Cefaleia: engana-se quem pensa que ela é sempre igual
Descubra os vários tipos de dores de cabeça e aprenda a diferenciá-las Nenhum mal-estar é tão democrático quanto a dor de cabeça, que afeta praticamente todas as pessoas, independentemente de idade, gênero, condição social ou etnia. Estima-se que cerca de 99% das mulheres e 94% dos homens sofram com o problema em algum momento da […]
Descubra os vários tipos de dores de cabeça e aprenda a diferenciá-las
Nenhum mal-estar é tão democrático quanto a dor de cabeça, que afeta praticamente todas as pessoas, independentemente de idade, gênero, condição social ou etnia. Estima-se que cerca de 99% das mulheres e 94% dos homens sofram com o problema em algum momento da vida. E ele pode ter as origens e as características mais diversas, variando em frequência, intensidade, entre outros fatores.
Para provar que não se trata de uma questão simples, a neurologista Carla Jevoux afirma que são em média 200 tipos de cefaleia. Ou seja, não há (praticamente!) cabeça que não seja afetada por algum tipo de dor.
Cefaleia tensional
Esse tipo de dor de cabeça se enquadra no grupo das primárias, aquelas que não envolvem outras causas; é a dor por si só. Já foi chamada de cefaleia de estresse ou de contração muscular, mas foi definida como tensional pela Sociedade Internacional de Cefaleia (SIC). Dentre as dores, é uma das mais leves, porém, é a que tem maior incidência, afetando de 35% a 60% das pessoas. Carla descreve como esse mal se manifesta: "A dor pode ser sentida nos dois lados da cabeça simultaneamente. Os pacientes a descrevem como uma sensação de peso ou aperto em volta da cabeça, ou na parte posterior, muitas vezes irradiando para a parte posterior do pescoço".
Suas causas estão relacionadas a alterações bioquímicas cerebrais, distúrbios emocionais e tensão muscular. Por não causar grandes transtornos, como náuseas ou vômitos, e comprometimentos ao cotidiano, o indivíduo costuma não buscar ajuda médica. Segunda a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), existem dois tipos de dor de cabeça do tipo tensional: episódica ou crônica - essa última, inclusive, pode ser um agravamento da primeira.
Enxaqueca
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca atinge 90% da população mundial. Além disso, calcula-se que uma em cada quatro mulheres sofre dessa doença. Entre os homens, apenas 10% são afetados. Também chamada de migrânea, é uma doença neurovascular crônica que causa grandes prejuízos ao indivíduo, por comprometer seu bem-estar em todos os aspectos da vida.
A dor latejante e de forte intensidade acomete um lado da cabeça, podendo variar a cada crise, que tem duração de três ou quatro horas. "A enxaqueca é uma doença genética do cérebro, que o torna mais sensível a uma vasta gama de estímulos. Predomina entre as mulheres e tem caráter genético e
hereditário", explica a neurologista. Náuseas, vômitos, intolerância à luz (fotofobia), ruídos (fonofobia) e odores (osmofobia) acompanham o mal-estar. Outro diferencial é a presença de aura, um fenômeno que costuma anteceder a crise de dor e se manifesta com flashes de luz, falhas no campo visual e imagens brilhantes em ziguezague. Como a intensidade impede até mesmo simples movimentos de cabeça, o indivíduo que sofre com a doença tende a buscar tratamento.
Cefaleia em salvas
Se as mulheres são o maior alvo da enxaqueca, são os homens os mais afetados por esse tipo de dor de cabeça, numa proporção de três para cada representante do sexo feminino. Já chamada de cefaleia histamínica e de Horton, hoje, define-se como cefaleia em salvas aquela que causa dor intensa, unilateral, geralmente em órbita e com duração de 15 minutos a uma hora e meia. Com manifestações rítmicas, pode até ser prevista por quem sofre com a dor, e as crises costumam se estender de dois a quatro meses. Mais rara, estima-se que seja responsável por 6% do total dos casos de dor de cabeça e comece a partir dos 30 anos de idade.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), é comum que as crises sejam acompanhadas de vermelhidão nos olhos, lacrimejamento, congestão nasal, queda da pálpebra do lado onde a dor se manifesta e agitação, especialmente durante a noite.
Embora não se saiba ao certo a origem do problema, acredita-se que esteja ligada ao hipotálamo, estrutura cerebral responsável por alguns mecanismos muito importantes para a regulação do corpo humano, incluindo controle de temperatura, da regulação hormonal e do sono.
