PUBLICIDADE

Cirurgia "que faz crescer" já existe no SUS, mas ainda é limitada no Brasil

Para pessoas com nanismo ou deficiências similares, alongamento ósseo pode ser realizado pelo sistema público de saúde

24 abr 2023 - 17h20
Compartilhar
Exibir comentários
Cirurgia de alongamento do osso já existe no SUS
Cirurgia de alongamento do osso já existe no SUS
Foto: Gumpanat

A cirurgia de alongamento ósseo, que faz pessoas crescerem, tem ganhado adeptos – e não são apenas pessoas com nanismo que procuram o procedimento. Pessoas insatisfeitas com a estatura também têm buscado a cirurgia por estética.

Apesar de já haver dois tipos de técnica disponíveis mundo afora, apenas um deles é utilizado no país. Esse método é o externo. Ex-presidente da Sociedade Brasileira e Mundial de Reconstrução e Alongamento Ósseo e membro do Instituto Cohen do Hospital Israelita Albert Einstein, o ortopedista José Carlos Bongiovanni explica ao Terra detalhes do procedimento.

“É iniciado com uma osteotomia – um corte no osso, seguido da aplicação de um fixador externo ou de uma haste intramedular para promover o crescimento ósseo”, explica o médico.

Segundo o especialista, esse tipo de técnica pode gerar um crescimento de até 1 milímetro por dia, impulsionado por fisioterapia. O processo pode durar até três anos. Para pessoas com nanismo ou comorbidades que tornam os membros divergentes, o procedimento já é feito pelo SUS.

Em casos que envolvem somente estética, o procedimento ainda é particular ou por convênio, e a cirurgia custa a partir de R$ 100 mil e pode chegar até mais de R$ 200 mil.

Finalidades do alongamento ósseo

Há três finalidades para a cirurgia de alongamento ósseo. A primeira é corrigir a discrepância dos membros, corrigindo também as deformidades associadas a esse crescimento irregular de membros inferiores e superiores.

A segunda é alongar indivíduos com nanismo, principalmente o acondroplásico, pessoas que têm o corpo desproporcional. “E, nesse caso, a cirurgia de alongamento é necessária, uma vez que essas pessoas são marginalizadas na sociedade pela sua altura. Muitos não conseguem realizar atividades básicas como acender a luz, pegar ônibus, subir escada. São muitas dificuldades que prejudicam a qualidade de vida”, diz o ortopedista José Carlos Bongiovanni.

O alongamento é um programa contínuo. Na primeira fase, são alongadas as pernas – que ganham cerca de 10 cm. Depois, os braços, que crescem em média 8 centímetros e, por fim, os fêmures em mais ou menos 10 centímetros. “É necessário alongar 20 centímetros em membros inferiores e oito em membros superiores para dar proporcionalidade e para o corpo voltar a ser funcional”.

Estética também pauta cirurgia

Esses casos citados pelo especialista são os de pessoas com nanismo ou estatura muito abaixo da média. O procedimento passou a ser procurado também por indivíduos sem deformidades, mas com insatisfação em relação à altura. Esses casos também podem passar por cirurgia, entretanto, existe um preparo bem extenso para que esses pacientes sejam aprovados.

“Antes de qualquer coisa, é necessário um laudo psicológico desse indivíduo para que os médicos entendam o motivo pelo qual ele quer passar pelo procedimento. É necessário entender se existe um problema de autoestima ou algo patológico. É preciso saber, ainda, qual a relação desse paciente com pessoas próximas e se ele tem apoio familiar para passar por essa cirurgia. Não é simples, então é necessário saber se ele está disposto a passar pelos obstáculos do procedimento”, explica o ortopedista.

Depois dessa parte, é preciso que o médico tenha um centro hospitalar e uma equipe capacitada por trás da cirurgia, que não acaba assim que o paciente recebe alta. Esse paciente precisa ser examinado a cada 15 dias por uma equipe multidisciplinar, para que não haja deformidade, rigidez em articulações e desproporcionalidade dos membros.

Brasil ainda está atrasado

O procedimento mais eficaz no mundo é o de alongamento interno, em que uma haste é colocada dentro do osso e o alongamento acontece por dentro da prótese por controle eletromagnético. No entanto, ainda está indisponível no Brasil e o maior problema é o preço, segundo o médico.

“As hastes são muito caras. Há 11 anos, tentamos solicitar a importação delas, mas é inviável até o momento. Em casos de pacientes que têm como arcar com os custos, fazemos a cirurgia fora do Brasil. Mas o valor fica bem mais alto”, diz.

Fonte: Redação Terra Você
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade