Colesterol: veja como combater o colesterol alto e seus riscos à saúde
Em níveis elevados, o colesterol "ruim" aumenta significativamente o risco de doenças cardiovasculares, como o AVC. Veja quais alimentos evitar
O Dia Nacional de Combate ao Colesterol é celebrado neste 8 de agosto. E, ao contrário do que muitos podem acreditar, ele é na verdade necessário para que o organismo exerça adequadamente algumas funções. O perigo, no entanto, está no excesso. Por isso, é preciso ingeri-lo de maneira equilibrada para manter as taxas regulares.
Além disso, vale destacar que há dois tipos de colesterol: o HDL, considerado "colesterol bom", e o LDL, denominado de "colesterol ruim". Quando esse último está alto, ele pode se acumular nas paredes das artérias, formando placas ateroscleróticas que podem restringir o fluxo sanguíneo e levar aos problemas cardiovasculares.
Segundo o Ministério da Saúde, quando em desequilíbrio no organismo, o colesterol torna-se fator de risco vascular, e aumenta a incidência de AVC, de morte súbita e doença coronariana. Nesse sentido, vale destacar que as doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte no Brasil.
Conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 40% da população brasileira têm colesterol elevado, o que representa 4 em cada 10 pessoas. Estudos científicos mostram ainda que a obesidade pode levar ao aumento dos níveis de colesterol total e LDL no sangue, enquanto reduz os níveis de HDL.
Colesterol e o risco de AVC
O colesterol alto está diretamente relacionado ao risco de AVC, alerta o neurocirurgião Dr. Victor Hugo Espíndola. Isso porque, ao acumular placas de gordura nas artérias, leva a um fluxo sanguíneo restrito e aumenta a probabilidade de um coágulo se formar, bloqueando o fluxo de sangue para o cérebro e causando um acidente vascular cerebral.
"O colesterol alto pode afetar os vasos sanguíneos de várias maneiras. O acúmulo de placas pode levar à aterosclerose, uma condição em que as artérias endurecem e estreitam. Isso torna os vasos sanguíneos mais propensos a danos e coágulos, aumentando o risco de AVC", afirma o médico.
Além disso, fatores de risco associados ao colesterol alto, como hipertensão, diabetes e tabagismo, podem aumentar ainda mais a probabilidade de um AVC ocorrer. "Essas condições podem danificar os vasos sanguíneos, tornando-os mais suscetíveis a bloqueios e rupturas", alerta o especialista.
Segundo Victor Hugo, o colesterol LDL está mais intimamente ligado ao AVC, pois seu acúmulo nas artérias é o principal responsável pela formação de placas. Por outro lado, o colesterol HDL, conhecido como "colesterol bom", ajuda a remover o excesso de colesterol das artérias, reduzindo potencialmente o risco de um derrame.
Conforme o profissional, algumas medidas de estilo de vida podem ajudar a reduzir o risco de colesterol alto e, por consequência, diminuir as chances de AVC. Entre elas, Victor Hugo destaca:
- Adoção de uma dieta saudável, rica em fibras e pobre em gorduras saturadas e trans;
- Exercícios regulares;
- Manutenção de um peso saudável;
- Evitar fumar.
No entanto, vale destacar que, além do colesterol alto, existem outros fatores de risco para o AVC. É o caso, por exemplo, do histórico familiar, idade avançada, gênero masculino, arritmias cardíacas, uso de anticoncepcionais hormonais e história prévia de AVC ou ataque cardíaco.
Alimentação é preponderante no controle do colesterol
"Uma alimentação equilibrada tem papel fundamental no controle do colesterol. A dieta rica em frutas, verduras, legumes, cereais integrais, castanhas e carnes magras, como peixes e frango ajudam a manter os níveis adequados", diz a médica nutróloga Dra. Andrea Pereira, cofundadora da ONG Obesidade Brasil.
Da mesma forma, alguns alimentos precisam ser evitados para que ele não aumente, destaca a especialista. Andrea cita principalmente os embutidos, ultraprocessados, sucos em pó, refrigerantes, bebidas alcoólicas, biscoitos doces e salgados.
