Câncer no colo do útero: entenda doença que vitimou Miss Uruguai
Sherika de Armas morreu com apenas 26 anos de idade após travar uma batalha de dois anos contra o câncer no colo do útero
A Miss Uruguai Sherika de Armas, 26, faleceu no último domingo (15/10) em decorrência de um câncer no colo do útero. A modelo travou uma batalha de dois anos contra a doença, mas não resistiu.
Após sua participação no Miss Mundo 2015, Sherika De Armas seguiu trabalhando como modelo. Ela também vendia produtos próprios de higiene pessoal, maquiagem e cabelo por meio de sua marca Shey De Armas Beauty Studio. Em paralelo, De Armas fazia trabalho voluntário em uma organização de auxílio a crianças com câncer.
Câncer no colo do útero
De acordo com a Dra. Adriana Campaner, mestre e doutora em tocoginecologia e professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP, o câncer de colo do útero é o 3º tumor mais comum em mulheres no Brasil. "Esse tumor é causado por um vírus que se chama HPV, transmitido geralmente pela atividade sexual. Ele atinge tanto o colo do útero quanto a região anal", explica.
O Dr. Valentino Magno, médico ginecologista e obstetra e professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esclarece que o HPV é um vírus de transmissão sexual extremamente comum.
"Se estima que 80% da população mundial, entre homens e mulheres, entra em contato com esse vírus. O que não quer dizer que vai ter lesão, pois, na maioria das vezes, é uma infecção autolimitada. Ou seja, eu me exponho ao vírus quando eu tenho contato durante a relação sexual, e depois ele se elimina sozinho", revela o médico.
Quando o vírus não se elimina sozinho e se perpetua no organismo, ele gera lesões pré-câncer. Nesta fase, a doença não causa sintomas, conforme explicam os especialistas. Quando a paciente apresenta alterações, o tumor já está em estágio avançado. Nesses casos, é comum os seguintes sinais de alerta:
- Dor pélvica;
- Sangramento vaginal espontâneo;
- Sangramento na relação sexual;
- Corrimento fétido;
- Perda de peso.
Prevenção
Como o câncer de colo do útero não dá sintomas, é preciso preveni-lo de duas maneiras, mostra a Dra. Adriana:
- Evitar que a pessoa pegue o HPV: tem que orientar o uso de preservativos e tomar a vacina do HPV. Caso a pessoa já tenha pego HPV, ela precisa colher o papanicolau e ver se tem desenvolvimento de lesões para tratar.
- A vacina: o ideal é tomar a vacina antes de começar a ter relação sexual. Isso porque, tomando a vacina, não pega o HPV, e dessa maneira não desenvolve o câncer.
Vale destacar que somente os exames de rastreamento são capazes de identificar as lesões pré-câncer. Dessa forma, ao diagnosticar as lesões, é possível tratá-las e evitar o surgimento do câncer. "Por isso é tão importante exames preventivos do colo do útero, que é o papanicolau", destaca o Dr. Valentino.
O médico ressalta que o câncer no colo de útero é uma doença prevenível, porque tem estágios pré-invasores, num órgão que é visível, porque é possível examiná-lo em um exame ginecológico, tem um exame de rastreamento, que é bastante efetivo do ponto de vista da prevenção e, além disso, existe uma vacina para a doença. "Portanto, é um câncer que não deveria mais existir, que poderia ser erradicado", diz.
Para o especialista, a erradicação do câncer no colo de útero é uma perspectiva próxima para os países desenvolvidos, mas distante para o Brasil. " A gente continua com coberturas vacinais muito baixas, mesmo para população que é gratuita em posto de saúde, dada então pelo Ministério da Saúde. Além disso, a população também tem que ficar atenta para fazer os seus exames de revisão, porque assim a gente consegue evitar o câncer", destaca.
Importância da vacina
De acordo com o professor adjunto da UFRGS, a vacina consegue evitar o câncer no colo do útero em até 90% dos casos. "Não tem nenhum outro câncer que é evitado por vacina como a vacina do HPV. A vacina contra o HPV evita os cânceres de colo, vulva, vagina e canal anal, que é tudo infecção pelo mesmo vírus", afirma.
Ele lembra que a vacina está disponível gratuitamente dos 9 aos 14 anos para meninos e meninas e dos 9 aos 45 anos para quem é imunossuprimido. Na rede privada ela é indicada para homens e mulheres de 9 a 45 anos.