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Brasil vai monitorar passageiros vindos de Itália, França e Alemanha com sintomas de coronavírus

Região norte italiana confirmou seis mortes pela doença desde a semana passada; China, Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Irã também estão no rol de alerta

24 fev 2020 - 16h46
(atualizado em 25/2/2020 às 06h25)
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BRASÍLIA - O Ministério da Saúde adicionou nesta segunda-feira, 24, países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo os primeiros três da Europa: Itália, Alemanha, França. Além desses, entram no rol do governo federal Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes.

Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e que apresentem sintomas da doença, como febre e tosse. O novo enquadramento, antecipado pelo Estado, é resultado da confirmação da transmissão do vírus dentro desses países.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, disse que o Brasil seguiu orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ampliar a lista de países em alerta. O critério da organização, segundo Oliveira, é inserir na lista os locais com ao menos cinco casos com transmissão interna da doença - que não foram "importados".

Antes da nova definição, pessoas com sintomas de gripe vindas da Itália, por exemplo, não recebiam atenção especial da vigilância sanitária brasileira, pois a suspeita do novo coronavírus era descartada na hora. Agora, haverá um protocolo específico pelo qual, caso o passageiro tenha febre associada a algum outro sintoma, será enquadrado automaticamente como caso suspeito.

Uma análise clínica poderá ser feita no desembarque pela autoridade sanitária e, caso a suspeita se mantiver, o passageiro deverá ser levado a um hospital. Além da China, epicentro do novo coronavírus, o Brasil já havia colocado no mesmo rol de alerta, na semana passada, casos de passageiros vindos do Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja.

O secretário de Vigilância em Saúde disse que o Brasil não proíbe ou desestimula viagens para nenhum destes novos países em alerta. Há recomendação do governo para que não sejam feitas viagens apenas para a China, onde mais de 2,5 mil pessoas morreram após serem contaminadas.

Em conversa exclusiva com o Estadão/Broadcast nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o Brasil está acompanhando a situação do novo coronavírus na Itália e seguirá as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar que a epidemia chegue ao País. "Não faríamos nada isoladamente", disse o ministro.

Oliveira afirmou que o Brasil não cogita adotar medidas restritivas, como impedir a circulação de pessoas ou mercadorias. O secretário disse que medir a temperatura de todos os passageiros vindos de países sob alerta também seria ineficaz. "Muitos casos se transmitem mesmo sem febre. Ou seja, temos situações que passam fora deste padrão."

"O que estamos trabalhando é para que equipes de saúde estejam atentas. Para que no momento em que uma pessoa que tem histórico de viagem (por um das países da lista) procurar serviços de saúde, seja investigado também a possibilidade de novo coronavírus", afirmou o secretário.

Na Europa, a maior preocupação é com a Itália, que já registrou mais de 200 casos e seis mortes. O surto se concentra principalmente no norte do país, onde ao menos 11 cidades foram colocadas sob quarentena.

No caso do Irã, o país se tornou no domingo, 23, o que mais regitrou mortes fora da China, com oito vítimas. Ao todo, são 43 casos confirmados entre os iranianos.

Segundo dados do Ministério da Saúde desta segunda-feira, 24, há quatro casos suspeitos da doença no Brasil, sendo três em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Um dos suspeitos viajou recentemente ao Japão e só teve o caso considerado devido a inclusão do país na lista de alerta. Já foram descartadas 54 análises.

Oliveira afirma que devem aumentar os casos suspeitos no Brasil com a ampliação do rol de alerta. "Há fluxo maior de voos diretos ao Brasil (dos países que passam a ser analisados). A gente terá mais capacidade de identificar casos potencialmente suspeitos", disse o secretário.

Segundo dados da OMS, há no mundo 79.409 casos confirmados da doença e 2.622 óbitos. Apesar de estarem registrados em 32 países, a China concentra cerca de 98% das confirmações da doença.

Governo está em fase final de contratação de equipamentos

Segundo apurou o Estado, o governo está em fase final de contratação de equipamentos para combater a possível chegada da doença ao Brasil, como máscaras e luvas. Já a contratação de mil leitos em hospitais, anunciada no fim do mês passado pelo Ministério da Saúde como medida emergencial, ainda está em análise.

"Buscando aumentar a capacidade assistencial e trabalhar de forma adequada as fases de contenção e mitigação descritas no Plano de Contingência, o Ministério da Saúde está em processo de contratação de 1.000 leitos de UTI distribuídos em todo território nacional.

O mapeamento dessas necessidades se dá pelos profissionais da Secretaria de Atenção Especializada e Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde e que compõem o COE COVID-19", disse o Ministério da Saúde, em nota enviada nesta segunda-feira.

O governo também corre para garantir a compra de imunoglobulina, medicamento usado em pacientes com imunidade baixa e para amenizar efeitos de infecções.

O medicamento pode ser usado em pacientes infectados pelo novo coronavírus. A ideia é trazer o produto emergencialmente da China e da Coreia do Sul, mas a finalização da importação ainda aguarda aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Estadão
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