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Brasil pode aprender com África no combate ao vírus, diz OMS

Entidade cita distanciamento social e conscientização da população entre as causas dos baixos números do continente

4 jun 2020 - 12h38
(atualizado às 13h55)
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Foto: Ellan Lustosa/Código 19 / Estadão Conteúdo

A África é o segundo continente menos afetado pela covid-19 no mundo, com cerca de 163 mil casos confirmados e aproximadamente 4,6 mil mortes pelo vírus, de acordo com a Johns Hopkins. O Brasil, por sua vez, tem 32.548 vítimas, segundo o Ministério da Saúde — um número sete vezes maior. Os Estados de São Paulo e Rio, somados, já tiveram mais casos (182.723) e mais do que o triplo de óbitos (14.286) na comparação com o continente.

O País pode tirar lições da forma como os africanos estão combatendo a doença. É o que afirma Matshidiso Moeti, diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) na África.

"O que o Brasil pode aprender? Os países da África, desde muito cedo, implementaram medidas muito significativas de distanciamento social e físico. Isso nos deu um tempo a mais. Ao mesmo tempo, esses países trabalharam duro para ampliar a capacidade do sistema de saúde", explicou Moeti.

Além de pregar a importância das medidas de isolamento, a diretora citou um "engajamento muito forte da população", que está se mobilizando para ajudar a conter a disseminação do coronavírus. "As pessoas estão tomando atitudes por conta própria, para se protegerem e para protegerem os outros da infecção", disse.

O abismo entre os números da África e do restante do mundo pode ter relação com a subnotificação de casos. De acordo com Moeti, porém, não há razões para crer que essa subnotificação seja tão grande a ponto de esconder uma outra realidade no continente. A diretora admitiu escassez na testagem, mas afirmou que haveria meios de detectar uma larga defasagem nos dados caso ela existisse.

"Temos uma maneira diferenciada de observar se houve aumento acelerado nos casos, através do Sistema de Vigilância Sentinela para Influenza. Se houvesse um grande número de pessoas com sintomas respiratórios e febre, teríamos encontrado nesse sistema. Isso não aconteceu. Há alguma subnotificação, mas não é como se um dia fôssemos descobrir que muitos e muitos africanos morreram de covid-19 e não detectamos", garantiu a diretora.

Países que conseguiram ampliar os testes de diagnóstico nas últimas semanas, como Gana, Senegal e Etiópia, também amparam a convicção de Moeti na autenticidade dos números africanos. Por conta disso, houve um aumento nos casos diários confirmados, mas nada que preocupe a entidade a respeito de subnotificações, segundo a diretora.

Do trio citado, Gana é o país com mais infectados pela doença — 8.548, segundo a Johns Hopkins. Senegal tem menos da metade dos casos confirmados (4.021), mas já registrou sete mortes a mais: 45, contra 38 de Gana. A Etiópia soma 1.636 casos e 18 óbitos pela doença.

Nenhum país africano está no top 25 mundial de casos e de mortes da covid-19. Em todo o continente, a África do Sul é o que mais registrou infectados pelo vírus. com 37.525, dos quais 792 morreram. O Egito é o que teve mais vítimas, com 1.088.

Estadão
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