Script = https://s1.trrsf.com/update-1730403943/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Brasil tem 42.791 mortes por covid-19, aponta consórcio

Nas últimas 24 horas, o País contabilizou 890 novos óbitos e mais 20.894 casos de infecção; total de pessoas contaminadas é de 850.796

13 jun 2020 - 20h12
(atualizado às 20h26)
Compartilhar
Exibir comentários

SÃO PAULO - Segundo país do mundo com mais contaminados e mortos pelo novo coronavírus, o Brasil registrou neste sábado, 13, 890 novos óbitos e mais 20.894 casos confirmados de infecção, segundo levantamento conjunto feito pelos veículos de comunicação Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. No total, 42.791 brasileiros já perderam a vida por causa da covid-19 e 850.796 pessoas foram infectadas, conforme dados atualizados às 20h. Na sexta-feira, 12, o País ultrapassou o Reino Unido em número absoluto de mortes e chegou à segunda posição no triste ranking global. Os Estados Unidos seguem na liderança, com 115.251 óbitos, segundo contabilização da Universidade Johns Hopkins.

18/05/2020
REUTERS/Lucy Nicholson
18/05/2020 REUTERS/Lucy Nicholson
Foto: Reuters

Três Estados brasileiros concentram mais da metade do total de mortes pela covid-19 no País: São Paulo (com 10.581 óbitos), Rio de Janeiro (7.592) e Ceará (4.853). Apesar disso, as capitais de todos eles já adotaram planos de flexibilização das medidas de distanciamento social. No caso paulista, o comércio de rua da cidade voltou a funcionar em 10 de junho com movimento intenso nos principais centros populares. No dia seguinte, foi a vez dos shoppings reabrirem, mas com horário reduzido e organização do fluxo de pessoas, com limite é de 20% da capacidade. O Estado com menos casos e óbitos é o Mato Grosso do Sul, com 28 mortes e 3.235 pessoas infectadas.

Os dados desse balanço do novo coronavírus no Brasil é resultado da parceria entre os jornalistas dos seis meios de comunicação, que se uniram para coletar junto às secretarias estaduais de Saúde e divulgar os números totais de mortos e contaminados. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso aos números da pandemia.

Posteriormente, o Ministério da Saúde recuou quanto à divulgação dos dados consolidados da covid-19 no País, mas, mesmo assim, o consórcio dos veículos de imprensa continua com o levantamento a fim de informar os brasileiros sobre a evolução da doença, cumprindo o papel de dar transparência aos dados públicos. Dados atualizados neste sábado às 18h40 pela pasta mostram que o Brasil tem 850.514 pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 42.720 mortos. Nas últimas 24 horas, foram contabilizados 21.704 novos casos e 892 óbitos.

Política descoordenada e irresponsável

O infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio Ribas, avalia que o cenário vivido hoje pelo Brasil, sendo o segundo país do mundo com mais casos e mortes pela covid-19, é resultado de uma política descoordenada do governo federal, que levou a atos irresponsáveis por parte de gestores locais. "O governo federal não unificou as estratégias de assistência e integração com governos estaduais e municipais", diz ele. "A partir do momento que não houve engajamento, houve problema estrutural de saúde pública, de unificar as posturas."

Técnicos do Ministério da Saúde e os próprios ex-ministros diziam repetidas vezes que a evolução da pandemia não ocorreria da mesma forma em todo o Brasil. Por isso, cada região, Estado e município teriam políticas de distanciamento social diferenciadas, com base na análise do cenário local. Mas o que se vê são cidades com muitos registros de infecção e mortes adotando flexibilizações no isolamento social.

O epidemiologista Pedro Hallal, que coordena um estudo no Rio Grande do Sul sobre o número de infectados, o primeiro em âmbito nacional, avalia que algumas propostas de reabertura são bem pensadas, mas ele questiona a implementação precoce delas. "Mesmo a proposta de São Paulo, que acho bem delicada pelo momento, parece que leva em consideração a regionalização, a dinâmica, é gradativa", diz. "A grande crítica geral, que tenho a todas, é que parecem que estão apressadas demais. A hora (de flexibilizar) é quando a curva está definitivamente descendente."

Segundo Gorinchteyn, era esperado que o Brasil seguisse por um caminho diferente de outros países que se viram com altos números de casos e mortes. A perspectiva se dava pelo fato de, em 3 de fevereiro, o Ministério da Saúde ter declarado a infecção pelo novo coronavírus uma emergência de saúde pública de importância nacional. "O Brasil se antecipava, sabia que o sistema de saúde já era comprometido, que o número de leitos e respiradores era comprometido, e aí era o momento de se engajar", diz o especialista. Foi diferente do Reino Unido, que inicialmente adotou uma postura de inação até ver que o sistema de saúde iria entrar em colapso e mudar as estratégias de enfrentamento. "Mesmo assim, não foi suficiente para que tivesse redução do impacto."

Apesar de ter começado bem, o Brasil saiu dos trilhos no meio do caminho, avalia o infectologista. "O ponto foi quando perdemos a liderança do Ministério da Saúde, um líder que tinha uma ascensão sobre a população. Todo mundo já queria sair de casa naquela época, em abril, e infelizmente perdemos a liderança, deixamos a população incitada a sair das suas casas e isso tornou a situação muito complicada", diz Gorinchteyn, referindo-se ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O que preocupa a comunidade médica é que o Brasil ainda não chegou ao pico do novo coronavírus e registra, a cada dia, mais casos de infecção de mortes pela covid-19. "Estamos colhendo o resultado do que vem acontecendo: os números são crescentes, cidades que já têm uma proximidade de comprometimento das UTIs estão flexibilizando sem qualquer preocupação. É um ato de irresponsabilidade que não vai trazer benefícios, pelo contrário, estaremos expondo mais as pessoas ao risco", analisa Gorinchteyn.

"Nós começamos a trilhar de forma boa, perdemos o rumo e hoje dificilmente vamos conseguir colocar as pessoas em casa de novo", diz o especialista. Hallal faz uma comparação: é como se as pessoas tratassem o distanciamento social como um interruptor de luz, que pode alterar o cenário de forma imediata. O processo, porém, é demorado. Gorinchteyn explica que o impacto das reaberturas de comércios pode ser visto dentro de duas semanas.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade