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Depois de surto no litoral, hospitais de São Paulo têm alta nos casos de virose

Secretaria Municipal de Saúde afirma que não há registro de disseminação da doença na cidade

9 jan 2025 - 18h58
(atualizado às 19h43)
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Depois da ocorrência de um surto de virose no litoral paulista, hospitais da cidade de São Paulo relatam um aumento nos casos da doença.

Nas unidades da Rede Total Care, que engloba hospitais como Samaritano Paulista e Higienópolis, foi registrado um aumento de 221% nos atendimentos por viroses na primeira semana de janeiro em comparação com a primeira semana de dezembro. De acordo com a organização, é o maior número de casos dos últimos quatro anos.

"Em uma projeção otimista para janeiro (considerando o mês inteiro), prevemos um aumento de 114% em relação a dezembro", diz Danilo Duarte, infectologista da Rede, que faz parte do Grupo Amil.

O Hospital Israelita Albert Einstein também observou um aumento no último mês. Entre os dias 1º e 7 de dezembro de 2024, a média foi de 48 atendimentos por diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível (geralmente associado às viroses). Já na primeira semana de janeiro de 2025, a média foi de 71 atendimentos, um aumento de 48%.

No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, houve um crescimento de 45,58% nos atendimentos por gastroenterite na comparação entre os períodos de novembro de 2023 a janeiro de 2024 e novembro de 2024 a janeiro de 2025.

O quadro é semelhante no Hospital Santa Catarina, onde houve alta de 31% nos atendimentos nos primeiros dias do ano.

Na rede pública, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), "não há impacto pelas Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)", classificação para quadros que podem ser provocados por vírus e causam sintomas gastrointestinais.

A pasta diz que faz o monitoramento das notificações de surtos de DTHA - registrados quando duas ou mais pessoas apresentam sintomas diarreicos com causa em comum - e não há notificações em 2025. No ano passado, foram contabilizados 101 surtos, com 842 casos. Em 2023, foram 100 surtos, com 1.486 casos, e em 2022, 118 surtos, com 1.692 casos.

Casos podem ser importados

Os principais agentes causadores de doenças diarreicas são os vírus. Eles são transmitidos pelo consumo de líquidos e alimentos contaminados e pelo contato com materiais ou pessoas infectadas.

Segundo o coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime, o crescimento dos números em São Paulo pode ser um reflexo dos acontecimentos na Baixada Santista. "Os casos podem ser de pessoas que se contaminaram no litoral, mas foram ser atendidas na capital", estima.

Há também a possibilidade de que os turistas tenham contribuído para a disseminação do quadro ao voltarem para casa. "Se alguém contaminado viaja, leva consigo uma carga infecciosa enorme que pode começar a se espalhar no seu destino rapidamente, ainda que sem contato imediato com a água", diz Oscar Bruna-Romero, professor e pesquisador especialista em imunologia e microbiologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

As viroses são transmitidas especialmente pela via fecal-oral, quando fragmentos microscópicos de fezes contaminadas de uma pessoa infectada entram no corpo de outra. A principal rota para isso é a ingestão de bebidas ou alimentos com esses fragmentos. Mas, uma vez infectado, um paciente pode transmitir o vírus para familiares e pessoas próximas pelo compartilhamento de objetos manipulados com as mãos sujas, por exemplo.

Por isso, segundo o infectologista Thiago Morbi, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pode haver um aumento de casos nas cidades onde residem os turistas que foram ao litoral. "Pode acontecer uma transmissão para familiares e moradores próximos, mas a capacidade de disseminação não é tão longa, não atinge tantas pessoas e geralmente não se sustenta para perpetuar o surto", diz.

Norovírus

Nesta quarta-feira, 8, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou a presença de norovírus em amostras de fezes humanas de pacientes atendidos na Baixada Santista, onde houve o aumento no número de casos.

Neste momento, não há informações se o mesmo patógeno estaria por trás dos casos na capital paulista, embora os especialistas ressaltem sua alta transmissibilidade.

"A tendência dele é se disseminar, caso não haja um controle maior das autoridades", diz Gubio Soares, coordenador do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em norovírus e rotavírus.

"Uma só pessoa pode contaminar todos de uma casa. Norovírus não é brincadeira, se espalha com toda a força possível", afirma.

Como se prevenir?

A prevenção passa por cuidados básicos de higiene e pela atenção redobrada na manipulação e no consumo de alimentos e bebidas. Confira abaixo algumas medidas recomendadas por especialistas e autoridades de saúde.

  • Prefira sempre água filtrada, fervida ou envasada em garrafas lacradas.
  • Evite consumir alimentos de origem duvidosa ou preparados em condições precárias de higiene, especialmente frutos do mar.
  • Cozinhe bem os alimentos antes de consumi-los.
  • Lave bem as mãos após o uso do banheiro, antes do preparo de alimentos e antes de se alimentar.
  • Carregue consigo um frasco de álcool em gel, para higienização em lugares sem acesso à água ou sabão.

Quando se preocupar?

Em caso de sintomas, a principal preocupação é com a desidratação, que se não for corrigida rápida e adequadamente pode causar complicações.

Por isso, em caso de infecção, é importante repousar, ingerir muito líquido (inclusive soro caseiro) e fazer refeições leves, com alimentos frescos e bem conservados.

Crianças, idosos e pessoas com comorbidades são mais vulneráveis às complicações porque têm sistemas imunológicos mais frágeis e, no caso dos mais velhos, perdem líquido com mais facilidade.

Os sinais de alerta são: urina muito concentrada e em pequena quantidade, não conseguir se hidratar adequadamente devido ao enjoo, cansaço ou fraqueza intensos, febre alta e prolongada, diarreia intensa e com muita frequência. Nessas situações, a recomendação é procurar um serviço de saúde.

Estadão
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