensamentos sobre futuro e passado. Já a meditação é ainda mais ampla, com frentes para diferentes aspectos, incluindo aumentar o foco, mas também dedicada ao processo que visa tornar possível analisar pontos específicos e refletir de um modo mais abrangente. 

A ideia de disponibilizar diferentes linhas trabalhadas pelas meditações traz justamente a necessidade de evidenciar que o equilíbrio é importante na vida, mas que nem sempre é possível atingir tal estado 100% do tempo. O cotidiano é formado por uma série de eventos, e alguns deles independem da vontade ou planejamento de um indivíduo ou grupo de pessoas. 

Por isso as técnicas chegam para cuidar de gatilhos psicológicos que muitas vezes transmitem a impressão de que tudo está em desequilíbrio por nossa culpa, levando praticantes a um estado de reflexão e aceitação da condição atual, porém sem ignorar pontos da vida que merecem atenção especial e, como deve ser, espaço para melhoria. Mais do que bem-estar físico, a sociedade atual se volta à saúde mental.  

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