Caso Faustão: por que insuficiência cardíaca pode afetar o rim?
Apresentador precisou passar por um transplante de rim seis meses após realizar o mesmo procedimento com coração
Seis meses após passar por um procedimento de transplante de coração, o apresentador Fausto Silva, 73 anos, precisou realizar uma cirurgia de transplante de rim. De acordo com familiares de Faustão, quando passou pelo primeiro procedimento, seu rim já estava comprometido e ele ficou na fila por dois meses aguardando pelo novo órgão compatível.
O caso do apresentador trouxe à tona uma questão fundamental na medicina: a interconexão entre condições cardíacas e renais. O Terra conversou com José Moura Neto, nefrologista e presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Dr. Moura Neto afirma que pessoas que passam por transplante de coração têm mais chance de desenvolver complicações nos rins, pois necessitam utilizar medicações para evitar a rejeição do órgão transplantado.
“Esses medicamentos, apesar de efetivos, podem ser tóxicos para os rins. Além disso, alguns dos principais fatores de risco para insuficiência cardíaca elevam também o risco de doença renal crônica, como a hipertensão”, diz o especialista.
É importante lembrar que o coração é responsável por bombear o sangue para todo o corpo. Na insuficiência cardíaca, há um comprometimento dessa função, prejudicando a chegada de sangue (ou perfusão) em diversos órgãos, como os rins.
“Essa redução da perfusão dos rins resulta em menor aporte de oxigênio para o tecido renal, o que pode evoluir com lesão renal”, explica o nefrologista.
De acordo com o profissional, os principais exames utilizados para rastrear lesão renal são a dosagem de creatinina no sangue e o exame simples de urina. Eles podem indicar alterações estruturais ou na função renal antes mesmo do paciente apresentar sintomas. Pacientes com fatores de risco para doença renal, como insuficiência cardíaca, devem ter esses exames incluídos em sua avaliação de rotina.
Quanto às medidas que podem ser tomadas para proteger a função renal em pacientes com insuficiência cardíaca, o médico indica que a principal estratégia para prevenção das lesões renais é o controle dos fatores de risco mais prevalentes: hipertensão, diabetes e obesidade.
“Essas medidas ajudam a manter a insuficiência cardíaca compensada, evitando situações que levem ao excesso de líquido no organismo - o que sobrecarrega os rins - ou de má perfusão renal”, conclui o especialista.