Câncer de próstata: apenas exames de rotina detectam a doença precocemente
Urologista alerta para a ausência de sintomas no estágio inicial do câncer de próstata, o que dificulta diagnóstico precoce
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam a ocorrência de 704 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil para o próximo triênio, isto é, de 2023 a 2025. Vale destacar que esta neoplasia é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Já a taxa de mortalidade da doença é de 44 mortes a cada 24 horas, o que dá mais ou menos uma morte a cada 30 ou 40 minutos em decorrência das complicações do câncer de próstata, aponta o Dr. Fernando Leão, médico urologista e cirurgião robótico do Hospital Israelita Albert Einstein. "É uma incidência alta e preocupante, e cabe ao homem realizar seus exames preventivos em relação à doença", alerta.
Apesar disso, o aumento do número de diagnósticos de câncer de próstata no Brasil têm seus aspectos positivos. De acordo com o urologista, há três fatores que podem explicar essa tendência:
- Em primeiro lugar, está a maior participação do homem na rotina de prevenção, o que é decorrente de uma melhor veiculação de informações sobre a doença;
- Em segundo lugar, as políticas públicas de saúde no Brasil melhorando, consequentemente melhorando o acesso desses pacientes a especialistas da área;
- Além disso, os métodos de diagnóstico também melhoraram, e hoje os pacientes podem contar com maior sensibilidade e acurácia do que em relação a anos atrás.
"Esses são os motivos onde pode estar havendo essa elevação não só dos diagnósticos, mas dos tratamentos em relação ao câncer de próstata", afirma o médico.
Diagnóstico do câncer de próstata
Realizar os exames de rotina, aliás, é a única forma de detectar o câncer de próstata precocemente. Isso porque a doença não apresenta sinais na fase inicial. "O diagnóstico só é possível mediante avaliação desse paciente frente a um urologista. Então, a detecção se dá através dos exames de sangue, principalmente o PSA, algum exame de imagem, um ultrassom ou uma ressonância multiparamétrica, caso o paciente tenha acesso a esse tipo de medicina, e o exame físico, que é o exame digital da próstata (toque retal)", destaca o Dr. Fernando.
A partir dessas três informações o urologista é capaz de decidir se o paciente ainda necessita de uma segunda investigação - no caso, a biópsia de próstata. "Isso porque é somente através da biópsia, que é a retirada de fragmentos do tecido prostático, é que nós vamos conseguir definir qual paciente tem ou não o câncer", explica o médico.
Ele destaca que, por ser ser doença assintomática, o diagnóstico precoce, e consequentemente a sua cura, só pode ser feita mediante a ida desse paciente a um urologista para realização dos seus exames preventivos. Com um diagnóstico tardio, o paciente geralmente pode apresentar uma série de sintomas, como:
- Dificuldade para urinar;
- Sangue na urina;
- Dores ósseas, principalmente na coluna e bacia;
- Retenção de urina.
Fernando alerta que esses são os sintomas de uma doença já avançada, portanto com menor chance de cura. "A grande vantagem de ter um diagnóstico precoce, é o percentual de cura desses pacientes. Então a doença tem um percentual de cura extremamente elevado, desde que seja possível uma detecção precoce", reforça.
Prevenção
Para prevenir o câncer de próstata, é preciso adotar condutas que servem para qualquer tipo de câncer, orienta o urologista. Ou seja:
- Não abusar da bebida alcoólica;
- Evitar vício do tabagismo;
- Evitar drogas ilícitas;
- Manter o peso corporal;
- Manter hidratação adequada, consumindo de 2 a 3 litros de água por dia;
- Evitar alimentação muito industrializada e doces em excesso;
- Praticar atividade física regularmente.
Vale destacar que aqueles pacientes homens que já têm história de câncer na família (principalmente pai, avô e tio), têm um risco maior de ter a doença. Não é uma certeza, mas o seu risco é aumentado em torno de duas a três vezes a mais do que quando comparados com outro homem que não tem antecedente na família.
O indicado, geralmente, é realizar a medicina preventiva a partir dos 50 anos de idade. "Aqueles pacientes de mais alto risco, com história genética muito forte para a questão do câncer de próstata ou até mesmo para outros tipos de cânceres, devem iniciar seus preventivos a partir dos seus 45 anos, independente de sintomas", alerta o médico.