Em facadas
É, na verdade, um tipo de dor de cabeça muito frequente em quem sofre com enxaqueca (40% dos que
se queixam) e/ou cefaleia em salvas (em 30% dos casos). Tem duração extremamente breve, cerca de três segundos, mas se manifesta com intensas pontadas únicas ou agrupadas, em definidas regiões da cabeça, geralmente na parte posterior. Não possui causas orgânicas definidas.
Cefaleia da tosse
Depois de grande esforço para tossir ou de outra atividade que sobrecarrega a musculatura abdominal, surge uma dor aguda e em pontadas, que costuma atingir os dois lados da cabeça, geralmente na região inferior. Corresponde a apenas 1% das dores de cabeça e costuma atingir homens com mais de 40 anos de idade. Na grande maioria dos casos, não representa maiores riscos, mas pode sinalizar um aneurisma, grave dilatação e até rompimento de uma artéria no cérebro.
Do esforço físico
Sabe aquela hora em que você aperta o passo e aumenta a intensidade de uma caminhada ou corrida? Ou quando intensifica a série de exercícios na academia? É esse empenho fora do habitual que faz com que a oxigenação do cérebro seja insuficiente e a respiração inadequada. O resultado certo é uma dor de cabeça, que é ainda mais frequente em ambientes muito quentes ou em altitudes elevadas. As cefaleias do esforço têm uma predominância no sexo masculino, afetando quatro homens para cada mulher.
Associada ao ato sexual
E quando um dos grandes prazeres da vida é como uma tortura para alguns? É o que acontece com os indivíduos que sentem dor de cabeça durante o ato sexual. A dor pode se manifestar como um peso leve na parte posterior da cabeça e de intensidade gradual, ou seja, cresce conforme a excitação aumenta, chegando ao ápice no momento do orgasmo. Outra variação da doença apresenta sintomas semelhantes aos da enxaqueca: dor intensa, explosiva e latejante, só que na região frontal da cabeça. Pode durar alguns minutos, horas ou dias e desaparece espontaneamente. O problema é mais frequente em homens, surge entre 30 e 50 anos de idade e pode apresentar um único episódio ou persistir em todas as relações sexuais.
Hípica
Como se fosse um reloginho, uma cefaleia leve a moderada desperta a pessoa, que costuma ter mais de 50 anos de idade. A dor pulsante e difusa geralmente ocorre em momentos definidos do sono, especialmente durante sonhos, e dura de 30 minutos a três horas. As mulheres são as mais afetadas pelo problema, que se manifesta exclusivamente enquanto se dorme.
Cefaleia em trovoada
O nome curioso ilustra bem a sensação de turbulência causada por esse mal. De acordo com pacientes que já tiveram esse tipo de mal, a dor é tão intensa, em segundos, que parece um raio atingindo em cheio a cabeça. Embora faça parte do grupo das cefaleias primárias, é considerada grave e requer investigação imediata. Pois pode ser sintoma de uma aneurisma ou outros problemas neurovasculares.
Hemicrânia contínua
Imagine o que seria ter algo martelando na cabeça o tempo todo, sem nenhum intervalo ou descanso. É o que acontece com quem tem essa cefaleia, que aparece sempre do mesmo lado da cabeça, é diária e contínua. A dor, que antes já foi considerada rara, é, na verdade, pouco conhecida e pode apresentar outras manifestações diversas, como o acompanhamento de aura.
Cefaleia persistente e diária desde o início (CPDI)
O mais interessante nesse tipo de dor de cabeça é que as pessoas que dela sofrem se lembram exatamente do dia em que o problema começou. Geralmente, os indivíduos não têm histórico de cefaleia tensional ou migrânea e, na maioria dos casos, são mulheres. É descrita como uma dor que surge de repente, tem mais de quatro horas de duração e persiste por pelo menos quinze dias em um mês. A crise pode surgir por causa de uma enxaqueca mal-tratada ou depois de uma infeção viral e costuma desaparecer espontaneamente depois de seis a 24 meses.
Cefaleia cervicogênica
Alterações cervicais no pescoço e na nuca, geralmente causadas por hérnia de disco, torcicolo e outros problemas posturais, geram uma contração muscular excessiva que, entre outras dores, leva à dor de cabeça. Essa cefaleia moderada costuma ser unilateral, mas pode afetar os dois lados da cabeça, se estende para pescoço e ombros e pode ser acompanhada por náuseas, vertigens e fotofobia.