Cura do Alzheimer? Entenda descoberta de cientistas do Reino Unido
Pesquisadores do Reino Unido bloquearam ação de gene associado ao Alzheimer, impedindo progressão da doença
O Alzheimer é uma enfermidade neurodegenerativa que atinge 50 milhões de pessoas em todo o mundo, indicam dados da Alzheimer's Disease International (ADI). Atualmente, apesar dos tratamentos que proporcionam uma melhor qualidade de vida ao paciente, a doença ainda não tem cura.
No entanto, um novo estudo realizado por cientistas do Reino Unido descobriu um novo gene que pode estar relacionado às principais causas da doença. A descoberta foi publicada na revista científica Science. De acordo com especialistas, esta é uma abordagem promissora para tratar a perda de neurônios decorrente da doença.
O estudo
Um dos principais fatores desencadeantes do Alzheimer é a redução da quantidade de neurônios no paciente, o que ainda não há compreensão profunda pela ciência. Contudo, sabe-se que um processo conhecido como necroptose está diretamente relacionado ao fenômeno.
A necroptose é um tipo bastante particular de morte celular. Ela faz com que, após a morte de um neurônio, os neurônios vizinhos também se afetem. Isso gera um efeito em cascata que acelera a progressão do Alzheimer, conhecido como suicídio celular.
No estudo, entretanto, foi descoberto que, nos espaços gerados entre os neurônios se acumulam amilóides anormais, relacionados ao Alzheimer. Esse acúmulo gera uma neuro-inflamação, o que desencadeia alterações na química cerebral interna.
Em seguida, emaranhados da proteína TAU, também ligado ao Alzheimer, surgem e as células cerebrais passam a produzir um gene de RNA, chamado MEG3, que, por sua vez, desencadeia a necroptose. Após a descoberta, os cientistas bloquearam a MEG3, o que fez com que as células cerebrais sobrevivessem.
Ao utilizarem um novo modelo, os pesquisadores notaram que apenas os neurônios humanos exibiam traços associados ao Alzheimer. Isso, por sua vez, indica a possível influência de fatores específicos do ser humano na manifestação da doença.
Essa pode ser a cura do Alzheimer?
De acordo com o Pós PhD em Neurociências, especialista em genômica, membro da Royal Society of Biology no Reino Unido, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, a descoberta abre novos horizontes para o tratamento de Alzheimer, mas ainda são necessários mais estudos.
"O novo estudo traz uma perspectiva mais ampla e completamente nova sobre o Alzheimer envolvendo fatores já conhecidos como as amilóides e proteínas TAU anormais para apontar a relação entre o gene MEG3 e o processo de necroptose, que causa a morte neuronal, o fator-chave para o desenvolvimento do Alzheimer", afirma.
Segundo ele, entender melhor como ocorre a morte neuronal nas doenças neurodegenerativas e os agentes envolvidos nesse fator é fundamental para potencializar os tratamentos para a doença.
"A descoberta da relação entre a MEG3 e o processo de necroptose abre a possibilidade de tratamentos envolvendo o bloqueio do gene para reduzir ou, possivelmente, mitigar o processo, no entanto, para isso ainda serão necessárias novas e mais aprofundadas pesquisas, principalmente para testar o resultado do bloqueio do gene em humanos", ressalta o Dr. Fabiano.
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