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‘Caso raríssimo e sofrido’: Médico que cuida de jovem com a pior dor do mundo explica tratamento

A paciente Carolina viralizou na internet ao falar sobre ter buscado pela eutanásia fora do Brasil

12 jul 2024 - 10h23
(atualizado às 10h40)
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Jovem com 'pior dor do mundo' é internada para realizar tratamento em MG
Jovem com 'pior dor do mundo' é internada para realizar tratamento em MG
Foto: Reprodução/Instagram

Carolina Arruda, de 27 anos, viralizou recentemente na internet ao falar sobre sua vontade de buscar a eutanásia na Suíça, após mais de 10 anos sofrendo com a “pior dor do mundo”, devido a uma rara condição de saúde. Nesta semana, ela foi internada na Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas Gerais, para tentar novos tratamentos médicos.

A jovem estudante de Medicina Veterinária mora na cidade de Bambuí (MG), e sofre de neuralgia do trigêmeo desde os 16 anos. A doença afeta 4,3 pessoas a cada 100 mil, e seu principal sintoma está nas dores crônicas excruciantes.

Com o passar dos anos, ela já buscou diversos tratamentos, inclusive cirúrgicos, sem sucesso. Em entrevista ao jornal O Globo, Carolina disse que até tentou suicídio duas vezes, já que, durante as crises de dor muito intensa, sente vontade de acabar com a situação a qualquer custo. Foi por esse motivo que ela começou a buscar a eutanásia fora do Brasil. “Eu sou da área da veterinária. Sempre vi o procedimento como um alívio digno para o sofrimento”, explicou.

O médico especialista em dor Carlos Marcelo de Barros, que é presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), entrou em contato com Carolina ao ficar sabendo da condição dela, para oferecer novas opções de tratamento. Segundo ele, o caso é complicado e raro, mesmo entre os pacientes que têm a mesma doença que ela.

Carolina Arruda compartilha nas redes sociais sua rotina com "a pior dor do mundo"
Carolina Arruda compartilha nas redes sociais sua rotina com "a pior dor do mundo"
Foto: Reprodução/Instagram/@caarrudar

“A neuralgia do trigêmeo é uma doença no nervo trigêmeo, nós temos um de cada lado na face. Em 90% dos casos é causada por conflito vascular, uma artéria que, por má formação, encosta no nervo e o desmieliniza, levando-o a funcionar de maneira disfuncional. Geralmente ela acomete somente um dos ramos do nervo e apenas um dos dois nervos da face. Mas o caso da Carolina é ainda mais raro porque ela é jovem, tem um quadro bilateral, ou seja, acomete os dois nervos, e porque é nos três ramos de cada nervo. É muito difícil, muito sofrido”, disse o médico ao O Globo.

Tratamento

Segundo o especialista, um paciente já descreveu a dor como se fosse um ferro quente sobre o rosto, deixado ali. Sendo assim, o objetivo dos tratamentos é interromper a dor aguda para proporcionar qualidade de vida e alívio à Carolina.

O tratamento é feito com medicamentos na veia que são analgésicos potentes, e que precisam ser ministrados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O remédio é aplicado durante três a quatro dias, e na outra semana, são avaliadas as opções de tratamento junto à paciente.

Carolina irá avaliar junto ao especialista quais procedimentos ela pode repetir, e quais outros podem ser realizados pela primeira vez. Ou então, ela pode optar por não realizar nenhum deles. Entre as alternativas, o médico citou uma rizotomia de balão, rizotomia de radiofrequência ablativa e frequência radiopulsada, que não queima, mas adormece o nervo.

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As rizotomias são a aplicação de agulhas junto ao nervo para uma intervenção. O balão é uma forma de comprimir o nervo para diminuir sua atividade. Outra terapia nesse estilo envolve a neuromodulação, em que implantes na medula buscam estimular o nervo e reduzir a ação disfuncional. Há ainda a opção de novas cirurgias.

Carolina disse em um vídeo publicado nas redes sociais que, caso encontre um tratamento capaz de diminuir, pelo menos, 60% das dores, ela pode cogitar desistir da eutanásia na Suíça. Caso desista, ela irá doar o dinheiro arrecadado em uma vaquinha virtual.

Dor crônica

O médico Carlos Marcelo de Barros diz que o caso de Carolina chama a atenção para o problema da dor crônica. Ele ainda afirma que os tratamentos sugeridos a ela não são acessíveis para todas as pessoas que sofrem deste problema, em especial aqueles que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para ele, o caso da jovem é dramático, mas não é isolado. “Temos milhares de pacientes com situações semelhantes sem acesso a tratamento. Não temos políticas para pacientes com dor crônica. Muitas pessoas têm a vida totalmente impactada pela dor. A Carolina dá voz a essas pessoas, uma visibilidade importante a pessoas que sofrem e não são acolhidas pelo nosso sistema de saúde”, disse ao O Globo.

A internação de Carolina é coberta pelo SUS, mas os custos dos procedimentos envolvem doações. Os materiais que serão utilizados caso ela opte por algum dos tratamentos serão doados pelas empresas fornecedoras. Segundo o médico, não será gerado nenhum custo a ela.

Fonte: Redação Terra
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