Brasil recebe primeiro lote de vacina atualizada da covid; veja grupos prioritários da campanha
Doses serão destinadas à campanha nacional de vacinação, originalmente programada para começar em março; imunizante tem como diferencial a proteção contra a mais recente variante da doença, a XBB 1.5
O Brasil recebeu na quinta-feira (2) o primeiro lote da vacina atualizada contra a covid-19, com 1,25 milhão de doses que serão utilizadas na campanha nacional de imunização deste ano. Desenvolvidas pela farmacêutica Moderna, as doses fazem parte de um total de 12,5 milhões adquiridas pelo Ministério da Saúde em abril após um imbróglio jurídico no processo de compra que colocou em disputa a Moderna e a Pfizer. O impasse atrasou para maio o início da campanha, originalmente programada para ter início em março.
Despachado dos Estados Unidos, o lote foi recebido no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, e encaminhado para o centro de distribuição do governo federal na capital paulista. De acordo com o Ministério da Saúde, a distribuição para todos os Estados do País ocorrerá nos próximos dias. Após essa etapa, os Estados assumem a responsabilidade de distribuir as doses para os municípios, que terão autonomia para definir a data de início das aplicações. O ministério não divulgou uma data para início da campanha em todo o território nacional.
De acordo com a Adium, representante da Moderna no Brasil e responsável pela operacionalização das entregas das vacinas, estão programados 40 voos para trazer o restante das doses adquiridas, com previsão de término da entrega ainda em maio.
Em comunicado divulgado pelo ministério, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, ressaltou que, embora em patamares menores em comparação ao pico da pandemia, a covid-19 segue causando mortes no Brasil, sendo ainda um motivo de preocupação. "Por isso, é fundamental que toda a população, especialmente os grupos prioritários, busque a imunização", disse a secretária.
Registrada pelo nome de Spikevax monovalente, a nova vacina da Moderna foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro e tem como diferencial a proteção contra a mais recente variante da doença, a XBB 1.5. As doses serão destinadas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e podem ser aplicadas em bebês a partir dos seis meses de vida e crianças com menos de cinco anos.
Além desses grupos, idosos, imunossuprimidos, pessoas com comorbidades ou deficiências permanentes, gestantes e puérperas, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, pessoas privadas de liberdade e trabalhadores da área da saúde também estão inclusos na campanha nacional de vacinação deste ano. O quantitativo comprado pelo ministério, porém, não será suficiente para oferecer uma dose de reforço a todos dos grupos prioritários. O Estadão questionou o ministério qual subgrupo terá preferência, mas a pasta informou apenas que está em processo de compra regular de mais 70 milhões de doses.
Para as crianças, a recomendação do Ministério da Saúde é aplicar a primeira dose da vacina aos seis meses de idade, a segunda dose aos sete meses e terceira dose aos nove meses. No entanto, todas as crianças de seis meses a menores de cinco anos não vacinadas ou com doses em atraso poderão completar o esquema de três doses, seguindo o intervalo recomendado de quatro semanas entre a primeira e a segunda dose e oito semanas entre a segunda e a terceira. No caso dos adultos, o indicado é apenas uma dose do imunizante.
Atraso e desabastecimento
Prevista para ser iniciada em março, a campanha de vacinação da covid-19 foi adiada em decorrência de atrasos no processo de compra de vacinas contra a covid-19 pelo Ministério da Saúde, provocando desabastecimento em vários Estados do País, conforme mostrou o Estadão em reportagem publicada em abril.
Segundo o Ministério da Saúde, o problema foi causado por um impasse entre as farmacêuticas Pfizer e Moderna, que brigavam na Justiça por divergências no pregão de compra. Especialistas, no entanto, afirmaram que a escassez dos imunizantes também estaria relacionada à falta de planejamento do ministério.
Com isso, ao menos seis Estados (de dez que responderam aos questionamentos da reportagem em abril) afirmaram que havia risco de a vacinação ser interrompida pelos estoques baixos: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Maranhão e Tocantins.