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Dengue explode no Brasil com 365 mil casos e ao menos 40 mortes no início de 2024

7 fev 2024 - 11h44
(atualizado às 12h46)
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Larvas do mosquito Aedes aegypti encontradas em piscina suja
Larvas do mosquito Aedes aegypti encontradas em piscina suja
Foto: iStock

O contágio da população pela dengue explodiu no Brasil nas cinco primeiras semanas do ano, causando ao menos 40 mortes e atingindo 364,8 mil casos prováveis, quase quadruplicando o número de pessoas afetadas em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados do Ministério da Saúde.

A exponencial elevação dos casos de dengue ocorre na semana em que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhamon, visita o país. Ele já se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e se colocou à disposição para uma parceria na produção de uma vacina brasileira contra a dengue.

Desde o início do ano, já foram registrados 364.855 casos prováveis da doença, ante 93.298 da mesma época do ano passado -- um aumento de 291%. Até o momento, foram 40 óbitos confirmados, além de outros 265 em investigação.

Segundo Estado mais populoso do país, Minas Gerais decretou situação de emergência com o objetivo de facilitar o enfrentamento da dengue, assim como Goiás, Acre e o Distrito Federal. A cidade do Rio de Janeiro também tomou a mesma providência às vésperas de receber milhares de turistas para o Carnaval.

MAIS AÇÕES E RECURSOS

Em pronunciamento nacional no rádio e na TV na noite de terça, a ministra da Saúde disse que a situação de emergência da dengue exige "ações adicionais" dos entes federativos e da população. Ela anunciou a ampliação para 1,5 bilhão de reais de repasses de recursos a Estados e municípios -- a pasta já havia entregue 256 milhões de reais.

Nísia destacou ainda a instalação do centro emergencial para coordenar operações de combate à dengue com os demais entes regionais. Estados também têm adotado medidas de reforço, como São Paulo, que criou um centro específico.

Em nota à Reuters, o Ministério da Saúde disse que desde 2023 está em constante monitoramento e alerta quanto ao quadro da epidemia no país. Afirmou ainda que adquiriu todo o estoque de 5,2 milhões de doses de vacina do laboratório Takeda, que será entregue entre fevereiro e novembro deste ano. Outras 1,32 milhão de doses serão fornecidas sem custo ao governo federal.

"É importante reforçar que outras aquisições podem ser feitas se houver nova disponibilidade de doses ao Ministério da Saúde", ressaltou a pasta, em comunicado.

Por ora, o público-alvo da vacinação -- que começará em breve -- será composto por crianças e adolescentes entre 10 a 14 anos e as doses devem ser remetidas a locais com alta taxa de transmissão nos últimos dez anos e com maior número de casos em 2023 e 2024. A pasta também disse apoiar o desenvolvimento de imunizantes pelas indústrias nacional e internacional e busca ampliar a cobertura para todo o Brasil.

A ministra disse que a pasta vai coordenar um "esforço nacional para ampliar a produção e o acesso a vacinas para dengue", embora não tenha precisado um cronograma para isso ocorrer.

"Convoco todos e todas para uma mobilização nacional, dos governos e de toda a sociedade, para que juntos enfrentemos os atuais surtos e, em breve, possamos fazer com que a dengue seja uma doença do passado", afirmou.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou também na terça-feira que vai adotar um rito acelerado para a aprovação da vacina contra a dengue que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan. Esse procedimento também foi adotado para as vacinas desenvolvidas contra a Covid-19.

Nas clínicas privadas no país, a corrida pela vacina do laboratório Takeda aumentou bastante nos últimos dias e já se registra falta dela em muitos lugares. O imunizante, que custa cerca de 400 reais por dose, tem de ser ministrado duas vezes num prazo de três meses para garantir a sua eficácia.

A vacina pode ser administrada na rede privada a pessoas de 4 a 60 anos. Contudo, na segunda-feira o laboratório informou que vai priorizar a imunização da rede pública e será limitada a venda em clínicas privadas.

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CAPITAL DA DENGUE

Mesmo sendo a unidade da federação com maior renda per capita familiar e que recebe recursos locais e federais para a área de saúde, o Distrito Federal vive a situação mais delicada do país em relação à dengue.

Na capital federal, o número de casos prováveis de dengue em cinco semanas, 45.782, já superou o de todo o ano passado, 38.584. Essa quantidade de casos possíveis é também 1.200% a mais que no mesmo período de 2023, que foi de apenas 3.521.

O DF também registra a maior taxa de incidência do país, com 1.625 casos prováveis por 100 mil habitantes -- a média nacional, a título de comparação, é de 170.

Na segunda-feira, foi inaugurado um hospital de campanha da Força Aérea Brasileira em Ceilândia, a região administrativa mais populosa do DF e distante cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília. A promessa é que a estrutura militar realize 600 atendimentos por dia durante 24 horas.

Militares e voluntários também estão sendo convocados para intensificar ações de combate ao mosquito. Em uma medida excepcional, a Justiça de Brasília autorizou inclusive agentes de saúde a entrar nas casas desocupadas para debelar focos da dengue.

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