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Bolsonaro: Quem quer vender vacina tem de ir atrás da Anvisa

Presidente afirmou que Brasil tem 'mercado consumidor enorme' e interesse deveria ser dos laboratórios

28 dez 2020 - 12h42
(atualizado às 13h04)
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No momento em que vários países, inclusive da América Latina, anunciam o início da imunização contra a covid-19, o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar a demora para começar a vacinação no Brasil. Segundo ele, diante de um mercado consumidor "enorme" no País, os laboratórios é que deveriam estar interessados em pedir a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para os imunizantes poderem ser usados aqui.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília
17/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília 17/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que eles não apresentam documentação na Anvisa?", indagou Bolsonaro a um grupo de apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF). "Pessoal diz que eu tenho que ir atrás. Não, quem quer vender (que tem). Se sou vendedor, eu quero apresentar", emendou.

O Ministério da Saúde tem acordos para a compra da vacina da AstraZeneca e participa do consórcio Covax Facility. Há ainda memorando de intenção de compra com diversos fabricantes, sendo o pré-acordo com a Pfizer o mais citado pelo ministro Eduardo Pazuello, ainda que a aquisição não esteja garantida. Além disso, o Instituto Butantã espera distribuir a Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. Nenhuma delas, no entanto, tem aval da Anvisa para começar a ser distribuída.

Bolsonaro também reafirmou que os fabricantes dos imunizantes não se responsabilizam por eventuais efeitos colaterais e que também não irá tomar vacina, pois já contraiu covid-19. "Agora, quem já foi contaminado, como eu, tem que tomar de novo?", disse o presidente. Estudos científicos já demonstraram que mesmo quem já foi contaminado pelo novo coronavírus pode ser novamente infectado.

Apesar das ressalvas feitas às vacinas, Bolsonaro disse que "o cheque de R$ 20 bilhões" para a compra dos imunizantes já foi assinado por ele. "Tem muita gente de olho nesse dinheiro", disse, sem citar nomes. "Impressionante como uma ou outra pessoa que a gente conhece, não vou dizer o nome aqui, jamais se preocuparia com a vida do próximo. A preocupação é outra. Não vou falar qual que é", emendou.

Bolsonaro repetiu que não está preocupado com o início da campanha de vacinação no País, pois o processo depende da Anvisa. "Se eu vou na Anvisa, que é um órgão de Estado, e digo 'corre aí' , vão falar que estou interferindo", completou o presidente. Na semana passada, ele havia afirmado "não dar bola" para as pressões.

Estadão
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