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Substitutos dos médicos cubanos chegam, mas há desistências

Em SP e MG há registros de abandonos de postos por brasileiros recrutados no novo edital do Mais Médicos

28 nov 2018 - 03h11
(atualizado às 07h44)
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Profissionais brasileiros inscritos no novo edital do programa Mais Médicos começaram nesta semana a ocupar as vagas deixadas pelos cubanos, mas desistências já preocupam os municípios. Nesta segunda-feira, 224 brasileiros se apresentaram às cidades onde irão trabalhar, segundo o Ministério da Saúde.

A médica Carolina Serafim da Silva, de 27 anos, foi uma delas. Nesta terça, começou a trabalhar em Votorantim (SP). Pelo menos 1.307 médicos cubanos que atuavam em 733 municípios - de um total de 8,3 mil profissionais da ilha - já deixaram o País, disse a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

Médicos cubanos deixam o aeroporto de Brasília
Médicos cubanos deixam o aeroporto de Brasília
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

"Encaro como uma oportunidade, pois penso em me especializar em Medicina da Família", diz ela, que terá cerca de 4 mil moradores sob seus cuidados. A jovem, que vivia de plantões, acredita que o programa vai garantir a ela mais estabilidade. Além da bolsa de R$ 11,8 mil, terá uma ajuda de custo de R$ 1,8 mil para gastos com aluguel.

Nesta terça, a professora Claudia Ferreira, de 47 anos, foi conhecer a novata e aproveitou para medir a pressão. "Espero que tenha o mesmo pique da doutora Liliana, a cubana que nos deixou. Com ela, o atendimento melhorou muito." Saiu animada. "Ela (Carolina) é simples como a gente, simpática. Acho que vai ser uma continuidade."

Segundo a Secretaria de Saúde de Votorantim, há ainda uma vaga aberta por uma brasileira que saiu do programa sem terminar o contrato. Antes de Cuba anunciar o rompimento, havia cerca de 2 mil vagas não preenchidas no País - de 18.240 postos do programa federal.

O novo edital também tem atraído recém-formados. É o caso de Raphael Fittipaldi, que vai atuar em Ourinhos (SP). "Como sou da cidade, me coloquei à disposição para assumir de imediato a vaga", conta ele, que pegou o diploma no 1.º semestre e começou a trabalhar ontem.

A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que já tem os nomes dos 78 profissionais inscritos para trabalhar na capital e eles vão se apresentar no dia 3.

Desistências

Já em Cosmópolis (SP), de sete aprovados no novo edital, só três estão disponíveis. Três desistiram antes de "tomar posse", diz a prefeitura, e um não se apresentou. A reposição dos desistentes já foi pedida. Lá havia oito médicos cubanos - sete saíram. O outro fez o Revalida, exame de validação do diploma obtido no exterior, e foi aprovado. O Estado tentou contato com os desistentes, mas eles não quiseram falar.

A evasão preocupa gestores de Saúde. Se houver dificuldade em repor os cubanos, o ministério estuda deslocar profissionais que já atuam no programa para essas regiões. Em edital de novembro de 2017, o índice de desistência entre profissionais com registro havia sido de 20%.

Em Contagem, Grande Belo Horizonte, a expectativa era receber cinco inscritos, mas dois desistiram. Os outros devem começar na semana que vem. Um posto em Nova Contagem, bairro pobre da cidade, só tinha um médico, cubano, e agora está sem nenhum. A prefeitura estima que 22 pacientes deixem de ser atendidos por dia no local.

O Ministério da Saúde disse adotar medidas "para garantir a assistência". Balanço sobre o novo edital deve sair no dia 18. "Em caso de desistência, a vaga será disponibilizada numa possível segunda etapa."/JOSÉ MARIA TOMAZELA, JÚLIA MARQUES, RENE MOREIRA e LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAIS PARA O ESTADO

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