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Desejo de Whindersson: veja como um homem pode se tornar pai solo no Brasil

Especialista em reprodução humana explica sobre o processo de barriga solidária e mostra como é possível no Brasil

5 fev 2024 - 17h01
(atualizado às 17h04)
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Recentemente, o humorista Whindersson Nunes compartilhou em sua conta no X, antigo Twitter, o desejo de ser pai solo: "Barriga solidária para pai solo é permitido no Brasil? Eu queria que meu(minha) filho(a) fosse brasileiro(a)", escreveu. E a resposta para essa pergunta do comediante é sim. Homem solteiros podem ser pais por produção independente. Isto é, sem a necessidade de estar em um relacionamento estável com uma parceira.

Homens podem ser pais por produção independente
Homens podem ser pais por produção independente
Foto: evrymmnt | Shutterstock / Portal EdiCase

"A produção independente é mais conhecida quando feita por mulheres, quando elas usam um banco de sêmen para fazer tratamentos de reprodução assistida. Porém, de poucos anos para cá, passou a ser mais frequente a chamada produção independente masculina, mas que requer alguns cenários para ser possível", explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

Como é feita a produção independente?

Conforme o Dr. Fernando Prado o processo de produção independente é simples. Segundo ele, os homens usam um tratamento chamado de barriga solidária ou cessão temporária de útero, como é conhecido tecnicamente.

"A pessoa que vai ser a barriga solidária precisa ser parente de até quarto grau do homem que está fazendo a produção independente. Mas, mesmo em casos em que este homem não tenha nenhuma mulher parente que possa ajudá-lo com o tratamento, é possível que outras mulheres sem grau de parentesco também possam ser a sua barriga solidária", explica.

O Dr. Fernando Prado explica que, quando não há grau de parentesco, é necessária uma autorização do Conselho Regional de Medicina, que deve ser solicitada pelo médico que está fazendo tratamento. "Também, para que a produção independente masculina deste homem aconteça, ele vai precisar de óvulos de uma doadora anônima. Vale ressaltar que os óvulos têm que ser de uma pessoa anônima, mas o útero deve ser de alguém conhecido", diz.

A fertilização in vitro faz parte do processo de homens que querem se tornar pai solo
A fertilização in vitro faz parte do processo de homens que querem se tornar pai solo
Foto: Prostock-studio | Shutterstock / Portal EdiCase

Fertilização in vitro (FIV)

Para a produção independente, é necessário o sêmen do homem, os óvulos de uma doadora anônima e o útero de uma pessoa que vai ser a barriga solidária. "Com esses três elementos em conjunto, conseguimos fazer a fertilização in vitro (FIV) do sêmen com os óvulos doados e, posteriormente, é feita transferência dos embriões para o útero da barriga solidária", diz o médico.

"A FIV consiste na coleta de óvulos e espermatozoides para serem fecundados em laboratório, formando o embrião que, após certo tempo de desenvolvimento, é transferido para o útero, nesse caso, solidário", acrescenta.

Tratamento pouco conhecido no Brasil

Ainda há grande desconhecimento sobre as possibilidades deste tratamento no Brasil, o que leva muitos homens a procurarem assistência fora do país, o que, além de tornar o processo muito mais caro, gera inseguranças jurídicas.

O médico enfatiza: "no Brasil, o tratamento por barriga solidária é permitido e regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, além do Conselho Nacional de Justiça, que define a emissão da certidão de nascimento em nome do pai, sem a necessidade de qualquer ação judicial".

O Dr. Fernando Prado destaca que este é um tratamento bastante particular, em que muitas questões éticas, legais e psicológicas estão envolvidas e que, portanto, tem uma especificidade que deve ser acompanhada com todo cuidado e atenção pela clínica responsável pelo tratamento.

"O médico assistente deve estar treinado e habituado a lidar com esse cenário e, dessa forma, permitir que novas famílias possam ser construídas, com todo afeto e amor que se espera desse laço tão importante", finaliza o Dr. Fernando Prado.

Por Maria Claudia Amoroso

Portal EdiCase
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