Caso Paulo Gustavo: asma é considerada comorbidade em pacientes com Covid-19?
Entenda se a morte de Paulo Gustavo, aos 42 anos, estava relacionada com a doença crônica pré-existente
O humorista Paulo Gustavo, de 42 anos, morreu nesta terça-feira, 4 de maio, devido às complicações provocadas pela Covid-19.
O que chamou a atenção dos fãs após ser confirmada a morte do artista foi uma afirmação do apresentador Tiago Leifert na final do Big Brother Brasil 21 dizendo que Paulo sofria com comorbidades, sem citar diretamente a asma.
Tatá Werneck, melhor amiga do ator, já havia negado a existência de tal comorbidade. "Paulo teve asma há 10 anos e nunca mais teve crise. Enxerguem a realidade! Parem de negar a realidade desse vírus", postou em suas redes sociais.
Paulo Gustavo tinha ou não comorbidades?
Para entender de fato se a afirmação do apresentador tem fundamento, a equipe do SD conversou com a Dra. Roberta Fittipaldi, pneumologista do Hospital das Clínicas e do hospital Albert Einstein em São Paulo.
A asma é uma doença crônica que precisa ser tratada, acompanhada e avaliada corretamente. "Ela é considerada comorbidade, mas não é considerada um fator de risco para a Covid-19 quando o a paciente está em estado grave, exceto se ele estiver com asma muito grave. Apenas nesses casos em específico a doença pode afetar diretamente", explica a pneumologista.
O que é a asma?
A asma é uma doença crônica e heterogênea provocada por inflamação das vias aéreas. É caracterizada pela existência de sintomas respiratórios, tais como: falta de ar, aperto no peito e tosse, que variam ao longo do tempo e de intensidade, associados a uma limitação do fluxo aéreo expiratório variável (medido através de um exame que se chama espirometria).
A asma, também denominada de asma brônquica ou bronquite asmática, é das doenças respiratórias crônicas mais comuns em todo o mundo.
A asma tem cura?
A asma não tem cura. Mesmo se você deixar de sentir algum sintoma da doença por muitos anos, como no caso de Paulo Gustavo, a asma ainda estará presente. Mas existem tratamentos que melhoram bastante os sintomas e controlam a doença. "Graças a eles, pessoas asmáticas tratadas podem ter a mesma qualidade de vida de alguém que não tem a doença", explica Dra. Roberta.
Existe tratamento?
A asma é uma doença variável, por isso o tratamento também precisa estar sempre de acordo com a doença. Ela pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa e, além disso, ela varia também ao longo do tempo em uma mesma pessoa.
Por esse motivo, o tratamento deve ser individualizado, ou seja, o que serve para um asmático pode não ser o melhor tratamento para outro. "Logo, se o ator Paulo Gustavo teve outras complicações, não podemos afirmar que a asma ou comorbidades contribuíram para o agravamento do quadro e falecimento dele", contextualiza a médica.
No tratamento de manutenção, o objetivo é manter os sintomas controlados, para evitar piora. Por conta disso, a pessoa asmática toma uma medicação chamada controladora (geralmente anti-inflamatórios), que serve para prevenir o aparecimento dos sintomas e evitar as crises de asma.
Há também as inalações e bombinhas recomendadas para serem usadas todos os dias, que possui corticoides inalatórios especialmente quando o paciente está em crise.
Confira mitos e verdades da asma
A doença tem relação com a insônia?
Verdade. Pacientes que sofrem de insônia podem ter crises mais frequentes de asma, é o que diz a uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh. A pesquisa ainda revela que pessoas que sofrem com asma e insônia costumam ter maior chance de depressão.
Apenas em casos de crise devo procurar o médico?
Mito. Como toda doença crônica, o tratamento da asma tem que ser realizado de maneira contínua. Consultas regulares com o pneumologista definem o melhor tratamento de longa duração, garantindo uma melhor qualidade de vida.
Existe relação entre asma, rinite alérgica e dermatite?
Verdade. É comum quem tem asma também ter rinite alérgica e dermatite, chegando a 40% dos pacientes, segundo estudos clínicos da organização ARIA (Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma), revelam que ambas podem ser sintomas de uma única doença no sistema respiratório, e enfatiza-se a importância de tratar a rinite alérgica em pacientes com asma, pois pode agravar a doença.
ENTENDA O QUADRO DE PAULO GUSTAVO
O ator e humorista Paulo Gustavo estava internado desde 13 de março na UTI de um hospital particular no Rio de Janeiro, passando por diversas complicações, além da piora gradativa do quadro respiratório.
Em abril, os médicos recorreram também à introdução do ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorporal). Na UTI, essa técnica também é conhecida como pulmão artificial. O ator enfrentou procedimentos por via endoscópica para impedir o vazamento de ar.
Logo após esse tratamento, sofreu hemorragias e também contraiu a pneumonia bacteriana, causada por bactérias que penetram no espaço alveolar, espaço onde é feita a troca gasosa. Um pouco antes do quadro ser considerado irreversível, o humorista sofreu uma embolia pulmonar e desde então o caso foi considerado de alto risco.
Na noite de terça-feira, 4 de maio, o coração de Paulo Gustavo parou de bater às 21h12, segundo informações do último boletim médico informando seu óbito.