Com 100% de ocupação em UTI, Sorocaba transfere pacientes para capital
A falta de leitos e o aumento no número de casos levaram a prefeitura da cidade a fechar o comércio não essencial, regredindo da fase laranja para a vermelha
SOROCABA - Com 100% dos leitos de UTI para covid-19 ocupados, a prefeitura de Sorocaba já transferiu ao menos cinco pacientes para hospitais da capital. Conforme a secretaria municipal da Saúde, isso acontece quando os leitos de UTI estão lotados e o doente aguarda vaga pelo sistema Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) do Estado. Os pacientes são encaminhados quando surgem vagas em outros hospitais, inclusive da capital, como foi o caso. "Cerca de cinco pacientes precisaram ser transferidos nos últimos dias", informou a pasta.
Nesta terça-feira, 23, a rede hospitalar pública da cidade operava com 92% de ocupação, ou seja, tinha cinco leitos vagos. Durante o fim de semana e na segunda-feira, 22, quando aconteceram as transferências, o índice de leitos ocupados era de 100%. Conforme a prefeitura, até sexta-feira, 26, entram em operação dez novos leitos na Santa Casa. Há previsão de outros dez leitos também no Conjunto Hospitalar de Sorocaba. A cidade tem 3.406 casos positivos e 96 mortes pela doença.
A falta de leitos e o aumento no número de casos levaram a prefeitura a fechar o comércio não essencial, nesta segunda, regredindo da fase laranja para a vermelha. A mesma decisão foi tomada pela prefeitura de Campinas que, na segunda-feira, registrou recorde de ocupação em leitos de UTI para coronavírus. O sistema municipal estava com 100% dos leitos ocupados, enquanto nas redes estadual e privada, a ocupação era de 89%. Nesta terça, a prefeitura conseguiu liminar para ampliar o atendimento a pacientes com covid-19 no Hospital Metropolitano. Campinas tem 5.751 casos e 213 mortes pelo vírus.
Outras cidades do interior seguiram os exemplos de Campinas e Sorocaba. A prefeitura de Bauru publicou decreto restringindo o funcionamento do comércio a partir desta quarta-feira, 24, levando em conta o aumento de casos nos últimos dias. A cidade está na fase laranja, mas o endurecimento atinge parte do comércio autorizado a abrir nessa fase. Bares e restaurantes, por exemplo, só podem funcionar em sistema de delivery ou drive-thru. Todo o comércio deve fechar em fins de semana e feriados. O decreto prevê multa de R$ 337 a R$ 3.201 em caso de descumprimento. Conforme a prefeitura, os casos confirmados há duas semanas representavam 15% das amostras testados. Agora, representam 70%, o que o município atribui ao maior número de pessoas circulando.
Em uma semana, foram registrados 400 casos novos e quatro mortes pela doença. A cidade soma 23 casos e 929 casos. "Se os casos não forem freados agora, a cidade entrará novamente na fase vermelha", alertou o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB). Outras 40 cidades da região que estão na mesma fase acompanharam o endurecimento das medidas.
Em outra região, a prefeitura de Mogi Guaçu suspendeu por uma semana a flexibilização da quarentena. Decreto publicado nesta terça prevê que apenas os serviços funcionais vão funcionar, o que equivale a retornar da fase laranja para a vermelha. "O comércio não é culpado pelo afrouxamento do isolamento, mas só será possível garantir índices satisfatórios de isolamento social diminuindo os atrativos existentes", informou a secretária de Saúde, Clara de Almeida Carvalho. A cidade tem 425 casos e 16 óbitos pela doença. O município informou que usará força policial para coibir aglomerações.
Com o aumento no número de casos de coronavírus - em 15 dias houve 300 confirmações - o município de Valinhos voltou a fechar o comércio e serviços não essenciais nesta terça. A cidade tem 548 casos confirmados e 18 mortes. Conforme a pasta da Saúde, 203 casos são de pessoas de fora, incluindo moradores de chácaras utilizadas apenas nos fins de semana. O número de pessoas internadas nos dois hospitais de Valinhos chegou a 63, o mais alto desde o início da pandemia. Destes, 37 estão em UTI, que tem taxa de ocupação de 77%. Quatro novos leitos devem ser abertos esta semana.
Com 100% dos leitos de UTI para covid-19 ocupados, a cidade de Rio Claro sai voluntariamente da fase laranja para a vermelha a partir de quinta-feira (25). A medida vale até 4 de julho. Conforme o prefeito João Teixeira Junior (DEM), após a reabertura do comércio, as pessoas relaxaram as medidas de controle. "Parte da sociedade não observou a importância do isolamento. Mais parecia fim do ano do que pandemia", disse. A cidade tem 593 casos positivos e 25 mortes, duas delas registradas nesta segunda. Havia 79 pessoas internadas, sendo 26 em UTI. A vizinha Santa Gertrudes, que depende de Rio Claro para internar pacientes graves, também fecha o comércio a partir de quinta.