Brasil tem aumento de casos de pneumonia assintomática; doença requer tratamento
Forma da doença apresenta sintomas mais leves e pode passar despercebida; falta de sintomas mais graves pode levar à demora no diagnóstico
O Brasil tem registrado um aumento significativo nos casos de pneumonia em 2024, com destaque para a forma atípica da doença, causada principalmente pela bactéria Mycoplasma pneumoniae. Essa variação da pneumonia costuma apresentar sintomas mais leves e pode passar despercebida, levando à demora no diagnóstico e tratamento.
De acordo com dados de diversos hospitais brasileiros levantados pelo jornal O Globo em locais como o Sabará Hospital Infantil, em São Paulo, o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, e o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, houve um aumento expressivo no número de casos de pneumonia atípica, especialmente em crianças e adolescentes.
As Secretarias de Saúde de São Paulo e do Rio de Janeiro também confirmaram o crescimento dos atendimentos por pneumonia em suas redes municipais.
Pneumonia "silenciosa" também precisa de tratamento médico
O aumento está ligado a diversos fatores como a circulação simultânea de diferentes vírus, às mudanças climáticas, processos imuno alérgicos e a diminuição da imunidade da população após a pandemia de Covid-19.
"No período pós-pandemia de Covid-19, as medidas restritivas reduziram a circulação de muitos patógenos. Com a flexibilização dessas medidas, houve um aumento na suscetibilidade da população, especialmente entre as crianças, que não tiveram exposição prévia a diversos agentes infecciosos", explica ao Terra Você a pneumologista Michelle Andreata, médica da Saúde no Lar.
"Coinfecções também desempenham um papel importante. Infecções virais preexistentes, como as causadas por diferentes vírus respiratórios, podem predispor os indivíduos a infecções bacterianas subsequentes, como as causadas pelo Mycoplasma pneumoniae", completa a médica.
A pneumonia atípica, embora menos grave que a forma tradicional, não deve ser subestimada. Seus sintomas mais comuns incluem tosse seca, dor de garganta, cansaço e febre. No entanto, a falta de sintomas mais graves pode levar à demora no diagnóstico.
O aumento dos casos de pneumonia atípica no Brasil está alinhado com o observado em outros países após a pandemia de Covid-19. Especialistas acreditam que as medidas de isolamento social e o menor contato com patógenos durante a pandemia podem ter reduzido a imunidade da população, tornando-a mais suscetível a infecções como a pneumonia por Mycoplasma pneumoniae.
"Há ainda a questão da sazonalidade. Existe um padrão cíclico de surtos de infecções por Mycoplasma pneumoniae que ocorre a cada três a sete anos. Este ciclo natural pode explicar parte do aumento atual", explica a pneumologista.
É importante ressaltar que a pneumonia atípica, apesar de ser menos grave, requer tratamento médico. Em muitos casos, o uso de antibióticos é necessário para combater a infecção. "É importante que a população esteja atenta aos sintomas, como a tosse persistente, e procure atendimento médico para diagnóstico e tratamento adequado, evitando complicações", reforça Michelle.
A falta de sintomas padronizados da doença, como é o caso da pneumonia infecciosa, torna o risco da pneumonia infecciosa ainda maior, uma vez que se não for tratada, a infecção no pulmão pode levar a doenças mais graves.