Calor esconde perigos à saúde íntima da mulher
O verão é época de piscina, praia e, claro, muito calor. Cenário perfeito para férias ou, pelo menos, alguns dias de descanso ao sol. No entanto, essas circunstâncias escondem "inimigos" quase que invisíveis. São eles os fungos e bactérias que adoram se proliferar em um dos locais mais íntimos da mulher: a vagina.
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Além do calor e umidade (você costuma ficar o dia todo com um biquíni molhado?), jeans apertado, depilação completa na região genital e o uso de produtos perfumados podem contribuir para o surgimento desse incômodo.
Não tenha vergonha nem complexo de cuidar da região genital como se deve. Afinal, é daí que vem uma das queixas mais comuns em consultórios ginecológicos: o corrimento. E se o problema é interno, não se pode menosprezar a parte externa do órgão genital feminino - que inclui grandes e pequenos lábios, períneo e pêlos - pois ela é a porta de entrada de agentes causadores de infecções.
O ginecologista César Eduardo Fernandes, professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina ABC, explica que o corrimento é uma denominação genérica para várias infecções vaginais, muito comuns na vida da mulher em idade sexualmente ativa. A causa mais comum é a infecciosa, desencadeada por fungos e bactérias.
Por dentro das doenças
A mulher que nunca sentiu coceira na vagina, com secreção esbranquiçada sem cheiro (parecida com nata de leite) e sensação de ardor, que atire a primeira calcinha. Esses são os sintomas da candidíase, uma infecção causada por fungos e muito comum na época do verão. E, na maioria das vezes, a culpa é nossa mesmo. É que muitas mulheres ficam com biquíni ou maiô molhados, o que facilita o meio quente e úmido ideais para a proliferação dos fungos na vagina.
O jeito é evitar que a roupa seque no corpo, fazendo trocas após cada mergulho. "É importante analisar bem a praia ou piscina freqüentadas para evitar locais poluídos e contaminados. A vulva pode contrair viroses, como o molusco contagioso, caracterizado por vesículas cujo centro parece um umbigo", avisa o ginecologista José Maria Soares Jr., professor do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já a vaginose bacteriana é causada por bactérias, especialmente as anaeróbicas, sendo a mais comum a Gardnerella vaginalis. Nesse caso, o corrimento é acinzentado com odor desagradável, principalmente após a relação sexual, quando lembra cheiro de peixe. Segundo Soares, esse problema está bastante relacionado ao uso de roupas apertadas, como calças jeans, que não permitem ventilação local, facilitando a proliferação dessa bactéria na vagina.
Outra infecção comum é a tricomoníase, causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Sexualmente transmissível, a doença pode ser assintomática. Quando apresenta sintomas, podem aparecer secreção amarelo-esverdeada com mau cheiro, coceira, irritação e inflamação na vulva, desconforto ao urinar e dor durante as relações sexuais.
Como acontece
A flora normal da vagina possui lactobacilos de Doderlein que mantêm a acidez ideal para defender naturalmente o ambiente vaginal contra a presença de bactérias e fungos. Na vagina existem ainda anticorpos e células de defesa que ajudam os lactobacilos a enfrentar os invasores indesejáveis e previnem o desenvolvimento das colônias de microorganismos causadores das infecções.
Os riscos para que esse sistema natural falhe estão ligados à falta de higiene da vulva, uso de roupas apertadas e de tecido sintético, alergia a determinados produtos perfumados (sabonetes e absorventes), baixa imunidade, alterações hormonais e uso de antibióticos, entre outros.
Cuide-se já
- Na praia ou piscina, evite permanecer de maiô molhado, pois a vagina fica abafada e úmida, facilitando a proliferação de fungos. Tenha sempre à mão outras peças para trocar após o mergulho.
- Cuidado com a depilação. Como se trata de um processo invasivo, deixa minúsculas lesões na pele, que fica desprotegida e exposta à contaminação. Por isso, evite depilar perto do dia de ir à praia ou piscina. Outra dica: nunca retire totalmente os pêlos, pois eles protegem a vulva.
- Evite calça jeans muito apertada. Além de dificultar a aeração na vagina, pode conter bactérias se usada várias vezes seguidas sem lavar.
- O uso de tecidos sintéticos é desaconselhável, pois impede a ventilação na vagina. Prefira calcinhas totalmente de algodão em detrimento daquelas que possuem apenas o forro com esse tecido.
- Lave as calcinhas com sabão de coco ou sabonete neutro. Evite amaciante e água sanitária nas peças.
- Os médicos asseguram que dormir sem calcinha é uma boa solução para arejar a região genital.
- Tome cuidado com os sabonetes íntimos, pois esse tipo de produto combate tanto os microorganismo nocivos quanto os necessários à vagina. Se usar, a quantidade deve ser pequena e enxágüe muito bem. Os sabonetes de glicerina são bem indicados pelos médicos.
- Evite excessos, como lavagens exageradas na vulva, que podem retirar a proteção natural da área.
- O uso de lenços umedecidos é liberado, desde que com parcimônia. É preciso checar se a mulher não tem alergia ao perfume do produto, pois podem provocar coceiras e lesões que são fontes de infecções.
- Evite produtos com perfume, como absorventes, papel higiênico e desodorantes íntimos, pois podem causar alergias.
- Nunca use ducha íntima e algo que introduza na vagina. A limpeza deve ser feita apenas na parte externa.
- Não esqueça: o papel higiênico deve ser usado de frente para a atrás.
- Não durma com absorvente íntimo. Ele deve ser trocado com regularidade.
- Lave as mãos também antes de ir ao banheiro. Isso evita a contaminação da vulva.
- Consulte o ginecologista a cada seis meses ou um ano para realizar exames ginecológicos de rotina.