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Crescem casos de doenças cardiovasculares em mulheres

Especialista aponta como os cuidados precoces ajudam a combater esse problema

27 jun 2023 - 18h31
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A saúde da mulher, muitas das vezes, foi tratada cientificamente de forma generalizada. Um exemplo disso é que sempre se acreditou que os riscos de doenças cardiovasculares eram os mesmos tanto para homens quanto para mulheres. No entanto, o estudo Posicionamento sobre Saúde Cardiovascular nas Mulheres, realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem chamado atenção para o tema de forma particular no quesito saúde feminina.

Doenças cardiovasculares são uma das principais causas de mortalidade entre mulheres
Doenças cardiovasculares são uma das principais causas de mortalidade entre mulheres
Foto: Roman Samborskyi | Shutterstock / Portal EdiCase

Isso porque, segundo a Dra. Carla Janice Baister Lantieri, assistente da Disciplina de Cardiologia do Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC, que também contribuiu para a construção do documento, hoje, a medicina sabe que o ciclo de vida das mulheres apresenta diferentes fases e cada uma, com suas características, está conectada ao aumento dos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

O tema também ganhou destaque com a publicação de um estudo realizado pelo DataSUS que revelou que, em 2019, as doenças do aparelho circulatório foram a principal causa de mortalidade feminina no Brasil, superior inclusive à soma de todos os tipos de câncer - são mais de 170 mil óbitos por ano no país. Considerando isso, a profissional explica quais atitudes podem prejudicar a saúde do sistema cardiovascular das mulheres e como o tratamento precoce ajuda a combater o problema. Veja!

Fases da vida alteram a saúde das mulheres

Segundo a médica, cada fase da vida exige um cuidado especial. "Em cada momento da vida da mulher, há prioridades de saúde. Por exemplo, a gravidez é um momento de alteração importante dos níveis hormonais com propensão ao aparecimento da hipertensão arterial gestacional, a qual tem chance de evoluir para a hipertensão sistêmica pós-gestação. No pós-parto, há alterações glicêmicas e dificuldade para reduzir o peso. Na menopausa, temos a perda do fator protetor do estrogênio, quando o sistema fica mais vulnerável a sofrer um infarto do miocárdio", relata a Dra. Carla Janice Baister Lantieri.

A especialista também explica que o estereótipo de que as mulheres se cuidam mais pode, também, prejudicar os cuidados com a saúde. "Isso acontece devido aos exames ginecológicos, mas não quando falamos das doenças do coração. Estamos usando a expressão janela de oportunidade para os profissionais investigarem a fundo a saúde e o estilo de vida como um todo, encaminhando os casos sempre que necessário para o especialista responsável - nesse caso, o cardiologista - para que se crie uma rotina de cuidados preventivos", analisa a especialista.

Tabaco e bebida alcoólica causam alterações no organismo

A exposição ao tabaco e aos cigarros eletrônicos tem sido observada em um número considerável entre crianças e adolescentes, o que se torna um problema de saúde pública e deve ser enfrentado de forma intersetorial, para a implementação de medidas preventivas e terapêuticas.

"Além disso, também foi constatado que aquelas que iniciam o consumo drogas ilícitas e bebidas alcoólicas na adolescência são mais suscetíveis à gravidez não planejada, que é responsável por alterações físicas e na saúde emocional. Por isso, quando falamos de saúde cardiovascular da mulher, o cardiologista não é o único responsável pela atenção: é preciso uma equipe multidisciplinar que entenda e oriente para as diferentes particularidades do ciclo", diz a médica.

Consultar o médico regularmente previne as doenças cardiovasculares
Consultar o médico regularmente previne as doenças cardiovasculares
Foto: Rocketclips, Inc. | Shutterstock / Portal EdiCase

Atenção aos sintomas

Todos os sintomas devem ser levados em consideração. Até porque, no caso de infarto, a mulher pode não apresentar os sinais comuns, negligenciados por médicos e pacientes. "Desconforto epigástrico, fadiga e palpitações acabam sendo vistos como sintomas de ansiedade e atrasam o início do tratamento correto", destaca a Dra. Carla Janice Baister Lantieri.

Importância do cuidado precoce

A profissional explica que cuidado e atenção devem vir desde a primeira infância, objetivando construir um comportamento alimentar saudável, com estímulo ao consumo de alimentos in natura e preparo da própria refeição. Além disso, é preciso, claro, motivar a mulher à prática de atividades físicas e a promoção de sua saúde mental.

"Esse assunto não pode ser generalizado, porque o documento elaborado pela SBC também mostra que existe a situação socioeconômica - mulheres de baixa renda passam por todos esses desafios porque estão mais propensas a ter obesidade e colesterol alto, por exemplo, devido à falta de iniciativas que propaguem o conhecimento a respeito da sua saúde. Um dado preocupante é também a violência contra a mulher: muitas vezes, essas [mulheres] se encontram expostas ao estresse crônico, que corrobora o adoecimento precoce", conclui a Dra. Carla Janice Baister Lantieri.

Por Beatriz Pedrini

Portal EdiCase
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