Covid-19: Máscara pode voltar a ser obrigatória em SP se internações aumentarem, diz secretário
Em entrevista à Rádio Eldorado, Jean Gorinchteyn afirma que medida, que será discutida na segunda-feira, poderá ser adotada em locais fechados, como no transporte público
Em meio à alta dos casos de covid-19, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse nesta sexta-feira, 11, que o uso de máscara em locais fechados poderá voltar a ser obrigatório no Estado, se o próximo boletim epidemiológico demonstrar que as internações, especialmente nas UTIs, estão aumentando progressivamente. A medida será discutida na próxima segunda-feira, 14, em reunião com o comitê da Secretaria de Ciência e Desenvolvimento em Saúde.
Neste momento, afirmou o secretário em entrevista à Rádio Eldorado, já há a recomendação de que as pessoas voltem a utilizar máscaras em ambientes fechados, como no transporte público e em locais de aglomeração, em especial idosos e imunossuprimidos. "Nós estamos monitorando a situação e se ela se tornar mais grave, podemos voltar a decretar a obrigatoriedade das máscaras", diz Gorinchteyn.
Gorinchteyn disse que, de 25 de outubro até o último domingo, 6, houve um aumento de cerca de 64% na ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado - 290 para 450 casos, em números aproximados. Já nas enfermarias, a elevação foi de 50%, saltando de cerca de 550 para 830 pacientes internados.
"Quando olhamos para esses porcentuais, eles saltam aos olhos, mas, de toda forma, são números muito menores que os do início deste ano, quando tínhamos quase 4.700 pessoas internadas, e do pico da segunda onda, quando chegamos a ter 13.500. Isso mostra como a vacina tem caráter de proteção", afirmou o secretário.
Os quadros clínicos dos pacientes, disse ele, têm sido diferentes. Boa parte dos que vão para a UTI hoje não passa de 72 horas de internação. "São pessoas que já têm problemas de saúde e, ao pegar covid-19, são internadas em caráter protetivo", diz. "Mesmo assim, temos que estar alertas e vigilantes."
Buraco na vacinação
Um dos maiores pontos de atenção neste momento em relação ao enfrentamento da covid-19 é a falta de adesão às doses de reforço da vacina. No Estado de São Paulo, cerca de 10 milhões de pessoas não tomaram a segunda dose e 7 milhões não têm a terceira, segundo ele.
Apesar de a vacina não impedir que a pessoa pegue o coronavírus, ela protege contra os casos mais graves. Hoje, a maioria dos pacientes mais debilitados pela doença é do grupo que não tem o esquema vacinal completo. E não é por falta de vacina que as pessoas não estão comparecendo aos postos de saúde, garante o secretário.
"Nós temos à disposição nas nossas unidades de saúde do Estado as quantidades de doses necessárias para imunizar a população com todas as doses de reforço necessárias", diz. Por isso, a orientação principal neste momento é de que as pessoas compareçam aos postos de saúde e atualizem sua carteirinha de vacinação.
Atenção às crianças
O secretário recomendou que pais de crianças de 6 meses a 3 anos - que ainda estão desprotegidas pela vacina da covid-19 - evitem locais aglomerados com os filhos no momento. Além disso, eles devem ser afastados da creche ou escola caso apresentem sintomas de doença respiratória, como coriza e tosse, para evitar a disseminação de vírus nessa faixa etária.
As crianças são mais sensíveis às infecções respiratórias e, atualmente, os três principais vírus que geram internações nessa faixa etária em São Paulo são:
-o vírus da gripe;
-o vírus da covid-19;
-o vírus sincicial respiratório, que gera bronquiolite.
Há quase dois meses a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da vacina da Pfizer para a proteção de crianças nesta faixa etária contra o coronavírus. Porém, o Ministério da Saúde só começou a enviar recentemente os imunizantes aos municípios. São Paulo ainda aguarda a chegada das doses.
O secretário reforçou que é importante ter imunização para todos e lembrou que apesar de os casos da doença geralmente serem menos graves nos menores, já tivemos 3 mil crianças e adolescentes que morreram em decorrência da covid-19 no País.