Por fim, a coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, Camila Junqueira, dá algumas dicas de alimentos que devem ser evitados para afastar o risco de colesterol alto. Confira:
Alimentos para evitar
Alimentos ricos em gorduras saturadas: eles aumentam o LDL. Por isso, evite ou limite o consumo de carnes gordurosas, pele de frango, laticínios integrais, manteiga, banha de porco, óleo de coco e alimentos fritos em imersão;
Alimentos ricos em gorduras trans: elas não só aumentam o LDL, mas também diminuem o HDL. Evite produtos que contenham "gordura vegetal hidrogenada" ou "gordura parcialmente hidrogenada" no rótulo;
Carnes processadas: bacon, salsichas, linguiças e outros produtos de carne processada, conhecidos como "embutidos", são ricos em gorduras saturadas e sódio, por isso também causam o acúmulo de gordura nas artérias favorecendo as doenças cardíacas;
Panificação e doces: bolos, biscoitos, bolachas e outros produtos assados muitas vezes contêm gorduras trans e/ou saturadas, além de açúcares, o que pode afetar negativamente os níveis de colesterol, triglicérides e a saúde do coração;
Alimentos ricos em açúcares adicionados: excesso de açúcares pode levar ao ganho de peso e desequilíbrios metabólicos, que por sua vez podem afetar os níveis de colesterol;
Fast food e comida processada: eles são ricos em gorduras trans, gorduras saturadas e sódio. Além disso, muitos alimentos processados contêm ingredientes que podem afetar negativamente os níveis de colesterol;
Bebidas açucaradas: refrigerantes e outras bebidas açucaradas podem contribuir para o ganho de peso e aumentar o risco de problemas cardiovasculares;
Óleos vegetais refinados: óleos vegetais refinados, como o óleo de milho, óleo de soja e óleo de canola, podem ser ricos em gorduras ômega-6, que em excesso podem promover inflamação;
Álcool em excesso: o consumo excessivo de álcool pode levar ao aumento dos níveis de triglicerídeos e contribuir para o ganho de peso, o que pode afetar o perfil lipídico.
Colesterol alto na infância e adolescência
Para a Dra. Nathalie Scherer, médica pediatra e neonatologista, atualmente vivemos em uma epidemia de sedentarismo e obesidade entre as crianças e adolescentes. A dislipidemia (aumento do colesterol e triglicerídeos no sangue) era antes uma doença e uma preocupação maior no adulto e no idoso, o que mudou nos últimos anos. Esse cenário gera uma preocupação crescente para a saúde pública.
"O porquê disso pode ser explicado por vários motivos: aumento do consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados, ingestão abusiva dos "fast-food" e comida rica em frituras, diminuição do consumo de alimentos "in natura" como vegetais e legumes, o sedentarismo e esse estilo de vida caracterizado por pouca ou nenhuma atividade física durante o dia e, consequentemente,o uso abusivo de telas", enumera a médica.
Segundo ela, outro fato que ajudou a agravar esse quadro foi a pandemia de Covid-19, já que tivemos que manter o distanciamento social, afastamento das crianças das atividades escolares e atividades esportivas.
Além disso, o tédio e a ansiedade por estarem em casa muita das vezes aumentaram o consumo de alimentos ultraprocessados com baixo valor nutricional, extremamente industrializados. "Mas, por serem mais palatáveis e darem uma sensação de bem estar por pouco tempo, foram muito consumidos. Com isso, esse hábito se manteve mesmo com o fim da pandemia", aponta a especialista.
"Como consequência de todos esses fatores citados, nossas crianças e adolescentes, estão correndo risco maior de terem problemas cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão arterial, entre outras doenças graves", alerta a pediatra.
Como prevenir a dislipidemia entre crianças e adolescentes
Nathalie aponta que apenas mudança no estilo de vida é capaz de prevenir o colesterol alto - isso em qualquer geração. Para as crianças e adolescentes, especialmente, a profissional destaca que é necessário comer melhor, consumindo alimentos mais nutritivos, menos processados e reduzindo o consumo de frituras e fast foods. Além disso, ela indica fazer exercícios diariamente.
"Lembrando que os cuidadores dessas crianças são os exemplos que elas tem em casa. Então nada adianta você proibir a criança de comer ou mandá-la fazer exercício se você não faz. Precisamos ser exemplos e viver mais e melhor", destaca.
Para saber se seu filho tem dislipidemia, é importante consultar um médico, que irá avaliá-lo globalmente. "Será necessário exame laboratorial para saber se o colesterol está elevado ou não. Lembrando também que as crianças que estão no peso ideal ou abaixo do peso também podem ter a doença", informa a especialista.