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Com psicóloga na equipe, seleção feminina valoriza saúde das atletas na Copa

Delegação brasileira criou "Núcleo de Saúde e Performance" antes da Copa do Mundo da Austrália

8 jul 2023 - 05h00
(atualizado às 15h15)
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Seleção Brasileira em jogo
Seleção Brasileira em jogo
Foto: Thais Magalhães/ CBF

A Seleção Brasileira Feminina já chegou à Austrália, onde vai disputar a próxima Copa do Mundo de Futebol, celebrando conquistas: viagem em voo fretado na última segunda-feira (3) e a recente criação de uma equipe de  saúde multidisciplinar, o chamado "Núcleo de Saúde e Performance".

Quanto ao voo, os benefícios são muitos. O time tem a possibilidade de "tratar a atleta na individualidade", fazer testes cognitivos e "trabalhos para evitar o desgaste" como não conseguiriam num voo comercial.

Já o núcleo promove ganhos maiores ainda, com médicos, fisioterapeutas e profissionais da nutrição, psicologia e ginecologia atuando na preparação das atletas.

"Esse núcleo de saúde e performance também pensa em fatores de como minimizar jet lag, melhorar parte física, parte nutricional. É um núcleo fantástico e inédito, não tem nem na masculina ainda", disse Ana Lorena Marche, gerente de seleções femininas da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), segundo a coluna Elas na Área, do Placar.

De acordo com o portal esportivo, a própria convocação para a Copa, na última semana, já foi um registro histórico. Isso porque duas mulheres estiveram à frente do processo - Ana e a treinadora do time, Pia Sundhage.

Atenção à saúde

Essa atenção com a saúde física e mental das atletas vem ganhando espaço nos últimos tempos. A ausência de psicólogo na delegação para a copa masculina repercutiu mal ano passado.

Ao falar sobre o assunto no programa "Bem, Amigos", do sportv, o então técnico Tite reconheceu a importância de um acompanhamento emocional e disse que já tinha "assessoramento de pessoas suficientemente abalizadas" para conduzi-los "nessa seara psicológica".

De acordo com reportagem do Estadão feita à época, o argumento para dispensar a presença de um psicólogo foi o tempo da competição: apenas um mês. A avaliação foi de que o tempo era curto para criar conexão e confiança entre os atletas e o profissional.

Foco na saúde mental

Mas essa não parece ser a visão na seleção feminina, afinal a Copa que acontecerá a partir do próximo dia 20 de julho na Austrália e Nova Zelândia, também tem duração de um mês. Pela primeira vez, o time conta com a experiência de Marina Gusson, psicóloga do esporte, na delegação enviada para o mundial.

Para a também psicóloga Larissa Fonseca, esse suporte significa melhor autocontrole, foco, posicionamento assertivo e até mais precisão de movimentos, afinal, a psicóloga vai atuar na integração da equipe, percebendo momentos críticos e falhas a corrigir. 

“É extremamente importante ter uma psicóloga em situações onde precisamos ter alta eficiência. Essa exigência é estressante, aumenta a ansiedade e pode gerar consequências como a instabilidade emocional. Além disso, a pressão interna e as situações inesperadas (como perder uma jogada, uma lesão ou um adversário inesperado), nos demanda autocontrole emocional”, afirma Larissa, especialista em ansiedade, em entrevista ao Terra.

Ela lembra que, no geral, as emoções precisam ser contidas e transformadas em pensamentos relacionados à motivação, conquista e sucesso para o grupo. Quando essa base emocional é trabalho, o retorno é o desenvolvimento da inteligência emocional.

Saúde integrada

Entre os profissionais de saúde na delegação também estão dois médicos, preparadora física, fisiologista, dois fisioterapeutas e dois massagistas, segundo informado pela assessoria de comunicação da seleção. O time ainda conta com ginecologista e nutricionista no Brasil, que atuam junto ao grupo de performance.

A fim de entender como atua um nutricionista esportivo, o Terra ouviu a especialista Renata Brasil, que destaca a importância desse trabalho tanto para o rendimento do atleta quanto para a recuperação muscular. "A gente precisa focar muito na recuperação, na reparação do sono, que é o que vai preparar as jogadoras para o dia seguinte - de treino ou de jogo", frisa a nutricionista da Clínica Soloh de Nutrição.

"Tem a questão da hidratação, de não perder os sais minerais que são fundamentais até mesmo pra evitar câimbras ou dores musculares, então manter as jogadoras sempre hidratadas com os micronutrientes que são fundamentais, como zinco e magnésio", completa.

Já a saúde íntima das atletas é cuidada pela ginecologista Tathiana Parmigiano, especialista em Medicina Esportiva,. Para a também ginecologista Monique Novacek, ter o acompanhamento de uma especialista no assunto antes do torneio foi um acerto porque a profissional pôde acompanhar e tratar eventuais alterações no ciclo menstrual das jogadoras.

"A gente tem alterações hormonais, principalmente do cortisol que pode alterar todos os nossos outros hormônios, como estrogênio e progesterona, que acabam afetando o fluxo menstrual. Então, em situações de muito estresse, tem pacientes que têm alteração de ciclo", exemplifica a médica, também obstetra e mastologista da Clínica Mantelli, ao Terra.

Outra possibilidade, também decorrente do estresse, são alterações na microbiota vaginal, o que leva ao corrimento. Tudo isso só reforça a importância de manter uma equipe de saúde multidisciplinar para atender as atletas e promover as melhores condições físicas e mentais para que elas disputem o título.

Fonte: Redação Terra Você
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