Conheça as doenças silenciosas que impedem você de engravidar
Apesar de comuns, algumas doenças passam despercebidas e podem ser motivo por trás da dificuldade de conceber um bebê
Infertilidade pode ser causada por doenças sérias, como diabetes que geralmente são silenciosas e exigem exames de sangue. É necessário buscar um especialista em Reprodução Humana para diagnosticar e tratar o problema.
Se você está tentando engravidar há mais de um ano sem sucesso, é hora de buscar um especialista em reprodução humana. Isso porque há uma grande variedade de razões pelas quais alguns casais não conseguem conceber um filho por conta própria e apenas com uma avaliação extensa o médico poderá diagnosticar o problema corretamente e personalizar seu plano de tratamento.
A infertilidade pode, inclusive, ser causada por doenças sérias que, muitas vezes, passam despercebidas, conforme Fernando Prado, ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Diabetes
Condições que envolvem níveis elevados de açúcar no sangue, conhecidas genericamente como Diabetes, podem, além de causar uma série de consequências à saúde do organismo, prejudicar a fertilidade e até levar a complicações gestacionais.
“Mas a doença é muitas vezes silenciosa. Os principais sintomas incluem cansaço sem explicação, fome e sede excessiva, perda de peso (no caso de diabetes tipo 1), ganho de peso (diabetes tipo 2), vontade constante de urinar e infecções constantes. Então o ideal é buscar fazer o check-up anual com o médico, com exames de sangue”, diz o médico.
Apesar de serem diferentes, tanto a diabetes tipo 1, caracterizada pela deficiência na produção de insulina, quanto à tipo 2, em que há resistência à atuação da insulina, podem interferir na fertilidade e dificultar a concepção de um bebê.
“O tipo 2 é o mais comum em incidência e está ligado a uma deficiência hormonal na mulher, além de ciclos menstruais irregulares, o que pode favorecer a infertilidade. Os hormônios, na verdade, ficam em desequilíbrio, de forma que quanto menor for a ação da insulina, maior será a produção de hormônios masculinos. No caso do tipo 1, órgãos endócrinos como os ovários podem ser prejudicados, o que pode impossibilitar a gravidez também. Mas em ambos os casos o controle da doença é determinante para aumentar as chances de gravidez”, destaca Fernando.
De acordo com o especialista, no homem, o descontrole nos níveis de insulina em pacientes diabéticos pode alterar os níveis de testosterona, reduzindo-os, o que dificulta a fabricação e maturação de espermatozoides.
“Além disso, pode ocorrer redução significativa do volume do sêmen, piora na motilidade dos espermatozoides, dificultando a fecundação, e formação de um embrião com má formação por conta de espermatozoides com DNA fragmentado, o que aumenta os riscos de aborto. Há casos de disfunções na ejaculação, em que parte dos espermatozoides no sêmen são lançados para a bexiga em vez de sair pela uretra, o que dificulta ainda mais a fecundação”, diz o médico.
Então o controle medicamentoso da doença aliado a novos hábitos de vida forma uma relação de fundamental importância para aumentar as chances de gravidez – e ter mais saúde no geral. “Quanto antes for tratado, menores as chances de desenvolver problemas metabólicos e maiores as chances de gravidez”, afirma.
Síndrome do ovário policístico
A síndrome do ovário policístico (SOP) é outro problema que, em muitos casos, passa despercebido e não é diagnosticado, o que, além de impactar na fertilidade, pode prejudicar a saúde, estando associada a doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, além de risco de câncer de endométrio.
“Sem causa específica estabelecida, a SOP ocorre quando, devido ao aumento na produção de hormônios masculinos na mulher, o processo de ovulação é interferido, o que pode levar a formação de cistos nos ovários e ao atraso ou interrupção da menstruação devido à falta de ovulação, consequentemente dificultando as chances de uma gravidez natural", explica o médico.
É fundamental então prestar atenção aos sintomas e realizar consultas regulares ao ginecologista. “Além do atraso ou interrupção da menstruação e a dificuldade de engravidar, a pessoa que sofre com SOP pode notar outros sintomas, como ganho de peso, crescimento de pelos no corpo, surgimento de acne, inflamação e resistência insulínica”, aponta Fernando Prado.
Uma vez diagnosticada a doença, o médico poderá recomendar estratégias para ajudar no controle dos sintomas de acordo com a gravidade do quadro e das características de cada mulher, incluindo sua vontade ou não de engravidar, como mudanças no estilo de vida e terapia medicamentosa com pílulas anticoncepcionais para regularizar a menstruação.
“Caso a mulher queira engravidar, podemos recomendar ainda o uso de indutores de ovulação. Além disso, vale destacar que o congelamento de óvulos é uma ótima opção para mulheres com SOP que desejam engravidar no futuro, pois, devido as características da doença, elas produzem um grande número de óvulos de boa qualidade e precisam passar por menos ciclos de estimulação ovariana e coleta para alcançar o número desejado de óvulos para congelamento e posterior fertilização”, destaca o médico.
Endometriose
Figurando entre as principais causas da infertilidade feminina, a endometriose não é especialmente silenciosa, mas, em grande parte dos casos, passa despercebida pelo fato de seu principal sintoma, a dor pélvica intensa característica, ser confundida com as cólicas menstruais, o que atrasa o diagnóstico.
“Essa é uma doença inflamatória que ocorre quando as células do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, em vez de serem eliminadas durante a menstruação, movimentam-se no sentido oposto, depositando-se no interior do abdômen. E, como essas células se espalham pelo aparelho reprodutivo, dificultando desde a fertilização do óvulo até a implantação do embrião, a fertilidade da mulher com endometriose é comprometida”, explica o médico.
Então é fundamental que as mulheres com dificuldade de engravidar fiquem altamente vigilantes sobre a possibilidade de endometriose, especialmente ao notarem a presença de dor pélvica grave.
“Felizmente, a endometriose tem tratamento, que geralmente inclui uso de pílula anticoncepcional, analgésicos, anti-inflamatórios e intervenção cirúrgica. Mas o tratamento nem sempre é definitivo, atuando apenas no alívio dos sintomas e controle dos focos da doença. Logo, os sintomas e a dificuldade para engravidar podem retornar. Por isso, o melhor é consultar um médico especialista em reprodução humana, que poderá indicar o melhor tratamento para cada caso, incluindo procedimentos de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro”, completa Fernando Prado.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.