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Casos de covid-19 crescem em Campinas e na Baixada Santista

Relatório da PUC-Campinas mostra casos e mortes em alta. Médico diz que dados devem acender sinal de alerta para a população

24 set 2020 - 05h10
(atualizado às 07h46)
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Um estudo realizado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), no interior de São Paulo, mostrou aumento de novos casos e mortes decorrentes de infecção pelo novo coronavírus na região de Campinas e na Baixada Santista. O médico infectologista André Bueno, um dos autores da análise, diz que a situação deveria acender um sinal de alerta para a população e vê relação com as aglomerações do feriado da Independência, em 7 de setembro.

Turista se aglomeraram no litoral paulista com a liberação das praias
Turista se aglomeraram no litoral paulista com a liberação das praias
Foto: Marcela Mattos/O Fotográfico / Estadão Conteúdo

O relatório mostra que, na Baixada Santista, foram registrados 1.721 casos e 73 mortes na semana entre 13 e 19 de setembro. A alta nos casos foi de 41,8% e nas mortes, de 82,5%, em relação à semana anterior. Na região metropolitana de Campinas, as 4 mil infecções representaram um crescimento de 5,4%, enquanto o número de mortes cresceu 21,1%.

"Como estamos acompanhando a evolução desde o início da pandemia, conseguimos ver de fato como o relaxamento das medidas de proteção, sobretudo do feriado de 7 de setembro, impactou no aumento de casos após uma ou duas semanas, que seria em média o período de incubação da doença", explica o médico André Bueno.

O infectologista comenta que o estudo representa um dado preliminar e assim como os períodos de registro de queda nos números da covid-19 exigiam cautela, com os picos de aumento a situação é a mesma. "Com a flexibilização, as pessoas passam a se sentir mais seguras para frequentar ambientes fechados. Essa tendência propicia a aglomeração e isso a gente sabe que está relacionado à transmissibilidade dos vírus, mas isso ainda é uma hipótese", diz.

O aumento de casos, no entanto, ainda não teve reflexo nas unidades de saúde da região, o que está sob análise. Na cidade de Santos, 25% dos leitos de UTI e enfermaria estão ocupados enquanto em Campinas a taxa de ocupação de leitos da UTI é de 60%. No Hospital de Clínicas da Unicamp, dos 63 leitos de UTI disponíveis, 34 estão ocupados com pacientes internados para tratamento de covid-19 e dos 72 leitos de enfermaria, 21 estão ocupados.

Na Baixada Santista, nove leitos de UTI e 28 da enfermaria da Santa Casa de Santos estão ocupados com pacientes infectados com a covid-19. No total, são 49 leitos de UTI e 68 de enfermaria dedicados para tratamento da doença na instituição. No Hospital Ana Costa, 12 leitos de UTI estão ocupados, o que representa 20% da ocupação registrada no auge da pandemia.

O secretário de saúde de Santos, Fábio Ferraz, lembra que a cidade está na fase 3 (amarela), do Plano SP e que são feitos monitoramentos diários para controlar as infecções. "Ficamos preocupados com as cenas de aglomerações das praias no feriado, o que está bem longe do aceitável, mas até o momento não tivemos um aumento expressivo no número de novos casos." Cerca de 25% da população já foi testada para o vírus e, nas últimas semanas, em média 10% dos testes retornaram com resultado positivo para covid-19.

Recentemente, as retomada de comércio de rua e dos shoppings foram autorizadas e, de acordo com o secretário, não houve aglomerações como registradas em outras cidades. Apesar disso, ele alerta o momento não é de turismo. "Nós poderíamos ter diminuído ainda mais os números de caso. Nós temos uma vocação turística e os turistas são bem-vindos, mas o momento não é para isso", conta.

Na cidade de Campinas, o aumento foi de 22,6% após contabilizar 1.003 casos de coronavírus. "Tivemos aumentos de casos não graves, mas sem necessidade de internação, que é uma taxa que está decrescendo", destaca Andréa Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas. A diretora reforça que diariamente é feita uma avaliação criteriosa de todos os hospitais de Campinas e, no momento, o cenário é de 'ociosidade de leitos'.

"Estamos seguros de que a situação está controlada, mas qualquer mudança estamos preparados para reativar o hospital de campanha". Ela explica que as pequenas variações semanais que acontecem com menor gravidade são esperadas", ressalta. Na cidade de Campinas, apenas 10% dos testes realizados para Covid-19 dão positivo. Há mais casos de Influenza-B".

Além do aumento no número de casos, outro indicador que chamou atenção no estudo foi o número de reprodução, que estima para quantas pessoas em média uma pessoa infectada pela Covid-19 transmite a doença. Em 7 de setembro, este número era de 1,04 de acordo com dados do site Observatório Covid-19 BR, após quase dois meses de valores abaixo de 1 - o que indica a chance de uma nova fase de aceleração da epidemia.

Estadão
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