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Cientistas avançam na busca do tratamento da Zika

1 abr 2016 - 07h40
(atualizado às 07h41)
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Um estudo divulgado nesta quinta-feira (31) revela a estrutura do vírus Zika, um avanço que os pesquisadores da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, acreditam ser crucial para o desenvolvimento de tratamentos e vacinas contra a doença.

O estudo publicado na página de internet da revista científica Science conclui que a estrutura do Zika é muito semelhante à de outros flavivírus, a família de vírus que inclui a dengue, a febre-amarela ou a febre do Vale do Nilo.

Apesar das semelhanças, em particular com a dengue, o Zika parece ter uma estrutura ligeiramente diferente em uma área que, na dengue, facilita a ligação aos anticorpos e aos receptores do hospedeiro.

Para o autor da pesquisa, Richard Kuhn, quaisquer regiões do Zika que sejam únicas no vírus têm o potencial de explicar diferenças na forma como o vírus é transmitido e como se manifesta enquanto doença.

“A estrutura do vírus fornece um mapa que mostra potenciais regiões do vírus que poderão ser alvo de um eventual tratamento, usadas para criar vacinas eficazes ou para melhorar a nossa capacidade de diagnosticar e distinguir a infeção por Zika de outros vírus relacionados”, disse Kuhn, que é também diretor do departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Purdue.

Para o cientista, “determinar a estrutura aumenta muito aquilo que se compreende do Zika, um vírus de que tão pouco se sabe, e ilumina as áreas mais promissoras para se investigar a forma a combater a infeção”.

“A maioria dos vírus não invade o sistema nervoso ou o feto em desenvolvimento graças a barreiras sangue-cérebro e à placenta, mas a associação com malformações no desenvolvimento do cérebro de fetos em grávidas infetadas com o Zika sugere que este vírus o faz”, disse Devika Sirohi, que participou na pesquisa.

Reconhecendo que “não é claro como é que o Zika consegue atingir estas células e infetá-las”, Sihori explicou que as diferenças encontradas na estrutura do vírus “podem ser cruciais e justificam mais investigação”.

Os investigadores estudaram um vírus do Zika isolado de um paciente infectado durante a epidemia na Polinésia Francesa e determinaram a estrutura a uma resolução quase atômica, explicou Michael Rossmann, coautor do estudo.

Kuhn e Rossmann estudam os flavivírus, família a que pertence o Zika, há mais de 14 anos. Foram os primeiros a mapear a estrutura de um desses vírus, ao determinar a estrutura da dengue em 2002. Em 2003, foram os primeiros a determinar a estrutura do vírus da febre do Vale do Nilo e são agora os primeiros a fazê-lo com o Zika.

Um surto de Zika afeta atualmente a América do Sul, inclusive o Brasil, país mais afetado e que registou mais de um milhão e meio de casos.

O vírus é transmitido aos seres humanos pela picada do mosquito Aedes aegypti, que existe em 130 países, e na maioria dos casos provoca sintomas gripais benignos.

No entanto, o vírus tem sido associado a casos de microcefalia, doença em que os bebês nascem com o crânio anormalmente pequeno e déficit intelectual, e a casos de Síndroma Guillain-Barré, uma doença neurológica grave.

Na semana passada, o Brasil confirmou 907 casos de microcefalia e 198 de bebês que morreram devido a este problema congênito desde o início do surto.

As autoridades estão investigam se a malformação afeta outros 4.293 bebês com sintomas parecidos.

Vírus zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Vírus zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas / Vivo Mais Saudável
Agência Brasil Agência Brasil
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